•• Capítulo Único ••

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Dedicado para minha melhor amiga, minha Prongsie, porque ela sempre me apoia na escrita e eu prometi que eu um dia faria uma dedicação publicada para ela (Ei, ainda não é meu livro, mas calma, quem sabe no futuro)

Eu não tenho te dado umas novidades para ler,
mas é por uma boa causa. Feliz aniversário
sunflowergxurl

— G R I E F —

Não há nada como um pensamento constante. Se é tão resistente, já é de se concluir que abala, de alguma forma, quaisquer que sejam as estruturas de alguém. É presumivelmente irreal, também. Ilusão, sonho, medo memória, culpa. Está ali.

Sirius Black achava que aquela coisa perturbadora jamais sairia de sua mente, provavelmente está correto quanto a isso. James, Lily, Moony, Marlene, Mary, Dorcas, eles olhariam para seu corpo desnutrido de olhos perdidos irreconhecíveis e, esbanjando vivacidade, diriam que tudo ficaria bem. Que, um dia, ele pararia de se culpar, porque não era realmente sua culpa. Era de Pettigrew.

Pena que não estavam ali. Só restava a si. E ele não era o bastante para mover sequer um dedo, imagine então para mudar um pensamento.

Amaldiçoava Peter tão arduamente que chegava a ter medo, tanto medo, de ter tornado-se sua mãe: odioso e assassino. Sabia que se visse o desgraçado realmente não teria escrúpulos, não seria nada mais que egoísta. Seu medo era justificável, ele sabia, ao acompanhar até onde seus pensamentos podiam ir.

       Queria muito vomitar, mas não tinha nada para botar para fora, ou ao menos capacidade de levantar seu tronco.

       Engraçado como o luto funciona.

       Quando você presencia a morte de alguém importante para alguém com quem tenha carinho, é clássico dizer para guardar as boas memórias ao invés de manchar tudo em tristeza. Até que é sua vez de perder alguém e você entende que aquilo é um bando de merda, as memórias dão ainda mais vontade de vomitar, de chorar, de voltar no tempo e apreciar e são um bando de merda também. Tudo é uma merda, porque eles estão mortos e você está aqui e...

E tudo que queria era estar no lugar deles.

Já que não há como revivê-los, talvez tudo que queira, então, é se mandar para junto a eles em um plano além do físico.

Merlin sabe que Sirius o faria, se não soubesse que, onde quer que estejam, não será merecedor de estar junto — era um Black, afinal, seu dom era destruir tudo de bom no caminho, não sabia o porquê de, um dia, ter achado que escaparia. Tinha Moony, também. Moony estava vivo. Moony deveria estar tão dolorido, passando noites sem absolutamente ninguém. Queria correr e abraçá-lo como nos velhos tempos, olhar em seus olhos cor de chocolate e deixar que suas orbes azuis tempestuosas escorressem água e transmitissem o que sentia enquanto entoava que iria ficar tudo bem. Porque tinham um ao outro. Porque eram Wolfstar, conseguiam tudo.

Mas sabia que não merecia. Remus deveria estar com tanto nojo. Cada célula de si revirando-se em traição, dor, raiva e um vazio anteriormente ocupado pelo amor. Remus não sabia a verdade. Não sabia. Não sabia. Não sabia.

Foi culpa de Pettigrew, me desculpa, Moony, eu falei para James deixá-lo como fiel e assim foi feito. Não foi minha culpa. Não foi minha culpa. Não foi minha culpa. Não, foi minha culpa. Foi, sim, minha culpa. Foi minha culpa. Foi minha culpa. Foi minha culpa.

- Grief -Onde histórias criam vida. Descubra agora