Capítulo único

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A porta lentamente se abriu enquanto a voz de Luffy ecoava, conversando animadamente com alguém. Não era nenhuma novidade o caçula da família trazer amigos esporadicamente para casa para se divertirem, assistir algum filme ou jogar algo no videogame.

Por tal motivo, nenhum dos irmãos do menor se desgastaram para fazer algo diferente do que já faziam: Sabo assistia TV enquanto Ace estava em seu quarto jogando algum jogo online com os amigos. 

— Vem, Tral, quero te mostrar o jogo novo que eu comprei — anunciou o moreno passando seu braço pelo do tatuado, guiando-o pela casa até chegarem a sala onde Sabo estava esparramado no sofá — esse é o meu irmão, Sabo — apresentou o moreno chamando a atenção do loiro para a nova figura ali presente.

— Trouxe um amigo novo? É um prazer conhecê-lo — comentou o loiro se ajeitando no sofá e estendendo a mão em cumprimento para o tatuado.

— É um prazer conhecê-lo, me chamo Law — apresentou-se o tatuado apertando a mão alheia. 

— É o meu namorado — completou Luffy sorridente se direcionando para a TV e conectando os cabos do videogame — se importa se a gente usar a TV? 

— Claro, à vontade... Seu namorado? Law? — repetiu o loiro franzindo o cenho e olhando para o tatuado, em seguida para o moreno — desde quando?

— Valeu... É, a gente tá namorando faz... Uma semana? — o menor olhou para Law um tanto incerto com as datas.

— Pouco menos de uma semana. 

— Mas a gente tava saindo faz uns meses. 

O loiro pareceu chocado com aquelas informações e se levantou do sofá, se encaminhando um tanto atordoado em direção a escada que levava para os quartos do segundo andar. 

— Ué, tá indo pra onde? 

— Vou falar com o Ace, fiquem à vontade vocês dois. 

Luffy deu de ombros e se jogou no sofá com os dois controles, oferecendo um deles para o namorado. Logo os dois morenos estavam atentos a tela, jogando o jogo de luta que o menor arranjara. 

Estavam totalmente concentrados quando ouviram o som de algo caindo no andar de cima e um "quê?" dito em alto e bom tom. Em seguida, o som de passos descendo as escadas se fez presente e uma figura um tanto esbaforrida surgiu. 

— Como assim você está namorando do nada, Luffy? Que história é essa? — reclamou Ace ofegante pelo exercício de descer as escadas correndo — você não confia mais na gente, é isso? 

— Quê? — o menor fez uma careta confusa para o irmão — do que você tá falando, Ace? Ficou doido? 

Law olhou para Luffy e para Ace em seguida, sem saber muito bem o que fazer, talvez devesse se apresentar para o irmão alheio, mas pela cara do sardento, não parecia um bom momento. 

— Eu fiquei doido? Ou você quem perdeu a confiança nos seus irmãos? Desde quando você está saindo com o... 

— Law — apresentou o tatuado ao ter a atenção do sardento para si.

— Isso, desde quando tá saindo com o Law? Você não contou pra gente! Somos seus irmãos, poxa, sempre falamos sobre tudo sem julgamentos — comentou o sardento em um tom ofendido e dramático — você não confia mais na gente, é isso? 

O menor pareceu ainda mais confuso com aquilo, logo os passos de Sabo retornando para a sala atraíram sua atenção, vendo o loiro visivelmente abalado.

— O Ace tem razão. Desde quando você passou a esconder as coisas da gente? — completou o loiro colocando a mão em seu peito, os olhos um tanto úmidos pelo duro golpe que sofrera — você sabe que não iriamos te julgar se tivesse nos contado que estava saindo com duas pessoas ao mesmo tempo. O Ace já fez pior.

— É, eu já fiz... Ei, não me explana assim. O que o namorado do Luffy vai pensar agora? Que eu sou uma piranha? Tá manchando meu filme, Sabo.

— Não estaria de todo errado — rebateu o loiro com um sorriso provocativo em seu rosto.

