Nos fundos da minha casa tinha uma floresta enorme de pinheiros, e no quintal em frente a essa floresta tinha um parquinho de madeira que foi feita pelo meu pai e meu vô, eu amava brincar no quintal dos fundos, mas nunca gostava de brincar sozinha porque aquela floresta me assustava, ela era grande e quanto mais eu a encarava mais parecia não ter fim, sem contar que sempre tinha a sensação de estar sendo observada por ela ou por alguém nela.
Com o passar dos anos eu fui crescendo, e assim meus pais brincavam menos comigo e eu passei a ficar sozinha a maior parte do tempo, isso não me incomodava muito, porque aprendi que eles ficavam cada vez mais ocupados com o trabalho e afazeres e eu comecei a gostar de ter um tempo só para mim, só me incomodava quando eu brincava no quintal e eu não tinha ninguém para ficar junto comigo. Eu evitava olhar a floresta ou chegar muito perto, com o tempo me acostumei com a presença dela e a ignorar me ajudava a não ter medo.
Certo dia eu estava lá no parquinho como de costume em todas as manhãs, estava descendo o escorrega e de canto de olho pensei ter visto alguém perto da floresta, pensei ser o meu pai, quando desci e me virei não tinha ninguém além das árvores, era provável que aquele vulto era só uma árvore, ignorei o acontecido e continuei a brincar. Dessa vez estava me balançando no balanço de madeira, era um dos meus preferidos, depois da casinha de madeira, quando eu escutei alguém me chamar, a voz vinha da floresta e admito que achei estranho pois meus pais nunca iam na floresta, não tinha motivo algum para eles estarem lá, então quem poderia estar me chamando? Parei de balançar na mesma hora e me levantei, me virei em direção a floresta e de novo escutei alguém me chamar, mas não conseguia enchegar nada além de pinheiros altos em minha frente, me aproximei, naquela hora eu não sentia o medo que sempre sentia ao chegar perto da floresta, eu só sentia curiosidade. Me aproximei chegando a encostar em um dos pinheiros, encarei a floresta, e não tinha ninguém, escutei a voz me chamar e ela parecia estar um pouco mais longe, olhei para trás para ver se meus pais estavam me observando, ninguém estava lá então eu entrei na floresta, eu me lembro bem de ter dado apenas cinco passos, somente cinco passos, e então eu olhei para trás outra vez, mas não vi a minha casa ou o meu quintal, eu só via árvores e mais árvores como se eu estivesse entrado no meio da floresta, na mesma hora eu entrei em desespero e o medo pela aquela floresta voltou, escutei a voz novamente mas ela não vinha de nenhuma direção exata, ela parecia estar em todo lugar ou dentro da minha cabeça, foi ai que eu comecei a correr tentando voltar pelo mesmo caminho que vim, o dia começou a cair rápido e eu já estava cansada de correr pela floresta e chegar a lugar nenhum, eu estava com medo e desesperada, estava tremendo e chorando, eu não tinha entrado por completo na floresta mas de alguma forma estava ali no meio dela como se eu tivesse feito um dia de caminhada, corri e não parei mais, não desisti até chegar no meu quintal, já era quase noite, caída no chão aliviada por ter encontrado a minha casa, eu escuto a voz vindo da floresta outra vez, me levanto e corro para dentro de casa, escuto meus pais me chamando na rua e me procurando, os encontro e digo o que aconteceu, eles não acreditaram muito em mim achando que eu estava muito assustada para falar tais coisas.
Eu nunca mais sai para brincar no quintal, e nunca mais cheguei perto da floresta, nem mesmo olhava para ela pela janela. Aquela voz ainda me chamava algumas vezes, principalmente nos meus pesadelos com aquele lugar. Na primeira oportunidade eu saí de casa para estudar fora, nunca voltei para aquela cidade, pois a floresta rodeava ela por inteiro, e em cada canto aquela voz me perseguiu, até hoje tenho pesadelos com a floresta de pinheiros altos, e até hoje eu ouço essa voz me chamar, sinto estar sendo vigiada por alguma coisa e perceguida em qualquer lugar que vou, isso aconteceu já fazem 50 anos.
Tenha bons sonhos.
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Horror - Para Ler Antes de Dormir
HorrorCada capítulo uma história diferente, com horrores diferentes. Baseados em pesadelos ou em qualquer merda que a escritora pensa. Boa leitura, bons sonhos.