Evidência n° 2: a mensagem anônima

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–E então?– Perguntou Parks, vendo eu chegar de canto de olho. Parecia estar digitando algo no computador do quarto dos irmãos Silver. –Como foi com os pais?

–Nada de novo.– Como esperava de uma família de feiticeiros, a casa era bem espaçosa e cheia de vasos, móveis e quadros esquisitos e caros. –Os Silvers tem feito de tudo para encontrar o filho mais velho, mas sem sinal. Também aproveitei para ver o lugar por onde o familiar tinha saído, mas não achei quaisquer rastros de pelo ou vestígios de arcana.– Eu então reparei no garoto mais novo, que estava ao lado da minha companheira, gorduchinho como o irmão o descreveu. Parte de seu rosto estava coberta por uma franja loira. –Então é você o Fausto?

O garoto me olhou em silêncio, com uma expressão cansada no rosto, a mesma que vira no rosto dos pais. Estava a dias sem sinal do irmão. Parecia um olhar de desesperança.

–Miller, venha me ajudar.– Disse Joana, saindo de perto do desktop. –Você é quase um adolescente, deve saber usar um computador melhor do que eu.

–Ei!– Protestei. Quando cheguei mais perto, reparo que Joana estava tentando entrar no e-mail de Luís. –Oh. Você acha que ele pode ter falado com alguém por aí?

–Ele passou bastante tempo no computador nos dias antes de sumir, segundo nosso pequeno informante. Mas parece que, se em algum momento ele deixou as senhas salvas no computador, ele as excluiu.

–Ele sempre deixava suas contas abertas no computador.– Disse Fausto, com o mesmo tom de voz deprimido que eu tinha ouvido dos pais. –Ele tinha preguiça de ter que logar o tempo todo.

–Faria sentido então ele apagar as senhas se tiver algo a esconder.– Disse, concluindo a linha de raciocínio de Parks. –Mas então como podemos decifrá-las?

–Eu estou tentando algumas coisas, como o nome dele, dos pais, do irmão, do furão, do curso, mas tudo sem sucesso. Se tivermos que chamar um tecnomago para isso, vamos perder o dia inteiro só com burocracia.

–Não, isso não vai ser necessário, só temos que raciocinar... Como você sabe que ele estava usando o e-mail para conversar, e não o Twaether, o Faebook ou alguma outra rede social?

–Isso não importa agora, ele usava a mesma senha em todo canto.– Respondeu Fausto. Pelo menos isso nos pouparia um baita trabalho, mesmo não parecendo exatamente seguro para Luís.

–E você não lembra de ele ter lhe dito a senha antes?– Pergunto ao garoto.

–Não, mas... Espera!

–O que foi? Se lembrou de algo?

–Lembrei sim! Uns anos atrás eu recebi um e-mail com uma senha dele, porque ele tinha esquecido a do Faebook. Isso quando ele ainda usava senhas diferentes nos cantos.

–Parks! Você tentou apertar em "esqueci minha senha"?– Ela fez que não com a cabeça, parecendo envergonhada por não ter tentado isso. Quando apertei o botão, apareceu uma pergunta para confirmação de identidade: qual sua cor favorita?

–Prateado.– Disse o irmão. –É o tipo de coisa que ele botaria.

Depois disso, outra pergunta: qual foi seu primeiro animal de estimação?

–Tenta o nome do furão, Marmanjo.– Sugeriu a detetive.

–Não.– Disse Fausto. –Vai ser o nome do familiar da mamãe, Belinha.

–Deu certo!– Comemorei. –"Um e-mail com sua senha foi enviado para o seguinte endereço:"– E em seguida dizia f*******@smail.com, que assumi ser a conta do mais novo.

–Certo.– Disse o garoto, mexendo no seu celular. –A senha dele é... Zero, tipo, o número, ú, érre, ó, bê, ó, érre, ó, ésse maiúsculo.

A Conspiração da OuroborosOnde histórias criam vida. Descubra agora