a mulher que pensava

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#Nozomi

- Kirari Momobami! - Digo alto em bom tom, no mesmo momento sinto-me ser devorada pelos olhos frios da jovem, enquanto permanecia na porta da sala.

- Nozomi Yoshida! - Me responde em um tom firme.

- Aconteceu algo, para que me chama-se? - Questiono olhando-a fixamente.

- Entre e sente-se! Preciso conversar com você. - Diz a mais nova sentada na cadeira de pernas cruzadas e com sua postura impecável.

- Com licença. - Murmuro caminhando em sua direção, assim que chego perto da mesa puxo a cadeira que ficava próxima a ela e me sento.

- Então...Professora Nozomi Yoshida! - enuncia se levantando e vindo em minha direção. - Venho observando seu trabalho dentro do Colégio e noto o quanto está sendo eficiente. - continua Kirari enquanto me encara fixamente e apoiava suas costas na mesa que havia ali.

- Faço o que posso. - Respondo encarando-na sem perder o contato visual.

- Sabe professora Nozomi, fico aqui pensando como uma pessoa tão renomada como a sra, não possui nenhum tipo de ganância, pois pelo que eu sei todos nós possuímos algum tipo de ganância.... - Se desencosta da mesa e próxima mais de mim.

- Seja ela por um status social, uma boa condição financeira ou até mesmo alguma pessoa. Me diz qual é a sua ganância? - Interroga-me enquanto uma de suas mãos de repente se encontram muito perto de meu rosto, até que em um pisca de olhos estão em minha face.

Aquele frio olhar, era tão diferente de qualquer coisa que já havia visto até hoje.

Era como se ela estivesse lendo os meus pensamentos mais obscuros.

- A única ambição que tenho é ter uma vida humilde mais confortável. - digo sem vacilar, enquanto Kirari me dá un sorriso de lado.

- Quero que saiba que, aqui dentro desse Colégio nada me passa despercebido, podem tentar esconder as coisas de mim professora, mais sempre saberei o que se passa em Hyakkaou. - indaga apertando meu rosto. - Sei que vem se aproximando da minha nova secretária e também sei muito bem quais são suas invenções.

- Você está equivocada! Jamais pensei e nem faria algo desde tipo. - tiro bruscamente sua mão de meu rosto, levanto da cadeira abruptamente e me afasto dela. - Se é só isso que tem para me falar, com licença que já estou de saída. - faço gestos como se eu fosse caminhar para sair daquela sala, enquanto eu a encaro.

- Antes de você ir tenho um aviso para lhe dar. - indaga cruzando os braços a cima do peito e com o olhar frio sobre mim . - Cuidado ao achar que está passando despercebida, pois eu estou de olho em você. - completa.

- Como já havia dito antes com licença, tenho muitas coisas para fazer se me permite. - me viro de costas para ela, caminho de cabeça erguida até a porta e saiu da sala sem olhar para trás.

Ao sair de lá senti um alívio instantâneo invadir todo meu ser, relaxo um pouco meus ombros que se encontravam tensos pelo ocorrido e caminho de volta para a sala dos professores.

Prossigo caminhando por todo o extenso corredor, desço as grandes escadas que ficavam no final do mesmo e contínuo prosseguindo pelo corredor de baixo até chegar lá.

Assim que chego, abro a grande porta que havia em minha frente e adentro o local que se encontrava vazio.

Olho para o relógio e sinto um pouco de alívio por ver que ainda faltavam 1 hora para dar aula.

Sigo em direção ao grande sofá de couro vermelho que se encontrava perto de uma janela e sento no mesmo.

Fecho meus olhos e tento recapitular tudo que ocorreu até agora, era como se um filme sobre a minha vida passasse na minha cabeça.

Há certas coisas sobre minha vida nas quais eu não me arrependo.

Já haviam se passado exatamente quatro anos, desde que sai da Coréia do Sul deixando tudo para trás, desde uma enorme casa até meu casamento falido.

No início foi muito difícil, pois me encontrava perdida sem saber o que fazer, até que uma amiga minha que morava no Japão me chamou para morar com ela em seu apartamento...

- Nozomi! - escuto uma voz feminina de longe me chamar. - Nozomi! - escuto novamente a mesma voz me chamar.

Abro os olhos e vejo uma figura alta em minha frente, olhando para mim.

- Olá Professora Jinja! - digo me endireitando no sofá, pois estava toda largada e a saúdo formalmente.

- Não me chamar assim Nozomi. - Sei que está chateada pelo que eu te disse mais cedo sobre o negócio da aluna e não tem o por que de você está assim comigo. - diz Aika com um tom preocupado.

Aika era minha melhor amiga desde o ensino fundamental.

Nós éramos inseparáveis, aonde uma ia a outra também ia e prometemos uma a outra que jamais iríamos nos separar.

Até que um dia a grande impresa que meu pai tinha de tecidos faliu e meu pai descidiu que assim que eu completasse 15 anos arrumaria um casamento arranjado para mim e assim fez.

Conforme o passar dos anos, Aika veio embora para o Japão e eu continuei na Coreia do Sul...

- Também estava rolando boatos por ai, que a presidente do grêmio estudantil Kirari Momobami, queria conversar com você! O que ela queria? - diz de braços cruzados e me olhando.

- Ela só queria me elogiar. - minto.

- Ah sim! Vai comigo para casa hoje?

- Vou!

- Você está me escondendo algo?

- Não!

- Ultimamente você anda muito estranha Nozomi.

- Eu estou normal Aika! - digo sem encara-la

- Se diz! - indaga enquanto se senta perto de mim. - Quero que saiba que eu me preocupo com você. - continua.

- Sei disso.

Quando sinto que ela estava prestes a falar mais alguma coisa, o sinal toca me salvando de qualquer pergunta que poderia ser feita.

- Vamos Aika! - digo enquanto me levanto.

- Pode ir! Não tenho mais aulas para dar. - fala se endireitando no largo sofa. - Vou tentar descansar um pouco agora e daqui a pouco vou tentar corrigir alguns trabalhos que os alunos me devolveram.

- Está bem! - olho diretamente para ela, que se encontrava de olhos fechados.

Pego minhas coisas que estavam na mesinha de centro, que havia perto do sofá e saiu para dar aula.

Ando pelos corredores e vejo o grande quadro que lá havia dos horários.

Vejo a sala na qual vou ir e sigo em direção a mesma, na qual não era tão distante dali.

Assim que encontro a sala, adentro a mesma dando "boa tarde, a todos".

Coloco minhas coisas em cima da mesa e começo a dar aula sobre o Japão Oriental.

Após terminar de passar no quadro começo a explicar sobre o assunto e acabo me empolgando na explicação que nem percebo o tempo passar rápido e que o sinal da saída já havia sido tocado.

Só acabei percebendo quando Aika se encontrava encostada no portal da porta.

Então dispenso a turma e pego as minhas coisas para irmos para casa.

Saímos dali e seguimos em silêncio rumo até o estacionamento.

Chegando lá paramos em frente ao seu carro cinza da marca Mitsubishi Galant 1998.

Entramos no carro e seguimos para a casa

A secretaria da presidente Onde histórias criam vida. Descubra agora