Dois

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Foi interrompido do seu descanso com alguém batendo em sua porta, ele bufou e se levantou para abrir a porta.

— Aconteceu algo? - Era seu pai, ele fumava um charuto e segurava outras coisas na mão.

— Nada muito serio, eu só queria saber se você, meu filho, poderia ver o telhado, sinto que há algo encima que nos atrapalha a noite.

— Claro, posso.

— Muito obrigado, meu filho. De noite estamos pensando em sair, o que acha?

— Hm, para onde?

— Terá um salão de dança hoje, com salsa e tudo.

Hyunjin soltou um sorriso alegre, morria de saudades de dançar num salão, estava torcendo para que seja como antigamente.

— É claro, Papa, vamos sim.

— Ótimo. - Deu um sorriso. — Agora va ver o telhado, hm? - Acariciou o braço do filho e saiu.

Hyunjin ficou animado, tirou o corset que apertava seu abdômen e colocou pantufas, na mansão eles não gostavam de entrar com sapato, então maioria das vezes ficavam  descalço. Pegou Percy, seu morcego, e foi até a janela, e como é um vampiro e consegue flutuar, ele apenas voou até o telhado da mansão preta.

— Hm, vejamos o que tem de errado aqui. - O telhado tinha um formato triangular na área do seu quarto, ele olhou por todo local e foi para o outro telhado mais alto, onde tinha uma portinha onde guardavam coisas antigas. — Nada aqui.

Quando foi para o telhado mais alto viu um montinho de terra relativamente grande e uma entradinha, ficou bem confuso e quando foi olhar dentro deu risada.

— Percy! Não acredito que estava aqui o tempo todo!

Ele brincou com o morcego que estava no seu ombro, que ficou animadinho. O animal vivia com Hyunjin desde o começo dos anos 2000, e quando ele sumiu o garoto ficou devastado.

— Percy, você me assustou tanto.

Ele pegou o animal nos dedos, como um pássaro, fez carinho na cabeça dele e fez um som semelhante ao animal. Vampiros tinham esse dom de fazer esse som aspirado para assustar suas presas, iguais os de um morcego. Percy balançou as asas fazendo o mesmo som.

— Nunca mais faça isso, você fazia barulhos irritantes a noite.

Ele colocou o animal na cabeça e foi até a portinha no outro telhado, abriu e entrou no quarto. Tinham várias coisas lá de cada século, guardavam como lembrança, também tinham pertences de Joana, como uma almofada que não dormia sem, acessórios e algumas roupas. Olhou para suas coisas e deu um sorriso.

— Eu acho que estou te reencontrando, minha amada, mas você está diferente. Lembro-me perfeitamente quando disse a mim que gostaria de viver no corpo de um homem, na época eu não tinha entendido, mas não fiquei com raiva, você sabe. Parece que hoje finalmente conseguiu o que queria, não é? - Sorriu. - Estou feliz por ter a oportunidade de ver seu rosto mais uma vez, querida, não mudou nada.

Ele pegou o vestido que a menina usava quando morreu e abraçou, tinha algumas manchas de sangue do lado do vestido em que foi mordida, nunca irá se desfazer daquela peça.

— Você acha que um dia conseguirei superar toda a culpa que sinto? Você não deveria ter morrido, meu amor. - Seus olhos se encheram. - Quero tê-la de volta.

O morceguinho que antes estava na sua cabeça voou até seu sua perna e deitou lá, o dono aproveitou para fazer um carinho nele.

— Acho que irei conseguir ter você de volta. Eu vou.

My long life Onde histórias criam vida. Descubra agora