Prólogo

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Outubro de 1984.

Já estou mais do que atrasada era obvio que o endereço que Alice me entregou está errado, não sei mais onde estou. Esse lugar é completamente estranho para mim. Com certeza ela fará um drama e tanto na próxima vez que eu vê-la, por não ter aparecido no chá anual de sua avó, como ela nomeio de “O pior evento da vovó”. Eu nem deveria estar indo, Dona Elizabeth a avó de Alice faz milhares de coisas durante o ano e esse definitivamente era o pior de todos, e está piorando pelo fato de que estou perdida porque ela se recusa a usar seu salão de festa de sempre, por uma briga com a gerente dele, particularmente nem quis saber muito sobre o motivo da mudança, deveria ser uma briga de senhoras.

Após ficar andando de uma esquina a outra sem parar, procurando algum movimento eu enfim desisto, depois explico a Alice que me perdi e invento uma historia qualquer de ter esquecido o endereço, volto e começo a andar aos tropeços quando finamente avisto uma lojinha, que parece ser o único local comercial de todo o bairro. Caminho até a loja observando o lugar que estou, devo admitir não é uma rua muito convidativa, os postes de luz ficam piscando outros nem chegam a ligar. A rua cheia de buracos e cascalhos soltos sobre ela, a calçada inundada pelo esgoto das poucas casas, já que a maioria tem um aspecto de estar abandonada.

    Chego ao pequeno comercio e paro em frente à porta e fico pensando se realmente devo entrar, a parede da loja tem um tom avermelhado meio desbotado, uma enorme placa escrito ‘Supermercado Real’, quando a verdade é que isso não passa de uma conveniência, antes de entrar hesito, mas não vejo o porquê de não entrar, isso não passa de uma pequena venda de esquina. Se aqui vende ou não produtos comuns de locais assim ou em boa qualidade não importam, nem deveria pensar nisso, não vou comprar nada. Vou entrar pergunta como chegar ao Parque da Lua, que próximo a minha casa, e sair. Mais nada.

Passo pela porta, apenas ouço o toque de um sino assim que a porta se abre. Já dentro da loja vejo que é um lugar bem simpático e organizado. As prateleiras estão extremamente limpas e realmente cheias, não havia uma parte que não estivesse recheada de enlatados. Quando finalmente olho para o caixa esperando que tenha uma pessoa para me ajudar, vejo uma mulher me observando com grandes olhos cinzentos. Ela deveria ter uns vinte anos, tinha um belo e longo cabelo castanho avermelhado, parecia está assustada com minha presença, ou surpresa.

— Olá — Ela diz — Parece que você é a primeira cliente da noite, é eu sei são mais de oito horas, mas como você deve ter visto não é uma rua movimentada, muito menos frequentada — Eu sorrio de um jeito engraçado, ela para e continua a me observar, como se estivesse fascinada comigo, então finalmente pergunta — Enfim, posso te ajudar em algo?

— Bem eu só que queria que você me dissesse por onde posso ir para o Parque da Lua, eu meio que estou perdida por causa de uma amiga.

Olho para ela com um olhar de esperança a fim de que ela me explique rapidamente como sair daqui e eu possa ir para minha casa.

— Assim entendo, mas sua amiga se perdeu de você? Devo admitir não é um local nada seguro.

— Oh não, na verdade eu ia encontra-la, mas acabei parando aqui — Digo sorrindo, apesar de não ser uma coisa divertida. Ela tem cara de ser bem curiosa para tantas perguntas. Isso me deixa irritada.

— Então tudo bem, pra você chegar lá é só subir aquela rua –— Ela aponta para a janela me dizendo como devo virar à direita e depois pegar a próxima rua. Fico escuto atentamente, a última coisa que eu quero agora era me perde, pela segunda vez. Quando ela termina apenas digo:

—- Obrigada, foi um prazer — aperto sua mão me despedindo.

— Por nada, ei qual é o seu nome?

TornadaOnde histórias criam vida. Descubra agora