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Milena

Minhas pálpebras pesavam e o pouco que conseguia enxergar estava distorcido. Mas quando um vulto se formou diante de mim senti meu corpo inteiro reagindo com a presença ruim junto de uma energia horrível, negativa.

Meu corpo estava mole quando me colocaram sobre uma cadeira de rodas e começaram a me empurrar na direção de um carro.

— Não se preocupe, Boneca, estou te levando para um lugar seguro. Um lugar onde só exista nós dois. Eu e você apenas.

— Não... — Usei todas as forças que ainda havia em mim para dizer aquilo. Não. Eu não queria ir. Não podia voltar a ficar sozinha com ele, ser sua prisioneira novamente. Eu não merecia viver esse inferno duas vezes. Preferia 1 milhão de vezes continuar dopada naquela clínica.

Sempre soube que Vicente era obcecado por mim, mas agora era nítido que ele tinha algum distúrbio mental, psicopatia. Não é possível que uma pessoa normal fosse capaz de tantas maldades.

De maneira brusca me colocaram na parte traseira do carro. Nunca estive tão vulnerável, eu era uma presa extremamente fácil, a esperança parecia sucumbir dentro de mim. A viagem parecia cada vez mais longa passando por rodovias sobre serras altas cercadas de verde e de lindas paisagens, mas nada era capaz de me trazer tranquilidade. Depois de algumas horas chegamos ao destino dele, que nada mais era que uma casa de campo, com uma fachada que lembrava muito o Brasil imperial, era linda cercada por um gramado muitíssimo bem cuidado. Aparentemente nossos únicos vizinhos seriam as árvores. O clima frio, arborizado lembrava muito Petrópolis, uma pacata cidade no interior do Rio de Janeiro, a qual eu costumava ir quando era pequena, mas depois de tantos anos eu não tinha mais certeza. Sendo sincera minha única certeza era a de que mais uma vez eu havia caído nas garras daquele infeliz e que novamente viveria como sua refém.

Ele e outros homens praticamente me arrastaram para dentro da casa que era super aconchegante, até me jogarem num porão empoeirado, com um forte cheiro de mofo, mal iluminado e vários móveis já em estado de decomposição. O barulho da porta fechando bruscamente ecoou pelo cômodo e fez o meu coração gelar com a minha pele.

Caí de joelhos, fraca, vendo tudo girar à minha volta e lembrando do que aconteceu para as coisas chegarem naquele ponto. Uma escolha errada mudou tudo. Me tornou prisioneira de um limbo no qual não havia rota de fuga.

Antes

Acordei ouvindo um barulho estranho, parecia um rombo, algo caindo.

Não dava para definir bem e nem tive tempo para isso, a preocupação me tomou totalmente quando gritos e murmúrios começaram a ecoar por todo apartamento. Ainda com a roupa de dormir corri para a sala e tive uma grande surpresa. Vários policiais estavam espalhados por todo ambiente, papai estava conversando com eles enquanto mamãe chorava desesperadamente de joelhos para a imagem de uma santa no cantinho da sala.

Eu sabia exatamente o que aquilo significava, porém nunca imaginei que pudesse acontecer de verdade com alguém com tantos contatos e com influência como papai. Eu podia jurar que ele daria um jeito nisso como sempre fez durante toda a vida. Não dava para acreditar que aqueles policiais estavam levando ele enquanto eu estava paralisada, em choque sem poder fazer nada para livrá-lo daquela situação. Papai podia ser o que fosse, mas ele sempre seria o meu pai e nesse papel ele nunca falhou.

— Parem! — Mamãe ficou de pé, desesperada correu na direção de um policial e começou a lutar contra ele para que soltasse papai. — Meu marido não é bandido, ele é trabalhador, honesto! Quer prender alguém? Vão lá no morro, na favela! Soltem o meu marido agora!

O CEO Rancoroso e a Secretária Proibida - Dejá Vù (Completo Na Amazon)Onde histórias criam vida. Descubra agora