asas brancas

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As írises azuis, com um leve dourado cintilante ao redor das pupilas, e um verde como a grama na primavera separando as outras cores do resto branco do orbe, se moviam rápidas, tentando acompanhar o movimento quase invisível do animal branco, subia ao ar, cortava nuvens com suavidade, uma brusca suavidade.

A curva fechada se formava no céu branco, nublado, e então descia, como uma bala, tendo o gatilho puxado por alguém no céu, as asas fechadas e as penas dançando ao som do vento sendo quebrado. Mergulhava no mar de partículas de água de um dia quase chuvoso, os olhos seguiam cada pequena pigmentação nas plumas longas. Ao chegar quase do chão, abria novamente as asas, deixando o vento bater forte debaixo das asas, formando a perfeita curva.

Pousando encima da cerca de uma madeira negra, contrastada com o resto do ambiente. Uma coruja grande, de mais ou menos 70 cm de altura, e 150 cm da ponta de uma asa a outra. Totalmente branca, com uns leves pigmentos cinzas formando o coração de seu rosto, o bico largo, quase de um dourado.

Se via perfeitamente cada pequena pena que seja dela, o corpo arrepiava com o vento gelado batendo em seu rosto vermelho. Não estava frio, mas ela sentia o arrepio, como se a presença daquele ser já a tornasse totalmente frágil pelo mínimo toque, como se estivesse à presença de um anjo, algo celestial, alguém celestial.

Saiu de seus pensamentos vendo as asas brancas batendo com força levantando voo. Subindo aos céus novamente, sumindo no horizonte úmido e chuvoso.

Nesse dia, ela acordou leve. 

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