Corte de Raios e Estrelas

1. Shaula é seu nome

ANTES

Tinha sido um longo dia.

Nestha se sentia exausta, esgotada. Suas pernas doíam, mas as dores musculares não lhe incomodavam mais que seu nariz entupido e corizando, culpava Cassian por passar o dia todo sem conseguir sentir o cheiro de nada.

Brilhante ideia foder na neve, ela passara o dia xingando o parceiro a cada espirro que soltava.

Arrastando os passos até a cozinha, Nestha não se surpreendeu ao ver Azriel ali, ela nem tentou forçar um sorriso estava cansada demais para isso. A fêmea parou de repente de andar e amaldiçoando Cassian ela espirrou, de novo e de novo.

Coçando o nariz, ela olha para o rosto de Azriel parado como uma estátua, a olhava surpreso. Então um sorriso nasceu no rosto dele.

Nestha rolou os olhos. Por todo tempo que passou na biblioteca as sacerdotisas, que ousaram olhar para ela, faziam a mesma coisa: primeiro a olhavam com os rostos surpresos, depois a sorriam de um jeito doce. Uma até lhe deu um copo d'água, outra lhe disse para sentar e descansar, pois tinha que tomar cuidado. "Foi abençoada". Era só um resfriado que passaria no mesmo dia.

Ela espirrou de novo.

— Quer parar de me olhar desse jeito?

— De que jeito? — Azriel perguntou, ele podia não estar sorrindo, mas seus olhos brilhando diziam o contrário

Nestha suspirou, ela estava realmente cansada demais para fazer qualquer outra coisa além de se deitar na cama e dormir o dia inteiro. Ou o que restava dele.

— Quer parar com isso? — Ela estava irritada, mas o mestre espião sabia que não era com ele. — Pela Mãe, vou ser obrigada a lhe tirar esse sorriso no... — Nestha espirrou de novo, ela fechou os olhos e respirou fundo. Novamente sem sentir o cheiro de nada. — soco.

— Eu preciso encontrar o Cassian. — Az diz um tantinho animado demais, ela olha para o macho desconfiada

— Ele não está aqui. E se estivesse, estaria morto.

As ameaças dela quase fizeram Azriel rir. Não pela ameaça em si e sim pelo combo: a fêmea mal conseguia parar de espirrar, seus olhos estão vermelhos só não vencem da vermelhidão do nariz arrebitado dela. O cabelo que sempre está impecável preso em uma trança hoje está preso em um rabo de cavalo mal feito deixando livre seus cachos. Isso refletia bem no humor dela e outra coisa também que ele percebeu assim que ela entrou na cozinha, porém Nestha nunca teria notado, pois, seu olfato não está funcionando hoje.

Não precisava ser um gênio para perceber.

Nestha sentou na cadeira e à sua frente surgiu um prato de sopa quente, tudo o que ela precisava para melhorar.

— Vou procurar por ele.

— É tão urgente assim? — Ela estava concentrada na sopa comendo então não percebeu o sorriso dele.

Muito urgente! Ele queria dizer, mas seria uma péssima ideia preocupá-la agora.

— Nada a ver com guerras, prometo. — Azriel a tranquiliza andando na direção da porta de vidro. — Você deve dormir, vai melhorar sua gripe.

— Eu vou. Mande um beijo para Gwyn por mim!

O mestre espião olhou para a Nestha que sorria. Ele lhe retribuiu o sorriso.

DEPOIS

O céu está limpo, poucas nuvens à vista, o sol brilha e aquece a montanha e o centro de treinamento illyriano. Tudo no seu mais comum dia, até que um súbito raio surgir cortando o céu, estourando com luzes roxas e verdes deixando todo acampamento em alerta, pois isso nunca acontecera antes. Não tinha sinal de chuva ou tempestade vindo. Um dos guerreiros que está de patrulha e perto da onde o raio surge voa ao lugar para verificar o que acontecera.