Capítulo Único (não revisado).

292 45 31
                                    

1979

Remus Lupin não se sentia bem naquele dia. 

A noite passada havia sido difícil. Lua Cheia. O garoto de cabelos claros acabou ganhando algumas novas cicatrizes pelo corpo, tentara fazer curativos mas se encostasse apenas um algodão no ferimento, já era motivo para desistir, o que fazia daquilo uma perda de tempo para ele.

Black então, naquela manhã fria, entrou no quarto de Lupin. Seu cabelo preto e longo estava bagunçado, seu olhar cansado, mas com um esboço de sorriso nos lábios. 

— Bom dia, Moony. — Ele definitivamente sorria, Remus retribuiu o sorriso com uma certa dificuldade. 

— Como vai? — Lupin estava com a blusa levantada, segurando um curativo e com um pedaço de esparadrapo na boca. 

— Eu é que pergunto. Deveria ter me chamado para cuidar disso aí. — Black apontou para o ferimento no abdômen de Remus.

— Eu não queria atrapalhar. — Sirius abria uma gaveta da mesinha de cabeceira de Lupin, tirava alguns curativos que já deixava prontos, algodões e poções para a cura. Às vezes olhava para o garoto que prestava atenção em cada coisa que Black fazia. — Você e o Prongs não iam jogar quadribol hoje?

Sirius não respondeu, apenas esperou que Remus retirasse a camisa branca com algumas manchas de sangue seco para terminar a limpeza do ferimento. Lupin estava sentado na cama ainda bagunçada, Sirius se abaixou na altura do abdômen de Remus.

— James foi embora agora pela manhã. Achamos que você ainda estava dormindo. 

— Não consegui. 

Black olhou para Lupin, com os olhares fixos um no outro, Sirius disfarçou a timidez dizendo: 

— Eu não queria te acordar. Parece cansado.

Black colocava esparadrapos em alguns machucados e Lupin fechava os olhos pela aflição. Sirius se sentou na cama ao lado de Remus e começou a tratar das ferias expostas que estavam no braço do garoto. 

— Você é quase medibruxo. — Remus tentou rir. 

Sirius não desviou o olhar para o garoto. Ignorou o comentário, mas com certeza adicionou uma nota mental sobre o assunto para não deixar em vão. Então mudou de assunto:

— Percebeu que tem sangue seco na bochecha?

Remus rapidamente levou a mão ao rosto e sentiu o descascar do sangue seco grudado na face. Sirius riu com a expressão feita por Lupin. 

— Devo ter passado a mão sem querer. — Remus disse claramente envergonhado.

— Vem cá, eu limpo. 

Sirius segurou o pescoço de Remus com a mão esquerda, molhou um paninho com um pouco de água e direcionou para o rosto de Lupin. Os olhos cor de caramelo de Remus estavam vidrados e perdidos na imensidão que eram os cinza azulado dos olhos de Sirius. Black estava concertado em fazer seu trabalho, mas não deixava de sentir uma certa vontade, não sabia exatamente de que, apenas sabia que queria algo de Remus. 

Sirius não percebeu que distribuía leve batidinhas com o pedaço de pano no rosto de Remus de acordo como seu coração batia. Lupin não só notou tal comportamento mas também com bastante concentração, pode ouvir as batidas do coração de Black. 

Remus prestava atenção em cada movimento no rosto e no corpo de Black. A forma em que mordia os lábios para não perder o autocontrole e a maneira em que prendia seu rabo de cavalo com uma canela eram únicas. Únicas dele. A delicadeza em que os dedos de Sirius deslizavam no pescoço do garoto faziam com que os cabelos da nuca de Remus se arrepiassem.

Lentamente, os olhares dos garotos se encontram, como se a sombra encontrasse sua luz. Remus levou a mão para a perna de Sirius, que largava o pedaço de pano em cima da cama bagunçada. Cada vez mais perto, um conseguindo sentir a respiração falha e ofegante do outro.

Lupin puxando Black para mais perto, sentiu que seu coração iria errar as batidas de tão fortemente que batiam. 

Sirius desistira daquela enrolação e logo beijou Remus como se sua vida dependesse daquilo. Lupin não ficou nada surpreso, não era a primeira vez que Black tomava uma atitude. E ele não estava reclamando.

Remus logo pegou o cabelo de Sirius e começou a acariciar enquanto lhe beijava. Black levara a mão para baixo da blusa de Lupin, que sentira um arrepio com os anéis gelados de Sirius tocando sua pele.

Remus começou a beijar a bochecha de Sirius e levemente foi descendo ao pescoço, Sirius agora estava com o cabelo praticamente solto, a caneta caída em seu colo e seus fios negros enrolados na mão de Lupin.

Remus sorriu de verdade naquela manhã quando Sirius lhe beijou com uma intensidade que nunca havia beijado antes. Agora, deitado na cama bagunçada com o lençol enrolado ao corpo, sorria ao ver Black.

Sirius tomava cuidado em onde tocava. Com sutileza, ficou por cima de Remus. Sua correntinha balançava em cima das pintinhas no rosto de Lupin, os olhos quase fechados por conta do sorriso exuberante, fazia com que Sirius tivesse mais vontade ainda de lhe encher de beijos.

Lupin logo inverteu os lugares e se sentou por cima de Black. A respiração ofegante era mais do que um chamado para continuarem cada vez mais com o que começaram. Remus queria Sirius mais do que tudo naquele momento.

As bandagens que estavam em cima da cama agora estavam no chão. Enquanto Sirius beijava Remus, conseguia sentir o úmido de seu rosto por conta dos curativos feitos a alguns minutos atrás.

— Amo você.

— Mesmo com os curativos, arranhões e cicatrizes?

— Mesmo com os curativos, arranhões e qualquer tipo de cicatriz espalhada pelo seu corpo. Amo você, Remus Lupin.

BANDAGES • one shot wolfstarOnde histórias criam vida. Descubra agora