A gosma

A Marca

Já faz 2 dias que ela não acorda, será que cheguei tarde demais? Minha preocupação aumenta a cada segundo que passa, eu fui um idiota em não perceber que essa “doença” da Nichole era uma desculpa para esconder o que realmente era aquilo.

Sinto as marcas pelo meu rosto começarem a queimar, essa droga parece crescer a cada dia, não posso nem sair de casa sem causar suspeitas.Esperei 2h sentado na poltrona perto da minha cama onde Nichole estava deitada até ela começar a acordar, graças a deus! ela está viva, sinto um peso gigante saindo de minhas costas, ela se senta na cama e seu olha passa pelo quarto até chegar em mim.

Ela toma um susto ao ver meu rosto, não a julgo, as marcas estão bem ruins, ela segura um grito e me pergunta:

‘’Leo? Onde eu estou? Oque é isso no seu rosto? Como você me levou até aqui? O que -”

“Calma Nichole, eu já vou te explicar tudo, mas eu preciso que você fique calma”

Ela fecha os olhos e respira fundo, me levanto da poltrona indo em sua direção, ela se encole um pouco ainda me olhando assustada, sento-me ao seu lado e começo a falar:

“Primeiro, eu não sou parte daquele culto, na verdade a última coisa que eu sou é alguém que concorda com aqueles babacas, eu percebi o que estava acontecendo quando fui te ligar, você não respondeu então fui à sua casa ver se estava tudo bem e ouvi os sons dos seus vômitos. Depois te trouxe aqui para minha casa onde você apagou por 2 dias, fiquei preocupado pra caramba”

“mas...como você sabe sobre o culto?”

“meu pai criou ele, percebi que envolvia você quando vi a gosma preta, por um certo tempo eu também comecei a vomitar essa...coisa”

“E o que são essas coisas por seu rosto?”

“acho melhor te contar tudo dês do começo”.

Essas coisas estranhas começaram quando tinha 12 anos, minha família era como qualquer uma, minha mãe em casa cuidando de mim e de meus dois irmãos mais novos enquanto meu pai trabalhava o dia todo em uma fábrica.

Eu dava um certo trabalho mas não fazia nada de mais, só algumas suspenções, meu pai começou a voltar bêbado para casa o que preocupou minha mãe, ele já tinha um problema com álcool , só parou quando minha segunda irmã mais nova nasceu, falando em meus irmãos, eu não gostava deles, meus pais só davam atenção para eles e basicamente me ignoravam, só lembravam que eu existia quando era para me dar uma bronca ou no caso de meu pai me bater porque não me comportei direito.

Por causa disso, sempre ignorava meus irmãos quando eles me chamavam para brincar, mas meus pais me obrigavam a passar tempo com eles, um dia meu pai voltou muito estranho, ele tinha desenhos estranhos pelo corpo e quando minha mãe perguntou o que era aquilo ele disse que um tal de Max tinha o levado para algum lugar estranho e eles viram algo incrível.

Meu pai parecia um doido, a cada dia ele voltava para casa ainda mais estranho falando de um ser que o daria todo o poder se ele o servisse e o admirasse, um dia quando ele me buscou da escola ele me levou até esse lugar estranho, era uma igreja abandonada, tinha vidraças com uma criatura estranha, no fundo havia uma estatua gigante da mesma, ela parecia me olhar, meu pai me levou até um altar na frente dela e me disse:

“aqui é onde ele consegue seu alimento, onde nós o admiramos, um dia você vai estar aqui filho e será abençoado com o seu poder”

Eu não sabia o que se passava com ele, fiquei extremamente assustado, ele não parava de falar que eu iria fazer parte de algo incrível, que seria o escolhido, minha mãe não sabia mais o que fazer, não podia se separar dele, ela nem trabalho tinha, como iria cuidar de mim e de meus irmãos. O dia que comecei a me preocupar ainda mais foi quando meus irmãos tiveram uma peça na escola e meu pai nos buscou, ele parecia desnorteado, ele parecia extremamente bêbado, meus irmãos não entendiam o que estava acontecendo, mas eu sim.