— Do que eles estão falando? Você estava saindo com outra pessoa, Lu-ya? — questionou Law tentando entender aquela pequena discussão sem sentido. 

— Sei lá, acho que bateram a cabeça — comentou o menor voltando sua atenção para a tela pausada do jogo — não estava saindo com mais ninguém.

— Como não? Você nunca falou que estava saindo com o Law, quebrou nossa confiança escondendo algo tão importante assim — pontuou Ace cruzando os braços e batendo o pé um tanto ansioso e com o coração ferido pela omissão do menor — fizemos algo errado para você não confiar na gente assim? 

— Claro que eu falei pra vocês, ficou doido de vez, é? 

— Falou nada. Você disse que estava saindo com um tal de Tral, mas não com um Law — complementou Sabo. 

— É... Eu sou o tal de Tral — afirmou o tatuado — o Lu-ya acha difícil pronunciar meu sobrenome e me chama assim.

Os dois irmãos de Luffy abriram e fecharam a boca, trocando olhares confusos. 

— Então esse é o Tral? — questionaram os dois em uníssono.

— Isso, o Tral é o Law, são a mesma pessoa — explicou o menor rindo alto das caras de tacho dos irmãos — vocês acharam mesmo que eram duas pessoas diferentes?

— Porra, Sabo, você me enganou, idiota, eu fiz todo um discurso sobre irmandade e confiança na minha mente — reclamou o sardento.

— Enganei nada, como eu ia saber que Tral e Law eram a mesma pessoa?

— Vocês dois são muito burros — comentou Luffy gargalhando alto. 

— Burro é você — afirmaram os dois.

— Onde já se viu chamar de Tral alguém que tem o nome de Law? A gente tem cara de vidente agora? — reiterou o moreno em um tom irritado — me deixou preocupado a toa, seu idiota, e ainda me fez gastar neurônios pra pensar em uma lição de moral digna de um irmão mais velho. 

— Vocês que ficam tirando conclusões precipitadas — rebateu o menor dando de ombros — vamos voltar pro jogo, Tral. 

— Tá bem... É... Foi um prazer conhecê-los — falou o tatuado voltando sua atenção para o jogo, tirando da pausa. 

— Igualmente — disse o sardento girando em seu próprio eixo para voltar para seu quarto — estarei lá em cima, caso precisem de algo. 

— Foi mal pela confusão, Law. Tem lasanha na geladeira se estiver com fome, só esquentar no microondas.

— Você quis dizer "tinha lasanha na geladeira" — corrigiu o sardento. 

— Quê? Desde quando tinha lasanha na geladeira? Por que ninguém me contou? — reclamou o moreno menor voltando a pausar o jogo e dirigindo sua atenção para o sardento — Ace, seu hipócrita. 

— Eu tava com fome e tava lá no freezer em minha defesa também não sabia que tinha, achei por acaso. 

— Sabo!

— Em minha defesa, eu não contei para ter algo para oferecer as visitas, vocês dois sempre comem tudo.

— Pelo jeito meu discurso sobre irmandade e confiança vai ser útil agora — pontuou o sardento colocando suas palmas sobre os ombros do irmão do meio — olha, Sabo, a confiança é como um espelho, quando você o quebra ele nunca mais é o mesmo.

— Sério que era esse o seu discurso? Que merda.

— Péssimo, vou ter que concordar com o Sabo. Foi a coisa mais ridícula que eu já ouvi.

— Quê? Eu pensei muito pra chegar nisso, tá bom? Seus ingratos. Ei, Law, meu discurso não foi maneiro? 

O tatuado engoliu em seco e passou seus olhos pelos três que aguardavam sua resposta. Maldito, ou bendito, o dia em que pedira em namoro aquele garoto imprudente, idiota e com parafusos a menos em sua cabeça, mal sabia ele que receberia de brinde dois cunhados que eram tão ou mais idiotas que seu namorado. 

Infelizmente, ou felizmente, era apaixonado por aquele garoto e pela loucura e confusão que o acompanhava por onde quer que fosse. 

Então esse é o Tral?Onde histórias criam vida. Descubra agora