A SALA DA CALDEIRA

Parte 1- A SALA DA CALDEIRA

Yaman
Quando seu corpo já foi espancado, perfurado a balas tantas vezes, quando você já foi preso por um crime que não cometeu e pagou por isso por 8 anos, quando seu coração já foi massacrado pela própria mãe e pelo suicídio do pai, pode o tempo passar, coisas boas podem acontecer, você pode conquistar grandes vitórias, mas o pesadelo que foi sua vida continua dentro do seu peito.

Você vive e revive aquele pesadelo incontáveis vezes, todos os dias, até que aquilo se torna parte do que é. Você não se encontra mais em lugar nenhum que não seja na sua própria dor. Ela se torna uma companheira, sua própria droga para continuar vivendo. Sem sua dor, não se reconhece mais.

Minha dor e minha escuridão são parte de mim. Não sei viver sem elas, portanto quando fui atingido por aquela mulher, a tia de Yusuf, eu quase perdi a cabeça.
Ela tem algo que não sei explicar.
Tentei afugenta-la de todas as formas porque sei que quer tirar meu legado de mim.
Ela acha que Yusuf é seu legado.
Tola!
Yaman Kirimli jamais deixará que uma mulher crie seu legado.

Apesar de todas as minhas tentativas para afasta-la eu tinha que admitir que a mulher era determinada e não tinha nenhum medo de morrer.

Nunca na minha vida conheci alguém tão obstinada, nem meus mais ferozes inimigos.

Mas minha última cartada tinha sido lançada. Desta vez ela desistiria.
Nedim conseguiu pedir uma ordem de restrição na justiça. Ela não podia estar a menos de 10 metros de Yusuf ou seria presa. Sua tentativa patética de sequestrar Yusuf tinha me dado armas para lutar. Agora a lei estava a meu favor e não havia nada que pudesse fazer a respeito.
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Seher
Eu odeio este homem!! Odeio!
Eu não odeio ninguém na vida, não sabia o que era este sentimento até conhecer Yaman Kirimli!!

Só quero meu legado. Só quero cumprir a promessa que fiz a minha irmã.
Não me importa se ele é poderoso, não me importa se tenta me intimidar. Vou criar meu sobrinho.

Eu não me importo com suas ameaças. Sua voz grossa não me intimida, sua cara brava não me da medo.
O que eu sinto quando o vejo e só ódio.

Acabo de receber um papel que me impede de chegar perto de Yusuf.
Este homem ainda acha que um papel vai me impedir de ver meu sobrinho.
Pois não vai!
Jamais deixarei meu legado ser criado por aquele selvagem!!!
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Yaman
Aquela mulher está no portão novamente. Ela olha para a câmera como se soubesse que eu a observo.
Droga de mulher.
Já estou farto.
Saio do meu escritório como um raio. No caminho vejo Cenger vir em minha direção dizendo algo. O ignoro.

Que merda ela estava fazendo aqui???

Caminho até o portão, meus olhos fixos nos dela. Ela me desafia com seu olhar e eu mostro quem manda ali com o meu olhar.

Meus homens abrem o portão quando me aproximo e a mulher vem correndo para mim.
Então ela faz algo inesperado.
Sua pequena mão atinge meu rosto com tudo.
Me da um tapa na cara sem dizer nada.
A ardência sob minha barba era ...
Não sei explicar.
Ao contrário do que ela certamente pretendia, não doeu nada. Pelo contrário. Aquele tapa teve efeito direto em uma parte mais sensível do meu corpo.

Temi que meus funcionários percebessem o efeito que ela teve em mim então, com a mão, despacho eles para outro lugar.
Ela ameaça dizer alguma coisa, mas não permito.
- Quando é que você vai desistir, mulher?
Ela me lança seu olhar atrevido.
- Você acha mesmo que um pedaço de papel vai me impedir de ver meu sobrinho???
- Eu não vou permitir que você leve meu sobrinho. Nunca!
Ela se aproxima de mim devagar e pela primeira vez sinto minha força me trair. O perfume dela invade meu nariz como veneno. Meu corpo reage de forma violenta ao seu cheiro. Eu detesto isto.
Ela chega bem perto de mim e, apesar de testar todos os meus limites, mantenho minha postura.
- Quando é que vai entender que eu não vou desistir? Quando é que vai entender que eu não tenho medo das suas ameaças???Eu não tenho medo de morrer!!! Eu.... não ... tenho.... medo.... de... você.
Sua última frase foi dita em um sussurro ameaçador.
Então pela segunda vez me surpreendo. Desta vez comigo mesmo.
Minhas mãos agarraram seus braços com força. Aquela voz sussurrada perto do meu ouvido me deixa borbulhando. Meu ódio cresce quando percebo que minha vontade era de tomar aquela mulher para mim. Minha inimiga.
Eu tento de toda a forma me afastar, mas seus grandes olhos verdes me prendem ali, como se me hipnotizassem.
Dentro do meu peito, uma tormenta se forma. O mar revolto com ondas altas fazem meu coração bater forte e rápido.
Naquele momento eu percebo que tinha acabado de perder uma guerra.
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