CAPÍTULO UM - ARYA

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Eu adoro organizar festas, amo a euforia de decorar o espaço e fico satisfeita comigo mesma quando alguém elogia meu trabalho. Sou assim desde criança, quando pegava meus brinquedos e usava-os como artigos decorativos nos meus aniversários.

Contudo, por mais que eu goste disso, odeio quando a pessoa que deveria me ajudar não aparece.

Hoje é dia das bruxas e é óbvio que iremos fazer uma festa. Alguns atletas e estudantes da Hawk se juntaram para organizar o evento, dividindo as despesas das bebidas, aluguel do salão e tudo o mais. Chad, um dos jogadores do time de hóquei, e eu ficamos responsáveis pela decoração do local. Eu havia aceitado a proposta na hora porque, além de gostar de festas e decorações, fazer aquilo com Chad seria ótimo. Ele é alto, sarado, tem cabelos loiro-escuro e pele bronzeada graças ao seu hobbie — surfie. Mas ele não é apenas bom de olhar. Não há uma única pessoa na Hawk que tenha dito que Chad beija mal — ou faço outras coisas também. E também não há uma única pessoa que aceitou ter apenas uma noite com ele. Chandler Rowling é praticamente um ícone sexual.

E eu sou uma safada que ainda não conseguiu transar com ele.

A festa começa às 21 horas. Combinei com Chad para chegarmos ao salão às 16 horas, ou seja, teríamos cinco horas para decorar tudo. O salão quadrado é grande, com mesas circulares espalhadas pelos cantos, uma pista de dança central e bar. As paredes são escuras e as luzes são pretas e vermelhas. Sem nenhuma decoração o lugar já passa uma vibe legal, então Chad e eu gastaríamos no máximo 3 horas para decorar tudo.

O que iríamos fazer nas duas horas restantes? Rá! O óbvio, transar.

O problema é que o desgraçado não apareceu.

Cheguei aqui às 16 horas e comecei a arrumar tudo, mandando mensagem e ligando para ele, que não atendeu. Então as horas foram passando, o salão inteiro estava perfeito, toalhas de caveirinha nas mesas, teia de aranha falsa pendurada nos cantos, abóboras decorativas, maquininhas de fumaça que deixavam todo o chão coberto por uma névoa espera, travessas repletas de doces a vontade... e nada de Chad.

Faltava uma hora para a festa. Peguei minha mochila, onde estava minha fantasia e meus cosméticos, fui até o banheiro dos fundos e tomei um banho gelado para aplacar a vontade que eu sentia de socar a cara dele. Depois, enquanto eu vestia minha fantasia, conclui que não iria bater nele. Vesti uma calcinha vermelho escuro, me apreciando no espelho por alguns segundos, admirando as curvas acentuadas que herdei da família da minha mãe. Coloquei uma mini-saia, que fazia jus ao nome, mal escondendo minha calcinha, do mesmo tom de vermelho que a peça anterior e então vesti um cropped sem alças, vermelho também. Minha fantasia era uma mistura pervertida de chapeuzinho vermelho com bruxa.

Prendi a capa translúcida por cima dos ombros e passei um batom vermelho nos lábios bem desenhados. Decorei meus olhos com o delineador prateado mais bem feito que eu já havia feito em toda a minha vida. Finalizei com um perfume levemente doce e rímel. Eu teria minha vingança perfeita contra Chad.

***

Agora que boa parte dos convidados chegara, tudo estava mais agitado. Som alto ecoava nas caixas de som, casais dançam sensualmente na pista, a névoa grossa se movendo com os seus passos. Meu peito infla de orgulho diante da beleza do salão.

— Caraca, Arya, me chama de lobo mau e me deixa comer esses doces — Lara, minha melhor amiga, dá um tapa forte na minha bunda, me fazendo soltar um gritinho e quase derrubar o drink.

— Vaca — dou um soco em seu ombro, embora sorrio. Dou uma voltinha para ela, erguendo os braços sobre a cabeça. — Quão gostosa?

— Ao ponto de me fazer duvidar se sou realmente hétero — Lara me analisa de cima a baixo, sorrindo. — Deve ser horrível te odiar e ter que lidar com o fato de que você é linda e gostosa.

Gelo, bruxas e beijos | amostra Onde histórias criam vida. Descubra agora