1. Prólogo.

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Camila Point Of View. 


Já era noite quando entrei no meu apartamento comprado com muito esforço em Manhattan. Eu era recém formada em jornalismo na New York University e estava decidida a escrever meu primeiro livro com o tema virado para lendas urbanas. Entre todas as histórias que escutei durante o último ano da faculdade, uma em especial me chamou atenção. Na cidade de Derbyshire, Reino Unido, um grupo de pessoas era conhecido por manter a paz e a tranquilidade do rústico vilarejo. Diziam que faziam parte de uma seita, regida por uma mulher poderosa. A julgar por todos os relatos que achei na internet, o lugar abrigava as mais diversas lendas sobre cultos com virgens e assassinatos em série. Meu assunto preferido.

A mente humana e suas diversas variações me encantavam. Uma pessoa poderia aparentar ser um monstro por fora, mas na verdade, ser apenas alguém normal, cheio de inseguranças e medos. Por outro lado, existiam aquelas que agiam como anjos, mas eram demônios. Esse é mais ou menos o perfil psicológico de alguns dos mais assustadores serial killers da história. Matar por prazer. Excitar-se ao ver a dor de suas vítimas. Traçar um perfil a ser seguido. Escolher a maneira que tira a vida de alguém. São pessoas extremamente inteligentes. É o tipo de mente que intriga e, ao mesmo tempo, te faz tremer.

Sempre fui uma menina tímida, nunca tive muitos amigos e na maior parte do meu tempo livre, lia artigos antigos sobre os maiores crimes da história. Era fascinante. No auge dos meus vinte e cinco anos, jamais desejei me aprofundar tanto em um assunto como estava decidida a fazer. Minha passagem para o aeroporto de East Midlands, Reino Unido, estava comprada e assim que chegasse, compraria o bilhete de trem com destino a Derbyshire. Eu começaria uma nova etapa da minha vida e mal podia esperar para ver o que me aguardava do outro lado do oceano.

O salão de embarque estava lotado como sempre, voos internacionais costumam deixar essa ala do aeroporto bastante movimentada. Sentei em uma das cadeiras, mantendo comigo apenas o passaporte e a passagem. Observei as pessoas que andavam por ali, alguns felizes, outros sérios, impacientes, irritados, tristes. A sala de embarque era como uma enorme caixa de sentimentos, você observa de tudo um pouco. Partidas. Pessoas que deixavam algo ou alguém para trás. Algumas animadas por isso e outras acabadas. É incrível a maneira que o ser humano se comporta nessas situações.

Abri minha bagagem de mão e tirei dali um bloco de anotações. Geralmente, quando alguma ideia nova surgia, rapidamente anotava para não esquecer. Reli alguns trechos do que já estava escrito e levei a caneta à boca, analisando aquelas palavras deixadas nas folhas brancas.

".. Quase sempre o motivo é psicológico, e o comportamento do infrator e a evidência física observada nas cenas dos crimes refletem nuanças sádicas e sexuais."

"O termo sadismo deriva do nome do escritor e filósofo francês Donatien Alphonse François de Sade (Marquês de Sade), e denota a excitação e prazer provocados pelo sofrimento alheio."

".. A característica principal da psicopatia é um forte traço narcisista enraizado na personalidade. São pessoas intimamente megalomaníacas (se acham superiores às outras pessoas), imprevisíveis e egocêntricas. São charmosas e manipuladoras e podem dizer isso com o maior orgulho."

Não é fascinante?! A mente humana é um labirinto perfeitamente montado, onde não há escapatória, por mais que você tente. Uma vez dentro, jamais poderá sair. Comecei a analisar algumas das pessoas que estavam à minha volta. Homens engravatados, com seus óculos de grau, digitando impacientes em seus celulares, tablets ou notebooks. Um deles poderia perfeitamente ser um psicopata ou serial killer. Não podemos dar nenhuma certeza. Esse tipo de gente está infiltrada na sociedade como uma sombra, não se deixa ser apanhada. Não se permite errar. Geralmente ocupam grandes cargos em empresas, hospitais, lojas, entre outros. Mas isso não quer dizer que um faxineiro de metrô não possa ser um deles.

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