A Gosma

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La estava eu no meu banheiro, a gosma que escorria por meus olhos e boca manchando minha roupa, eu odeio quando isso acontece.

Minha visão ficou embraçada, senti mais daquele líquido grudento saindo de minha boca, parece que a minha “doença” ficou pior.

Começou quando tinha entre meus 7 ou 8 anos de idade, eu era uma daquelas crianças encrenqueiras sabe, que sempre fica de castigo ou que sempre vai para detenção. Meu pai tinha acabado de morrer, então tive que morar com a minha mãe e eu gostava dela, mas...sentia algo estranho quando chegava perto dela, meu pai nunca me deixava ver ela depois que eles se separaram.

Não sabia o porquê eles se divorciaram, meu pai sempre evitou falar disso e quando perguntava, evitava responder, quando cheguei na casa da minha mãe vi que ela estava gravida, eu iria ter uma irmãzinha! Fiquei contente a princípio, sempre quis uma irmã. Também tinha meu tio que cara...ele me assustava, sempre me olhando de forma estranha, as vezes ele sussurrava algumas palavras sem sentido e me contava histórias assustadoras sobre demônios que me deixavam acordada por semanas. Um dia até vi ele falando coisas estranhas com algum tal de “Jeff” de madrugada.

Alguns meses depois de me mudar para lá, minha irmã Beatrice nasceu, tinha olhos verdes igual ao meu pai e cabelos ruivos igual a min e minha mãe.
Na hora que vi ela faltava pular de alegria, ela era tão linda! Minha irmãzinha virou a coisa mais importante do meu mundo, ela me lembrava muito o meu pai, passávamos o dia todo brincando de boneca, pega pega, esconde esconde etc.

Minha vida parecia perfeita...mau sabia eu o que iria acontecer.

Minha mãe e meu tio não se importavam muito comigo, mas quando a Bea (apelido criado por mim)
nasceu eles me ignoravam muito mais, só falavam comigo quando necessário e me respondiam de forma seca.
Nessa época eu já tinha meus 14 anos de idade, já sabia me virar sozinha já que meus parentes não se davam o trabalho de fazer isso, só Bea me dava atenção, o que fez minha rebeldia aumentar, também queria a atenção deles mesmo sendo muito estranhos e que falassem de um tal “dia da oferenda”.

Tudo piorou no dia que fiquei acordada até tarde fazendo meu trabalho de história, eu tinha ficado 3 horas escrevendo, precisava de um copo d’agua e de uma bela noite de sono. Olhei o relógio e marcava 2 da manhã, todos da casa deviam estar dormindo a essa hora então devia ser silenciosa.
Sai de meu quarto e quando fui descer as escadas vi que a luz da cozinha estava acesa, também escutava as vozes de minha mãe e meu tio, parei em alguns degraus perto do final da escada para escutar da conversa. Pior decisão da minha vida.

Eu escutei TUDO e a cada palavra que saia da boca deles fazia todos os pelos do meu corpo se arrepiarem, falavam como iam cortar o corpo de minha irmã, que iriam matar ela em seu aniversário de 7 anos, olhei meu celular com a mão tremula e vi a data, isso seria daqui 1 semana. Meu tio literalmente disse que iria fazer coisas “divertidas” com o corpo de minha irmã e minha mãe RIU, senti vontade de vomitar naquela hora, tive que tampar minha boca tentando controlar a anciã de vomito junto com o pânico.

Minha mãe contou que meu pai atrapalhou tudo quando se divorciou dela:

“eu iria usar a pirralha da Nichole, mas aquele merdinha do Thomas tinha que atrapalhar, tinha sido uma luta convencer ele a ter filhos, mas ele foi útil como sacrifício, espero que ele tenha nos desculpado pelo ocorrido”, meu tio completou depois:

“mesmo Nichole virando uma inútil, ela até que tem um corpo bem bonito”

“Você não acha estranho ficar olhando o corpo da sua sobrinha?” perguntou minha mãe num tom divertido.

A gosmaOnde histórias criam vida. Descubra agora