1.

12 0 0
                                    

Ouvi o som da tua máquina fotográfica. Um clique rápido. Olhei para ti, sorrias.

"O que foi?" - pergunto.

"Nunca vi uma paisagem tão perfeita."

Realmente aquele pôr do sol estava perfeito. Estávamos no topo da colina, aventura que eu insistira que ele fizesse comigo porque sabia que lhe ia agradar.

Nunca tinha levado ninguém ali. Eu própria poucas vezes lá ia; mas queria mostrar-lhe a beleza da minha pequena e aconchegante terrinha.

"Devíamos ir, em breve. Vai escurecer rapidamente." - digo.

"Só mais um pouco. Ainda dá para tirar mais algumas fotografias. Ora sorri."

Tapei o rosto com as mãos. Ele sabia que eu odiava que me tirassem fotos. Um "anda lá, Victoria" bastou para que eu perdesse um pouco a vergonha e me mostra-se.

"Olha como ficou incrível." - dizia ele, enquanto virava o pequeno ecrã na minha direção. Está magnífica, sem dúvidas. Ele tinha um talento natural para aquilo, ganhando vida com cada disparo da câmera.

O sol acaba de se pôr, e começo a caminhar em direção ao carro. Mesmo não conhecendo o caminho, ele insistiu em conduzir. Não percebia se era por medo da minha condução, se por gosto, mas decidi não insistir.

A viagem de volta para casa foi silenciosa, a absorver cada curva e contracurva e cada planície que nos aparecia à frente.

Olhei para ele de relance. Tinha um olhar atento. Voltei a virar-me para ele, mas dessa vez prolonguei o olhar.

"Que foi?" - pergunta, rindo-se.

"Nada. Estava a olhar para ti." - respondo.

"Porque realmente até sou bonito de se olhar." - volta a rir-se, como se acabasse de dizer uma piada.

Olhei pela janela e sorri. Mal ele sabia que eu o considerava a maior obra de arte.

Apenas mais uma fotoOnde histórias criam vida. Descubra agora