Capítulo 1

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O baile está lotado.
Hoje a movimentação está boa, sei que vai dar bastante lucro, sempre vendemos muito em baile, principalmente em noites movimentadas.

Começa a tocar um funk que eu adoro e resolvo descer do camarote para dançar um pouco.

Desço até o chão e vejo várias pessoas me olhando, mas todo mundo aqui sabe que não deve encostar em mim sem minha autorização, na verdade não aceito fazerem isso com ninguém, não permito abusadores no meu morro.

Sinto duas mãos segurarem minha cintura e me viro na hora. Parece que alguém está querendo morrer hoje.

Vejo que é o desgraçado do Thomas, ele já deu em cima de mim várias vezes e só não matei ainda porquê ele chegou no morro não tem muito tempo, mas agora ele passou dos limites.

— Que foi caralho, não te dei autorização para tocar em mim. — falo e tiro as mãos dele da minha cintura.

— Para de charme gatinha, eu sei que você só tá se fazendo de difícil, gosto desse joguinho mas já cansei. — diz tentando encostar em mim de novo.

Alguns dos meus vapores notam a movimentação e começam se aproximar, mas levanto minha mão para que eles não se aproximem. Preciso resolver isso por conta própria, vários caras acham que só porque eu sou mulher eu sou fraca e não consigo comandar o morro.

Tiro minha pistola rosa da minha bolsa e dou um tiro na perna de Thomas.

Sempre faço questão de carregar essa arma em minha bolsa, fico me perguntando o que os caras pensam ao morrerem por uma pistola rosa.

— Seguinte seu filho da puta, presta bastante atenção no que eu vou dizer, pois essas vão ser as últimas palavras que você vai ouvir — digo ainda apontando minha pistola para ele, noto que todos estão olhando — Já te avisei para não ficar me incomodando, fui até um pouco paciente porque seu pai era uma boa pesso...

— Por favor me desculpa, me perdoa. Eu não vou mais fazer isso — diz me interrompendo.

— CALA A PORRA DA BOCA E NÃO ME INTERROMPA — grito aproximando ainda mais minha arma do seu rosto — Ninguém fala assim comigo e vive. Ninguém.

Após dizer isso eu atiro em seu rosto e faço um sinal para os meus vapores tirarem o corpo dali.

— Que isso sirva de aviso para vocês. Agora voltem para a curtição, o baile está longe de terminar! — digo sorrindo para todos que pararam para observar.

Não demora para todos esquecerem do ocorrido e voltarem a beber e dançar. Decido voltar para o camarote.

— Colocou moral em Barbie — diz Lívia - minha melhor amiga - assim que me vê.
Nós crescemos juntas e somos amigas desde sempre, ela é uma das pouquíssimas pessoas em que sei que posso confiar.

— Fez certo, esse cara não valia nada e já estava passando dos limites — diz Perigo, ele é sub dono do morro, e também é meu melhor amigo.

Perigo me ajudou muito quando eu assumi o controle do morro, eu nem sei se teria conseguido sem ele.

— Tive que dar uma lição, se eu não fizesse isso agora daqui a pouco ia aparecer uns engraçadinhos para questionar minha autoridade. Preciso manter o controle. — Falo.

Me sento junto aos dois e fico observando o movimento. Tô exausta e queria ir para casa logo para ver meu irmão e minha filha, mas o baile está longe de acabar.

— Barbie se tu quiser ir pra casa descansar pode ir tranquila que eu fico de olho aqui. — Perigo oferece ao ver meu cansaço.

— Acho que dessa vez eu vou aceitar, valeu.

Me despeço dos dois com um abraço e vou até minha casa.

Cumprimento com um aceno os vapores que estão tomando conta da minha casa. Sempre que vou sair coloca ainda mais pessoas para cuidar da casa, me preocupo muito com a segurança das crianças, faço de tudo para que eles possam ter uma infância feliz e sem preocupação.

Entro na sala, e assim que ligo a luz dou de cara com o meu irmão.

— Jesus Lucas, quase me matou do coração! O quê você está fazendo acordado agora? Já está tarde, você precisa dormir. — Digo com a mão no coração.

Toda vez que ele faz isso eu tomo um susto enorme, agora que ele está crescendo ele fica tentando tomar conta de mim. Sinceramente eu acho isso fofo, mas não quero que ele se preocupe comigo, quero que ele tenha uma vida normal.

— O quê é isso na sua blusa? — pergunta apontando para a mancha vermelha na minha blusa.

Puta que pariu, parece que o sangue daquele cara manchou minha blusa.

— Isso é...  ketchup. Eu comi um hambúrguer em uma lanchonete antes de ir pro baile, e não tinha visto que tinha sujado. Estou muito desastrada! Agora não desvie da minha pergunta mocinho, já está tarde e você deveria estar dormindo — digo.

Ele me olha com uma cara de quem diz que não acreditou na minha desculpa. Por que essas crianças de hoje em dia tem que ser tão inteligentes?

Antes que ele tenha a chance de começar a questionar, eu o pego no colo o levo para seu quarto e o coloco em sua cama.

— Não sou mais criança, não precisa me carregar — diz com uma cara irritada.

— Você é sim, e pra mim você sempre será uma criança. Agora vai dormir. — digo e dou um beijo de boa noite em sua testa.

Passo no quarto da Maya e vejo que ela já está dormindo, dou um beijo de boa noite em sua testa e vou para meu quarto.

Tomo um banho rápido e vou dormir.

A dono do morro Onde histórias criam vida. Descubra agora