Closer {Iwaoi}

Capítulo 1

Iwaizumi estava no meio do teatro. Não tão longe do palco, e nem muito perto. Escolheu o local que julgava perfeito para assistir aquela apresentação da orquestra da província.

Hajime não era e nem nunca fora um grande amante de música clássica, ou coisas desse tipo, mas ali estava ele, ansioso para aquela apresentação que aguardou por dias a fio, desde que que soubera que ele estaria se apresentando.

Oikawa Tooru, seu amigo de infância, que não via há anos. Aquele que dividiu consigo os melhores anos de sua vida, e os piores momentos. Aquele que saiu sem olhar para trás e levou consigo uma parte importante de Hajime.

Levou seu coração escondido no fundo de suas malas de viagem, embalado em camadas e mais camadas de sentimentos suprimidos.

Oikawa Tooru, seu primeiro e único amor.

Era quase inacreditável saber que ele estava de volta na cidade de onde saiu com um sonho, uma promessa de sucesso, um futuro brilhante.

Tão longe de si.

Iwaizumi sentia o nervosismo fluir por seu corpo, quase como se estivesse prestes a abrir seu coração para Oikawa. Como se isso importasse ainda. Talvez fosse apenas a saudade deixando-o ansioso, listando em sua cabeça tudo o que ele faria para ter uma chance de falar com Oikawa, apesar de tudo, mas era meio hilário porque, bem, o que ele não faria? A prova disso é que ele estava agora mesmo, quase escondido nas sombras, apenas para desfrutar da oportunidade de colocar seus olhos novamente sobre Oikawa. Vê-lo novamente depois de tantos anos lhe deu uma sensação e esperança de que poderia finalmente se livrar desse sentimento, seguir em frente, assim como ele fez. Provar a si mesmo que a vida poderia mostrar suas facetas, seus lados felizes, mesmo sem Oikawa. Ledo engano.

Agora, enquanto Hajime via a orquestra se posicionando no palco, enquanto seu coração acelerava enlouquecidamente, seus olhos frenéticos buscando entre as diversas pessoas com seus instrumentos, o único que poderia fazer o ar voltar aos seus pulmões, ele percebia, tinha a certeza de que por mais que se convencesse de que a vida seguiria, jamais seria como era antes. Jamais seria completo novamente. Ainda que Iwaizumi desfrutasse da beleza de cada estação, ainda que apreciasse cada companhia, haveria sempre um vazio, uma batida falha em seu coração, uma falta não suprida, um passado não resolvido. Um amor não superado.

Agora, enquanto olhava Oikawa no centro daquele palco, brilhando como ele sempre quis brilhar, brilhando como sempre brilhou, pelo menos para Hajime, ele entendia que a vida às vezes é assim, e leva para longe aqueles que amamos, para que esses possam crescer e florescer, porque às vezes suas histórias pessoais apenas não são compatíveis. Seus sonhos. Suas grandezas.

A grandeza de Oikawa era suficiente para encher aquele palco, com seu talento, sua presença, seu trabalho duro e dedicação. Grande demais para ocupar o lugar que Hajime reservou para ele, grande demais para estar ao lado dele, em sua vida, em sua simplicidade.

Hajime sabia, desde sempre, que Oikawa era grande demais para si, para seus sonhos. Oikawa era inalcançável, brilhante, de um modo que o cegava, mas ainda o fazia querer olhar diretamente para aquela luz.

Vê-lo naquele palco, depois de tanto tempo, enchia seu peito de orgulho agridoce, mas sacramentava o óbvio, o que pinicava e fazia seu peito arder, desde que descobriu que sim, era possível carregar em seu peito tamanho amor. Vê-lo naquele palco, brilhando como uma pedra preciosa e rara, deixava claro para Hajime que Oikawa sempre esteve muito perto, mas também muito longe. Longe porque era inatingível.

Longeporque era bom demais para si.