8. Disturbance.

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Camila Point Of View.


"Uma em cada cem crianças são psicopatas e os pais não podem controlá-las.."

Impressionante. Se formos colocar isso em porcentagem, no geral, temos um bom número de monstrinhos por ai. Crianças não demoram muito para revelar suas habilidades psicopáticas, mas por parecer brincadeira, alguns pais não se preocupam em procurar um profissional para averiguar a criança. Minha irmã, Sofia, estava longe de ter qualquer comportamento desse tipo, mas isso não quer dizer que quando crescesse, não sairia matando pessoas por hobbie ou puro prazer. A felicidade de brincar de Deus, quase todos tinham

Estava deitada em minha cama e o vento frio chicoteava os galhos das árvores, meu pé já não doía mais, somente o velho incomodo se abusasse. Lauren se mostrou uma pessoa bastante prestativa e atenciosa, quase não trocávamos tantas farpas. Eu disse quase. Talvez o prazer de vê-la a ponto de explodir fosse tão agradável quanto tê-la ao pé da cama, falando sobre suas terras e subordinados. Por alguma razão, que eu desconfio ser ordem da minha anfitriã, Dimitri estava um pouco distante. Já perdi as contas de quantas vezes o chamei pelo telefone do quarto e, ao invés dele, Lola vinha ao meu auxílio. Mas hoje isso não vai se repetir. 

- Lola?! - disquei para a cozinha e ouvi barulhos de panelas e talheres sendo remexidos.

- Sim, Camila. Está tudo bem? Precisa de alguma coisa?

- Onde está o Dimitri? - silêncio. Nem as panelas, nem os talheres e muito menos Lola faziam qualquer tipo de ruído do outro lado da linha. - Então?

- Não sei onde ele está, Camila.

- Claro que sabe, é a mãe dele. Por favor, Lola. Preciso muito falar com o Dimi.

- Ai ai ai.. - ouvi um longo suspiro e em seguida, ela voltou a falar com um tom preocupado. - Vou pedir para ele subir, mas só porque a Lauren não está.

- Ela não tem que controlar quem me visita.

- É a casa dela, são as regras que ela impôs, não vou quebrá-las e muito menos o Dimitri. Ele já está subindo.

- Nada de ruim vai acontecer. Obrigada, Lola.

Observei a tela do notebook por mais alguns segundos. Não conseguia escrever textos muito longos, apenas frases soltas ou junções de informações que obtive em dois anos de pesquisa. O livro iria demorar mais do que o previsto para sair e só a ideia já me deixava frustrada. Ouvi duas batidas na porta e coloquei o notebook do meu lado da cama, dei permissão para quem quer que fosse entrar e ao fazer isso, a cabeça de Dimitri apareceu na pequena abertura da porta.

- Mandou me chamar?

- Sim, mandei. Dimitri, sente-se aqui, por favor.

- Camila, não. Estou bem em pé.

- Vai fazer essa desfeita comigo?

- Não se trata de desfeita, é uma ordem que eu estou tentando cumprir.

- Tentando?! – cruzei os braços e levantei uma sobrancelha para ele. Dimitri parecia um tanto perturbado, mexia os pés de um lado para o outro com frequência e fitava o chão como se tivesse algo interessante a ser analisado. – Estou falando com você.

- Sim. Tentando. Por favor, não torne as coisas mais complicadas para o meu lado. Nunca foi minha intenção atrapalhar o desenvolvimento do seu livro. Se eu não tivesse levado você para cavalgar aquele dia, provavelmente não teria torcido o pé e com certeza, não estaria nessa cama a quase duas semanas. Eu só..

- Pode por favor calar a boca e sentar aqui?

Dimitri passou a mão pela nuca e suspirou derrotado. Suas roupas estavam sujas de terra, provavelmente do estábulo. Seus cabelos bagunçados como sempre, mas de uma maneira charmosa. A barba por fazer estava um pouco maior do que da última vez que encontrei com ele. Caminhou lentamente até a ponta da cama e sentou-se em um baú com tampa de couro. Respirou fundo e levantou as mãos em rendição.

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