Oito

349 23 6
                                    

Levantar da cama quando se está num estado depressivo não é nada fácil, se olhar no espelho e não conseguir se ver era agonizante. Jeongin olhou para seu reflexo, seu rosto estava pálido, olheiras profundas e seus lábios todo machucado.

Após o ocorrido daquela noite, o Yang não conseguia dormir direito, pesadelos toda noite, onde acordava com um grito e sua mãe ter que correr ao seu quarto e deitar abraçado com ele, acariciando seus cabelos enquanto chorava em seus braços. A mulher sabia sobre Hyunjin, não por ele ser um vampiro, óbvio, mas sim sobre a paixão do filho pelo garoto, quando Jeongin volta para casa, ele diz que brigou com Hyunjin, recebeu apoio da mãe, foi abraçado e foi permitido chorar em seus ombros.

A falta que ele fazia era grande, muito grande, maioria do dia ele pensava no maior, no seu sorriso, seu beijo, seu abraço, sua frieza corporal em choque com seu próprio corpo quente, até as unhas geladas faziam falta.

Mas o que ele fez era difícil suportar, seu pescoço doía, ainda conseguia sentir a sensação das presas sendo enfiadas não sua epiderme. As vezes sentia uma onda gelada pelo corpo todo e sua pressão cair, a visão ficar preta do nada e se sentir enjoado. Era ruim.

Estava se preparando para a aula, arrumou o curativo no pescoço e colocou uma blusa básica, estava tão deprimido que realmente não se importava com o que usava. Estava muito calor, mas não hesitou de colocar uma calça de moletom preta e um tênis.

Ele também estava mais magro do que o normal, o que deixava Jeongin ainda mais triste, pois sempre teve repulsas sobre seu corpo, era difícil demais engordar, desde muito novo sempre estava abaixo do peso e seus médicos receitavam remédios que ao invés de ajudar só piorava, o fazendo vomitar. Graças a adolescência e hormônios conseguiu ganhar peso, mas ainda tinha que seguir uma rotina para que aquilo não decaia, porém a tristeza e o desânimo não são aliados a esse tipo de vida, isso fez com que o garoto não conseguisse levantar da cama e comer, coisas básicas, ele não conseguia, só sabia chorar e pensar em Hyunjin, na dor no pescoço e no que o amado fez.

Já estava fora de casa caminhando para a escola, sua cabeça com mil pensamentos diferentes, até se lembrar que Hyunjin não vai a escola a uma semana. Céus, ele fazia tanta falta, era ruim ser questionado a todos os professores por que o menino faltou e ter que segurar o choro dizendo que não sabe o motivo. As aulas eram chatíssimas sem ele, sem as discussões entre ele e os professores sobre a matéria, sem ter ele rindo baixo quando um colega fala algo super fora do assunto da matéria ou ele anotando no quadro.

Adentrou os portões do colégio, andando arrastado até o seu grupo de amigos. Foi recebido por Bangchan de braços abertos, Jeongin só sentou e foi abraçado. Sinceramente, Bangchan tinha o melhor abraço, ele sabia direitinho se uma pessoa ta triste ou não, ser recebido por um abraço daqueles era a melhor coisa do mundo. Deitou a cabeça no ombro dele, olhando para baixo e tentando controlar o choro, o que é bem difícil, então escondeu seu rosto no pescoço dele e chorou.

Não ficou muito tempo chorando, na verdade foi tipo, um minutinho, apenas algumas lágrimas teimosas querendo sair de uma vez dos belos olhos puxados e pretos do mais novo, que logo tirou seu rosto de lá e deitou no ombro do seu hyung mais uma vez. Sempre será grato por Bangchan em tudo.

Seus amigos não conversavam, só trocavam olhares, alguns liam um livro e algo assim, o clima estava meio pesado essa última semana e três dias. Até que viu Han com a cabeça em direção ao portão e seus olhos arregalarem, ele levantou rápido, atraindo toda atenção do grupo. Jeongin olhou para lá também, ficando surpreso. Era Hyunjin.

Ele usava uma calca e um moletom, todos pretos e largos, parecia que usava uma toca e óculos de sol, ele olhava para baixo também. O garoto estava cambaleando, o que deixou Jeongin um pouco preocupado, Han conversou um pouco com ele, sua reação foi levantar um pouco os ombros como se tivesse desconfortável, depois foi abraçado pelo amigo na cintura que o acompanhou até a rodinha.

My long life Onde histórias criam vida. Descubra agora