Enquanto tomo banho, reflito sobre o que aconteceu. Fui embora da festa após três horas do acidente do banheiro — vou chamá-lo de acidente porque realmente foi um acidente —. Antes de entrar lá com Chad, meu plano era uns beijos quentes e umas mãos bobas e, se não fossem suficiente, iria fazer um oral nele e parar abruptamente quando sentisse que ele estivesse prestes a gozar. MAS EU PERDI O CONTROLE DA SITUAÇÃO.
A forma como ele me tocou, como se soubesse onde ficava cada terminação nervosa do meu corpo, onde ficava cada cantinho preferido meu… Faz tempo que alguém não me causa orgasmos múltiplos. Na verdade, a única pessoa que já conseguiu fazer isso comigo foi eu mesma, porque eu me conheço muito. Chad ter conseguido fazer isso significa que, em aproximadamente meia hora, ele me conheceu e soube exatamente como agir. É sobre-humano.
E o que ele me fez falar… Cretino vingativo. Ainda lembro do dia em que disse que jamais me rebaixaria àquele ponto, ainda mais para ele.
Eu não me rebaixei somente aquele ponto. Ah, não, eu me rebaixei muito mais profundamente.
"Eu sou a sua puta. Sou a porra da sua maldita puta e quero que você me foda até eu não sentir mais a minha buceta". A frase martela em minha mente a cada segundo.
Mas o pior não é isso, afinal, apesar de ter dito o que ele queria, consegui irritá-lo. Depois do nosso esfrega-esfrega, Chad passou a festa inteira com a maior cara de bunda do mundo, me olhando como se pensasse se iria me matar a socos, facada ou envenenamento. O pior foi que eu adorei. Não foi uma transa completa, mas foi a melhor experiência que eu já tive. Quando cheguei no apartamento que divido com duas colegas, sendo Lara uma delas, não me importei que Evelyn estava em casa e, assim que fechei a porta, arranquei a roupa toda e fiquei nua. Meu cropped, a mini-saia e a capa estavam com o perfume de Chad, e minha calcinha encharcada ficava me lembrando o tempo todo do quão forte eu gozara na mão dele.
Evelyn estava em casa e gritou que eu era uma desavergonhada. O grito dela aumentou quando viu os chupões e marcas de mordida em meu pescoço e peitos. Na hora, mandei ela ir tomar naquele lugar e me tranquei no banheiro, onde estou até agora, me besuntado de óleo corporal e hidratante para apagar o aroma daquele maldito.
Mas infelizmente hidratante não cura a hipersensibilidade entre minhas pernas.
Saio do banho enrolada na toalha, pois estava com tanta raiva que sequer me lembrei de pegar roupa. Evelyn não está mais na cozinha e nem na sala, onde estava quando eu cheguei, e agora me sinto um pouco culpada por ter xingado-a. Quando Evelyn tinha 15 anos, ela era muito festeira, muito mesmo, e tinha muito mais corpo do que as outras meninas da sua idade. Na época — e até hoje, infelizmente — muita gente induzia as meninas novas a acharem que, se um cara adulto se interessava por elas, era porque elas eram super gostosas e fodas pra caramba. Foda é o estrago mental que isso faz. Evelyn se envolveu com um cara onze anos mais velho. Vinda de uma família cheia de tabus, ela não sabia direito o que acontecia depois dos beijos. Mas claro que o babaca adulto sabia, e a obrigou àquilo, plantando na cabeça dela de aquilo que era culpa dela, do corpo atraente dela. Depois disso, Evelyn teve uma anorexia desgraçada e, lá pelos 20 anos, no ano passado, conseguiu vencer isso, embora ainda fique meio mal quando come demais. Lara e eu estamos ajudando-a a voltar a amar o próprio corpo, levando-a na academia e instituindo uma alimentação leve e legal, mas ela ainda tem um problema gigante com nudez, seja dela ou de outra pessoa, tanto que, depois do ocorrido com aquele cara, nunca mais se envolveu com nenhum outro. Nem de sair, nem de beijar, nem de nada. Acho que nunca vi ela conversando com um cara a sós.
No meu quarto, visto um pijama de bolinhas infantil e confortável, pego um frasco de creme de cabelo, a escova, e vou até a sala, deixando-os no sofá. Ligo a TV e coloco no canal que passa "Eu, A Patroa E As Crianças". Então, vou para a cozinha, que é separada da sala por uma bancada americana, e pego os ingredientes para fazer um brigadeiro, que é um dos doces preferidos de Evelyn.
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Gelo, bruxas e beijos | amostra
Storie d'amoreArya não se considera uma pessoa vingativa, mas quando Chad não aparece para ajudá-la a organizar a festa de Halloween e, horas mais tarde, surge para curtir o evento como se nada tivesse acontecido, ela decide que ele precisa de uma punição. E qual...