eastwood

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Naquela manhã de primavera, Any acordou com o primeiro toque do sino, pelas frestas que pulavam na janela, ela supôs que não se passavam das cinco horas da manhã, mas como caçadora, tinha que sempre sair cedo para que até as dez horas da manhã, os vendedores tivessem em mãos os quilos de carne e peixe que caçávamos e trocávamos por moedas.

Elas moravam numa das mais belas partes da floresta, com casinhas estranhas (palavras dos burgueses) e montadas por todos do sul e leste. Revestidas de musgo, com telhados cinza escuros, com o espaçamento para pomares entre elas, as casas ocupavam pouco mais de seis quarteirões, todos seguidos com casas do mesmo estilo, no final da grande avenida principal, o porto e a baia ficavam, junto à eles, a casa de armas como arpões, flechas e lanças que sempre eram usadas para a caça e pesca.

Nossas roupas de trabalho eram divididas por categorias, todas planejadas pela estilista do reino. Para a caça, tínhamos roupas pretas (e forradas no inverno) geralmente com cobertura de couro e alguns acessórios para segurar as lanças e flechas, tal como um casaco de pele de cordeiro que no inverno além de ajudar no disfarce, nos cobria do frio matinal e nos pés, sem dúvida coturnos. Para a pesca, a roupa era quase a mesma, mas usavam casacos com proteção para a chuva. Já para o dia a dia, as roupas eram de escolha própria, geralmente recebidos de retalho que o povo do sul reconstruía em roupas bonitas.

Quando pequenos, são todos enviados para um pequeno colégio da região, onde aprendem o básico de estudo e sobre suas funções, aos dezesseis anos, são enviados para uma prova no castelo, onde serão definidos qual sua área de força, entre pesca e caça.

Any foi considerada uma das melhores arqueiras e caçadoras de sua região, chegou a ganhar até medalhas, já sua irmã mais nova, ainda não tem idade para entrar em nenhuma das categorias, portando cuida dos cavalos.

Any ainda de pijama, abriu a janela de seu quarto e viu o amanhecer ser abafado pelo barulho de madeira, vozes altas e assobios e mirou seus olhos para o cais que já se encontrava cheio, assim como os vários barcos de pesca. De longe conseguiu reconhecer o barco da família de sua amiga Sofya e sorriu, logo em seguida ouvindo a voz de sua mãe a chamar.

Entre um resmungo e uma revirada de olho, ela fez seu xixi matinal, escovou seus dentes e encarou as roupas em cima de uma cadeira, enquanto fazia duas tranças no seu cabelo. Tirou sua camisola e começou pelo (palavras dela) maldito espartilho, que apertava os ossos da costela mas erguia o busto a deixando bem mais elegante, em seguida vestiu a calça apertada de couro e em seguida vestiu a parte de cima da blusa de couro, finalizando com o grande peleiro que a disfarçava e a cobria naquela manhã fria. Nos pés seus coturnos.

Fisgou sua bolsa com as flechas e a colocou nos ombros, descendo as escadas para encontrar sua mãe e sua irmã mais nova. Desde que seu pai faleceu em uma viagem, Any virou a provedora do lar, sua mãe se aposentou cedo para cuidar das filhas,  então entregou suas armas para o resto da cidade, mas quando seu marido veio a falecer, viveram apenas de um salário minúsculo que eles disponibilizavam para mulheres viúvas. Quando Any fez dezesseis, se tornou a provedora do lar.

— Ah! Que bom que acordou — sua mãe resmungou ao vê-la ao lado da mesa — Preciso que você passe no sul hoje, reposição de pães, temos que ir lá buscar, esse serviço de entrega é muito caro.

— Mamãe, Desi — responde para as duas, sentando sob a mesa e pegando um punhado de panquecas — Vou sim, mas depois que eu receber o dinheiro.

 Sua mãe revira os olhos.

— Preciso que vá somente de tarde, é nesse horário que sai os melhores pães.

— Posso aproveitar para pegar alguns biscoitos? — ela abriu um grande sorriso em seus lábios.

— Amanteigados com limão, amanteigados com limão! — sua irmã disse alto e rápido, ansiando pelo sim da irmã.

— Irei pensar — ela espalhou o cabelo da irmã, acariciando o topo da cabeça — Agora deixe me ir, espero que Plif esteja sendo bem cuidado por você.

— Plif tem até trancinhas para estrear hoje — a mais nova sorriu, vendo sua irmã se aproximar da porta e abrir os cadeados, antes de sair para o lado de fora.

Hoje seria uma longa manhã.

Inspirando o ar fétido de peixe e carne podre, Any caminhou pelo piso úmido e terroso até a baia para pegar Plif e poder ir caçar.

— Bom dia, Plif — ela sorriu, abrindo o cadeado do andaluz e procurando a sela para montar e poder iniciar seu dia.

Não muito longe dali, na casa de sua parceira de caça, a Ardakani terminava de afiar suas flechas, também se encaminhando para a baia, onde encontraria Any para irem caçar de um lado da floresta. Geralmente a caça era dividida em algumas áreas, mas o dinheiro era dividido como um salário entre todos, além de que muitas vezes havia troca de serviços entre o resto do reino. O abastecimento de carne e peixe era feito semanalmente. 

Sofya estava indo maré a dentro na embarcação, Any montou em Plif e viu a presença de sua amiga montada sobre Carl Michael, o seu amado e fiel cavalo, todos estavam prontos para começar o seu trabalho naquela manhã e tudo começou a acontecer. O que a cacheada não sabia era o que aconteceria mais tarde.



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⏰ Última atualização: Jul 05 ⏰

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