Nunca pensei que um banho me renderia tanto prazer. As mãos de Arthur deslizando sobre meu corpo, querendo explorar cada curva que tivesse e fazendo que um frio na barriga se instalasse quando sua mão parou de descer ao chegar onde queria. Também nunca pensei que o dia terminaria de forma tão aterrorizante.
Depois do banho, Arthur disse que tinha um trabalho a fazer com John. Thomas sempre deixava o trabalho sujo para os dois, enquanto era o cérebro dos Peaky Blinders. Meu marido se despediu com um "até mais tarde" e um sorriso estampado em seu rosto. Tentei ignorar o frio em minha barriga e deixei nossa casa, paralisando com a mão sobre a maçaneta. "Nossa casa". Nunca pensei que me juntaria desta forma com um Peaky Blinder.
━━━ Elisa! ━ Rogerio se aproximou com um largo sorriso em seu rosto. ━━━ Um italiano bem cheio da grana pagou o triplo do que a Camille pediu, essa mulher é nosso maior tesouro.
Meu primo estava empolgado, enquanto eu me aproximava do local onde guardávamos nossas armas roubadas. Desde a noite em que Sophie apareceu na porta de meu quarto dizendo que sua mãe estava machucada e que não se sentia segura, comecei a pensar em uma forma de libertá-la da prostituição. Não apenas Camille como minhas outras meninas, elas me odeiam por entregá-las em troca de dinheiro, sempre fui muito rígida no treinamento e todas possuem uma marca a quem pertencem de verdade. Tenho pensado em uma forma que não envolva entregar o corpo, mas talvez suas vidas seja o preço a ser pago.
━━━ Não gostei da sua expressão. ━ Ele disse, aproximando-se. ━━━ Elisa, o que está pensando? Deveria estar feliz!
━━━ Não venderemos mais o corpo de nossas garotas. ━ Disse, certificando-me que a Colt M1911 .45 em minhas mãos estivesse descarregada. ━━━ Não fique tão surpreso, sabia que em algum momento eu perceberia o quão cruel estávamos sendo. Por que seus homens são os únicos que podem enfrentar o perigo e minhas garotas devem satisfazê-los contra a vontade?
━━━ Elisa, você ouviu o que disse? ━ Rogerio estava com seus olhos arregalados, como se estivesse chapado. ━━━ Isso é insano! Somos uma dupla, lembra? Um italiano cheio da grana quis os serviços de Camille, estamos lucrando graças a elas!
Carreguei a arma e mirei na testa de meu primo que levantou suas mãos na altura dos ombros em forma de redenção, dando dois passos para trás.
━━━ "Estamos lucrando graças a elas" e você se importa com o bem estar delas? Não quero continuar sendo sua dupla se continuarmos machucando mulheres que fazem o necessário para sobreviver.
━━━ Abaixa essa arma e vamos conversar com calma, Elisa...
━━━ Não temos o que conversar, priminho. Está decidido. Levarei minhas garotas para longe da prostituição, estaremos armadas, mas posso deixar as drogas em suas mãos. É apenas isso que você consegue lidar mesmo. ━ Abaixei o colt e descarreguei, colocando-o sobre a mesa de madeira. ━━━ As armas serão minhas, assim como esta casa.
Rogerio riu, mas não havia um traço de humor em sua voz.
━━━ Acha que sairá com tudo? ━ Olhei em sua direção, apoiando-me sobre a mesa de madeira. ━━━ Pode levar seu sentimentalismo e suas garotas, mas deixe que os homens lidem com as armas de fogo, sim?
O sorriso cínico em seus lábios, a aproximação de seus passos... eu não sabia que seria capaz de matar alguém de minha própria família, mas Rogerio estava me chamando de fraca apenas por ser mulher. Apertei o gatilho e vi a bala da arma que estava em minhas mãos atravessar seu crânio, fazendo os joelhos de meu primo ceder antes de seu corpo cair em meus pés.
Seu sangue formou uma poça sob meus sapatos e estava espirrado em meu rosto. Abaixei minha arma e passei minha mão sobre minha bochecha, vendo-a tingida com vermelho. Naquele momento, me tornei uma verdadeira assassina. Um monstro capaz de matar a própria família para manter os negócios onde queria, mas o pior de tudo, eu não senti culpa.
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Assim que terminei de limpar as armas, olhei novamente para o corpo de Rogerio sem vida no chão. Suspirei, mas não por remorso e sim por imaginar o que faria com seu corpo. Ouvi passos descendo os degraus que rangiam como se fossem desabar e ao levantar o olhar, Arthur estava no último degrau com seu terno ensanguentado e sangue espirrado em seu rosto. Ele olhou para mim, uma expressão confusa surgiu ao ver que assim como ele, eu também estava com sangue espirrado. Como se o que ele fizesse, eu também faria. Uma conexão maluca que me fez prender a respiração quando ele abaixou seu olhar para o cadáver em meus pés.
Meu marido passou as mãos em seu cabelo perfeitamente arrumado, voltando a olhar em minha direção.
━━━ Falarei com Tommy sobre isso. ━ Sua voz grossa estava séria e então, desviando do corpo e se aproximando de mim, colocou suas mãos sangrentas sobre minhas bochechas. Arthur parecia procurar um machucado e suspirou, visivelmente aliviado ao ver que não tinha nem mesmo um arranhão. Ele beijou minha testa, fazendo com que lágrimas se acumulassem em meus olhos pela ternura de seu gesto, mesmo que suas mãos manchassem minhas bochechas com mais sangue, senti seu carinho e isso me emocionou. ━━━ Está tudo bem, Elisa. Estamos juntos, na alegria e na tristeza.
━━━ No melhor e no pior. ━ Disse em um tom baixo, quase um sussurro. Abri um pequeno sorriso e então retribui seu abraço, aconchegando-me sob seus braços.
Arthur deveria estar sorrindo, meu marido é como um cão completamente fiel ao seu dono e qualquer gesto de carinho o faria feliz. Ele não me olhou como se fosse uma aberração, mas como se estivesse olhando para o que faltava em sua vida. Agora tenho certeza que escolhi o Peaky Blinder certo para o casamento, não apenas para os negócios que tenho em mente, mas pelo coração puro feito de uma criança que meu marido tem.
Me apaixonar não fazia parte de meus planos.
AGORA O NEGÓCIO VAI COMEÇAR A FICAR BOM, PROMETO!
que saudades da minha Elisa.
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𝐇𝐄'𝐒 𝐍𝐎𝐓 𝐀𝐒 𝐂𝐎𝐎𝐋 𝐀𝐒 𝐌𝐄 ━ peaky blinders
Fanfiction↳˳⸙;; 𝐇𝐄'𝐒 𝐍𝐎𝐓 𝐀𝐒 𝐂𝐎𝐎𝐋 𝐀𝐒 𝐌𝐄 ꒱ | ೃ࿔ Depois da corrida Epsom, Thomas Shelby disse que estava na hora de se casar. Com essa decisão tomada, Arthur também começou a pensar no matrimônio como uma opção. Elisa Romero estava ficando mai...