Ela se foi.

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Ela se foi, se foi deixando-me apenas com uma carta onde dizia que precisava ficar sozinha após o ocorrido na mansão onde ela morava. Ela decidiu ir e me deixou sem saber como buscá-la, como chegar até ela e dizer a ela que não tomasse nenhuma decisão precipitada diante as tempestades que estávamos vivendo, afinal, havíamos decidido lutar contra tudo e todos para viver o intenso amor que já existia em nos desde que nos vimos pela primeira vez e com o passar do tempo foi crescendo.
Como posso viver agora sem ela? Ela se foi deixando-me apenas com uma pequena parte de mim, que também já estava prestes a se destruir, minha filha também havia se distanciado. Eu perdi tudo. Perdi tudo que eu amava, o meu mundo caiu e eu não tenho forças se reerguê-lo sem elas.
Estava com Adriana na cozinha da mansão, ela havia me entregado a carta porém não me disse onde Victoria estava, apenas pediu para compreendê-la, como compreender? Quem pensou em como eu ficaria nesse momento?
Perdi as forças caindo ali mesmo na cozinha, eu apenas conseguia chorar abraçado a maldita carta onde dizia que ela havia partido.
Chorei, chorei clamando para que tudo aquilo foi apenas um pesadelo, um engano ou uma brincadeira de mal gosto mas para minha desgraça não era. Ela decidiu me deixar, ela escolheu desistir do nosso amor, o que eu poderia fazer?
A culpa por muito tempo me afastou dela, me afastou da mulher da minha vida, mas tudo já havia sido resolvido, estávamos tão felizes, ela havia devolvido a alegria para os meus dias, ela era minha vida inteira, eu disse isso tantas vezes à ela, tantas vezes e mesmo assim ela decidiu partir.
Me levantei daquele chão, enxuguei minhas lágrimas e sai da cozinha caminhando para fora da mansão ouvindo os gritos da Adriana vindo logo atrás de mim.

- Arriaga, não vá - ela disse triste - Por favor, a entenda, compreenda a dor da Victoria. - a olhei.
- E quem vai compreender minha dor? Quem vai compreender o que eu estou sentindo? Eu perdi tudo, Adriana, tudo. - chorei - Minha filha também se afastou e Victoria era tudo que eu tinha, era a mulher da minha vida e ela decidiu partir, decidiu me deixar mesmo sabendo do que eu estava vivendo. - falei mais alto enquanto gesticulava com minhas mãos.
- Eu te entendo, Arriaga, mas por favor não a julgue dessa forma. - ela disse com pesar.
- Ela fez o que achou ser o melhor para ela, eu a entendo, o que eu não entendo é ela não ter pensado em nós. Ela não quis enfrentar essa tempestade junto comigo, ela foi embora e me deixou afogando em meio a tempestade, em um dos piores momentos da minha vida. - suspirei entrando em minha caminhonete e sai dali.

Durante todo o caminho, eu me relembrei de cada momento ao lado da mulher que eu amava, mas tudo indicava que meu amor não era suficiente, o nosso amor não era suficiente para ela. Eu sentia uma dor imensa, a dor era tão grande que assim que cheguei em meu sítio me tranquei e fiz o que jamais havia feito na minha vida: comecei a beber. Bebi até cair no sono depois de tanto chorar e gritar pelo seu nome.
Dias foram se passando e permaneci trancado em meu sítio, ouvi a Adriana, Tomazina, Opalina, Francisco e todas as pessoas que eu mantida contato me chamar porém sempre dizia o mesmo: não quero ver ninguém. Até ouvir a senhorita Nikki me chamar na porta de minha casa, eu disse o mesmo porém ela persistiu e então abri a porta.

- Super homem - ela disse com pesar - Não se destrói assim, por favor - disse prestes a chorar.
- Eu não posso, não posso mais me reerguer senhorita Nikki, eu não tenho forças - disse chorando ali no chão encostado no sofá.
- Minha mãe se foi e você a ama muito, eu entendo, mas não posso deixar que fique assim - ela respondeu se sentando ao meu lado sem se importar a bagunça que havia ali.
- Ela me jogou do Penhasco, eu perdi tudo, tudo senhorita Nikki - suspirei - Eu não consigo parar de lembrar das falas dela naquela maldita carta "eu preciso ir, preciso de um tempo, sei que vai me compreender. Te amo e te amarei eternamente" - suspirei novamente chorando - Ela era minha vida inteira e sabe quantas vezes eu disse isso a ela? Milhares, mas ela decidiu ir como se nosso amor não fosse suficiente para vencer as barreiras que nos foram impostas. Eu a amo, senhorita Nikki, a quero de volta para mim mas não se ela não quiser, não quero que venha por compaixão por saber que estou destruído e sim porque me ama, me ama o suficiente para vencer todos os obstáculos de mãos dadas comigo. - senti seu abraço.
- Além disso, perdi minha filha, a Lili desistiu de mim também, disse que não me quer mais como seu pai, que não me amava mais. Sabe como foi difícil para mim ouvir tudo isso? Ouvir que a menina que criei com tanto amor, dedicando para que nada a faltasse, a menina que me chamou de papai no momento que aprendeu a falar? Eu perdi tudo que tinha senhorita Nikki, perdi a mulher da minha vida e a minha filha. - chorei.
- Então a partir de hoje você será o meu pai, super homem, eu o amo como se fosse e tenho orgulho de quem você é. - sorri a olhando - Por favor, não desista sim? Por sua filha Nikki? - ela sorri para mim com seus lindos e amoros olhos, os mesmos olhos da Victoria.
- Você vai trazê-la de volta para mim? A traga de volta - ela enxugou as lágrimas que insistiam em descer - Mas se ela decidir não voltar mais para mim, não insista, não quero força-la a estar comigo, mesmo que isso me parta o coração, eu a amo e as vezes amar também é abrir mão - sorri com os olhos inchados pelo chorei excessivo e mareados porque ja queria chorar novamente.

Minha filha Nikki, como ela dizia agora, ficou horas ali comigo apenas me ouvindo desabafar, chorar e implorar para que sua mãe voltasse para mim. O amor que eu sentia pela Victoria era verdadeiro, intenso e permanente, ou como eu dizia "era amor dos bons".

No apartamento de Nikki

"Super mãe,

Entendo que queira ficar sozinha e sem ser interrompida por ninguém para pensar melhor em qual decisão tomar mas por favor volte. O Arriaga está destruído com sua partida, ele havia se trancado em seu sítio é apenas hoje ele abriu a porta para mim, ele estava péssimo, dizia para que eu implorasse para que você voltasse para ele pois ele não suportaria mais viver sem você. Ele está magro, depressivo e não para de chorar porque você decidiu ir embora e deixá-lo, ele não para de repetir que você o deixou se afundar na tempestade sem ajudá-lo a vencer os obstáculos para vencer o amor de vocês.
Eu a amo mamãe, mas não pode continuar tão longe do homem que você ama, venha lutar pelo seu amor, não cometa novamente o mesmo erro do passado quando deixou Carlos o seu "amor da adolescência" e se casou com meu pai apenas porque o vovô queria, então volte enquanto é tempo e reconstrua o amor de vocês independente dos obstáculos. Sinto sua falta. "

Ao terminar a carta que enviaria para minha mãe, suspirei, eu sabia que ao ler ela se despedaçaria, sabia o quanto ela também estava destruída com essa tempestade no meio do amor deles.

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