Minha luz no fim do túnel... [Choni]

𝐏rólogo

𝗧𝗼𝗻𝗶 𝗧𝗼𝗽𝗮𝘇 𝗣.𝗢.𝗩

𝐄ra um início de tarde e eu estava ali, fazendo o trabalho que me foi concedido há anos atrás. Carregar as almas que foram vendidas e levá-las para o abismo, o lugar de onde elas não sairiam. O que um demônio como eu pode preferir, viver no inferno sendo torturado enquanto passa um filme de todos os momentos ruins de sua vida mortal diante de seus olhos ou sair daquele lugar com direito a uma vida "livre", mas tendo que fazer algo em trocar para manter sua liberdade? Eu demorei anos para aceitar essa proposta e quando eu já não aguentava mais, eu aceitei.

𝑭𝒍𝒂𝒔𝒉𝒃𝒂𝒄𝒌 𝒐𝒏

𝐍aquele dia eu saí do inferno pela primeira vez em anos(contando como o tempo naquele lugar, mais de séculos), a primeira missão que eu recebi foi capturar um homem. Ele era alcoólatra, tinha perdido a esposa há mais de vinte anos e há dez anos atrás ele cedeu a tentação, resolvendo testar se aqueles boatos de que demônios podiam trazer as pessoas de volta à vida. Na época não foi eu quem pegou o contrato dele, na verdade, tinha um demônio específico para isso. Por mais que a minha humanidade ainda gritasse internamente para não fazer aquilo, eu sabia que tinha que fazer, era um teste e o ser mais poderoso de lá queria a prova de que eu não iria falhar em qualquer missão que me fosse dada.

𝐐uando o relógio marcou meia noite, eu teria o meu primeiro trabalho para fazer, o homem já estava ciente do que aconteceria naquela noite e havia se despedido de sua amada antes dela adormecer calmamente em sua cama. Eu apareci na sala da casa daquele homem e ele estava sentado em uma poltrona, apenas esperando aquilo que estava por vir, o mais velho virou o resto do líquido que continha naquela garrafa dando um breve suspiro assim que a garrafa se deu por vazia, a jogando de lado. O olhar pesado dele não demorou para me encontrar no canto da sala, na parte que estava mais escura e eu dei passos lentos enquanto saia dali.

- Eu não tenho mais para onde correr, né? [O velho soltou um suspiro que carregava tristeza, eu podia sentir aquilo que estava dentro dele, ele estava se sentindo fraco e era um sentimento que eu conhecia muito bem] Só me diga uma coisa...ela vai ficar bem? Me garante que nenhum desses demônios irão atrás dela assim que me levarem?

- Não vamos atrás dela, eu não levaria nenhum de vocês...mas chegou a sua hora, precisa ir da maneira mais fácil, assim você não vai sentir dor.

𝐎 mais velho assentiu se levantando da poltrona e abriu os braços, dizendo que estava preparado, naquele momento eu apenas dei passos em sua direção e ao me aproximar dele, parei em sua frente.

- Algum dia vocês vão se encontrar de novo, acredite.

Sussurrei aquelas palavras enquanto levava minha mão até sua testa, ao encostar nele nós dois desaparecemos daquela sala, deixando unicamente aquela garrafa que ele segurava antes de sua hora chegar.

𝑭𝒍𝒂𝒔𝒉𝒃𝒂𝒄𝒌 𝒐𝒇𝒇

𝐀nos se passaram após aquilo e eu consegui passar no tal teste, agora eu era um demônio livre pela maior parte do dia, mas durante a noite eu sempre tinha que carregar no mínimo uma alma. Sempre às meia noite, quando o último dia de alguém se acabava e sua liberdade iria embora pelo resto da eternidade. Eu era uma pessoa "sortuda" por não ter sido mandada para passar o resto dos meus dias naquele sofrimento, que se repetia a cada nascer do sol. Por mais que carregar esses humanos fosse ruim, era a única opção que eu tinha, nem todos os que eram levados para lá recebiam essa proposta.

𝗖𝗵𝗲𝗿𝘆𝗹 𝗕𝗹𝗼𝘀𝘀𝗼𝗺 𝗣.𝗢.𝗩

𝐇oje estava fazenda duas semanas do pior dia da minha vida, o dia em que meus pais e meu irmão gêmeo foram tirados de mim. Estávamos na fazenda dos meus pais, preparando o jantar e planejando assistir filmes juntos durante a noite enquanto comíamos besteiras. Uma noite em família, era tudo o que nós quatro estávamos precisando. Mas um barulho de vidro quebrando na entrada fez o meu pai ir olhar o que era, dois homens armados entraram em nossa casa e atiraram em meus pais sem piedade alguma, o homem ainda mirou em mim, mas Jason foi ágil em se colocar na minha frente e receber aqueles disparos, podia escutar ele sussurrando em meu ouvido, me mandando correr o mais rápido que eu podia e me esconder. Ele havia se sacrificado por mim e aquela imagem rodeava meus pensamentos todas as malditas noites, toda vez que eu lembrava era como se uma parte de mim saísse e nunca mais voltasse, eu tinha perdido a minha família e estava custando a acreditar nisso, eu não queria acreditar de forma alguma nisso.