Assim que tive a primeira oportunidade, vim a casa de Any para lhe atualizar da conversa. Preferi não falar por celular, queria estar com ela quando contasse.
No momento, estamos os dois no quarto dela enrolados num cobertor comendo brigadeiro e assistindo "Anne with an E".
— Gaby? — A chamo enquanto ela estava focada na cena da conversa entre Gilbert e Bash.
— Sim? — Ela diz comendo brigadeiro.
— Eu conversei com Stella. — Falo e ela pausa a série.
— Sério? — Fala desacreditada enquanto eu assinto. — E... Como foi?
— Ela vai se mudar para o México. — Digo e Any arregala os olhos. — Pois é, tive a mesma reação que você. — Falo e ela ri.
— Ela trancou a faculdade? — Any pergunta curiosa.
— Pediu transferência com intercâmbio. — Falo me ajeitando. — Sabe o que isso quer dizer?
Vejo Any sorrir de leve.
— Acho que sei... — Ela diz e se aproximae dando um selinho rápido.
Flash solta um latido enciumado, fazendo nós dois rirmos.
— Agora só temos um detalhe para resolver... — Any diz cautelosa. — Falar com meus pais.
Any diz e um arrepio de leve.
Sei que eu e Any não contamos nada para a família, mas é nítido que eles sabem. Tanto, que tio Arthur tem me mandado indiretas com leves doses de ciúmes sempre que tem a oportunidade.
Ele e Noah andam lado a lado no quesito "ter ciúme da Any com outros rapazes".
Olho para Any, que me oferece um sorriso feliz. Lhe dou mais um selinho rápido e Any se levanta.
— Vamos lá, sei que eles vão dizer sim.
...
— Não!
Tio Arthur fala, ou melhor, berra, ao ouvir o que contamos.
— Mas pai... — Any fala. — Eu vou ir para Victoria dia 20, não vai dar tempo para achar um apartamento ou vaga em alojamento.
— Eu não tenho culpa se você demorou pra se decidir em qual faculdade vai estudar. — Ele fala. — Acha mesmo que eu vou deixar vocês dois morarem juntos numa cidade de 4.000 quilômetros de distância?
— Mas você deixou o Noah e a Sina morarem juntos, por que eu não posso? — Any pergunta indignada.
— Vai ver por eles namoravam? — Tio Arthur fala como se fosse óbvio.
— Mas tio, no alojamento em que a gente vai morar vivem outras pessoas no prédio. — Tento explicar, mas ele nega com a cabeça.
— Não venha com esse papo, Josh, minha resposta é não.
— Arthur, faça o favor, sim? Fique quieto! — Tia Pri fala.
Nós três olhamos para tia Pri levemente assustados. Nunca imaginei tia Priscila mandando alguém calar a boca.
— Primeiro, os dois já são maiores de idade e se quiserem morar juntos, eles podem. — A mais velha fala e eu e Any nos entreolhamos sorrindo.
— Segundo, faltam menos de uma semanas para Any ir para Victoria, e não teríamos tempo e nem dinheiro para achar um apartamento para Gaby morar. — Ela fala e tio Arthur parece pensar. — O dinheiro para a faculdade está contado e as contas não fechariam caso comprássemos ou alugarmos algum lugar.
— Eu sei disso, mas e se eles... Você me entendeu, Priscila.
— Pai! — Any fala envergonhada. — Não vamos fazer nada disso!
— Deixa, tio. A gente não tem muita escolha, e eu estou com um quarto sobrando... — Tento o convencer e o mais velho da um suspiro.
— Ok... Eu deixo vocês morarem juntos. — Tio Arthur fala e Any me oferece um sorriso. — Mas... — Ele fala me olhando seriamente. — Se eu souber que você tirou a pureza da minha menina eu te arranco os ovos, Beauchamp.
Tio Arthur fala e eu assinto rapidamente, vendo Any negar a cabeça com a mão no rosto, claramente envergonhada.
— Ok... — Digo temeroso. — Eu vou ligar para a faculdade e avisar.
— Ótimo. — Tio Arthur se levanta. — Acho que já está na hora de você ir, não é. — Ele diz e eu assinto.
— Eu te acompanho até a porta. — Any fala e nós nos levantamos.
— Até mais. — Digo acenando, indo em direção a porta.
Any me acompanha e abre a porta para mim.
— Quando for arrumar sua mala, me chama que eu te ajudo com tudo. — Falo colocando as mãos nos bolsos, pelo frio que estava aqui fora.
— Te chamo sim, e desculpa o discurso do meu pai... As vezes ele exagera. — Any fala e nós rimos.
— Tudo bem, só espero que ele não cumpra a promessa caso eu tire a sua pureza. — Falo engrossando a voz e Any ri.
— Até por que não dá pra perder o que não tem, não é.
— Como assim? —pergunto sem entender sua frase.
Assim que entendo, olho para ela com a boca entre aberta. Não imaginei que a Any já havia transado... Ela nunca me contou.
— Você...
— Até mais. — Ela canatarola fechando a porta.
Rio sozinho e vou em direção ao carro...
Agora é só ligar para a faculdade e ajeitar os detalhes. Tomara que dê tudo certo.
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彡 Já ouviram falar em bloqueio após a morte de alguém?
