Se eu lembro exatamente o dia que tudo ia bem, ou nem tanto, mas é claro que vampiros não podem ter filhos humanos, eu era normal demais.
Eu estava na sala, enrolada no cobertor, assistindo Os garotos perdidos, um dos maiores filmes da década de 80 e o meu preferido, apesar do filme ser muito fantasioso.
Afinal, o ser humano é muito fantasioso com as coisas que ele próprio não entende, ele cria ilusões para que sua cabeça aceite aquilo que ele não compreende, de forma mais leve. E neste momento o acento sob os meus pés afundam com a pressão exercida sobre eles, causando uma leve dor.
- Liam, sai de cima dos meus pés!
Meu irmão com um sorriso bem inocente, expondo seus caninos sobressaltados,quase imperceptível, se levantou para que eu me arrumasse no sofá, agora ocupado por dois, seu sorriso logo se alargou, quando ele viu oque eu estava assistindo, rindo ele perguntou.
- Por que você ainda assiste isso?
- Porque eu gosto.
- Mesmo sabendo que isso é muita fantasia.
- E mesmo sabendo que eu sou a mais normal da família, sim, eu gosto de assistir filmes com vampiros, mesmo que estes sejam uma farsa.
Eis que ele mostra o seu melhor sorriso irônico, expondo seus dentes impecáveis. Nós somos gêmeos idênticos, cabelos escuros, uma pele muito clara, tipo, bem clara, mas a dele acaba sendo mais clara que a minha e pelos olhos somos diferentes, enquanto o castanho me pertence ele tem olhos azuis, posso fazer essa comparação pelo fato de que na minha família, todos, exceto eu, são vampiros, e sim, eles podem ter filhos, desde que ambos sejam sangue puro e façam todo um ritual para a unificação do casal com a bênção de um dos sacerdotes, e por aí vai, mas eu nunca prestei atenção enquanto falavam isso, então deixo essa explicação para depois. Agora por que eu sou a única pessoa normal aqui?
Nem os líderes do nosso clã, quem dirá os outros, nem os sacerdotes, bruxas, nem meus pais sabem explicar, agora, imagina então a surpresa de todos, quando os gêmeos da família Claryn nasceram, e para completar, como um casal de sangue puros teve, um dos gêmeos, humano, apenas o meu irmão é vampiro, mais velho por questões de minutos. Fora essa diferença, somos muito parecidos.
- Laya, eu vou sair com uns amigos, por que você não vem?
Olhei para ele, vestia uma jaqueta de couro, apesar de não sentir frio, calças jeans rasgadas no joelho, em geral vestia preto, exceto a camisa e a corrente com uma cruz prata. Olhei pela janela, o tempo estava nublado, com vento gelado.
- Onde vocês vão?
Então ele olhou para mim com uma cara de tipo "Sério que você perguntou isso"
- A esqueça, eu prefiro ficar aqui.
- Vamos Laya, vai.
Falou já puxando a coberta, eu puxando-a para o meu lado.
- Eu não sou como vocês, você sabe como aquele lugar fede.
- Não, ele não fede, ele cheira a sangue fresco, que por sinal é muito bom. agora o "fedor" é o teu paladar que diz.
E então, todo o entusiasmo dele de me levar para "Toca do inferno" sumiram.
- Sabe Laya, você não é tão normal assim, você é minha gêmea, nós temos uma ligação, eu sinto algumas coisas que você sente, e apesar de você não se considerar da família, o seu cheiro não é de uma pessoa humana, nem de um vampiro, você está estre os dois, sempre esteve, mas algo está diferente, talvez entrando em transição, há alguns dias e você fica reprimindo isso.
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Sangue
VampireMinha família, todos, exceto eu, são vampiros, e sim, eles podem ter filhos, desde que ambos sejam sangue puro e façam todo um ritual para a unificação do casal com a bênção de um dos sacerdotes, e por aí vai, mas eu nunca prestei atenção enquanto f...