Inverno

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Pov Draco

É nublado, o vento frio e cortante, nuvens escuras tomando conta do céu mostrando a grande tempestade se formando. Sem árvores cheias de flores e sem os pássaros cantando alegremente. Um clima calmo para muitos e como eu queria poder compartilhar dessa mesma sensação, mas a essa altura eu já deveria saber que não há mais esperanças para alguém como eu.

De novo…Ele fez outra vez e eu tenho que respirar fundo e me acalmar como sempre, mas isso é tão cansativo, eu não sei como consigo tirar forças para continuar. Todo dia uma luta nova e agora ta sendo tão pior

Ainda não consigo respirar direito e espero que nada esteja quebrado novamente, não teria como chamar Luna com ele aqui então mesmo machucado sigo para o banheiro me preparar para a escola. Minha mãe sempre deixava minhas roupas e sua maquiagem, assim eu podia disfarçar os roxos mas agora que eu estava sozinho, eu não fazia tanta questão disso.

E eu duvido que mesmo que eu não use nada alguém iria se importar...Bem, Luna iria. Ela é a minha maior motivação para continuar, minha prima e melhor amiga, na verdade minha única amiga. Sempre estive acostumado que coisas ruins acontecessem, mas Luna foi a melhor pessoa que eu tive o privilégio de ter em minha vida. Ela é filha de um dos primos distantes da mamãe, Regulus Black.

Mamãe gostava de contar as aventuras com seus primos e irmã quando eram mais novos, eu via o quão feliz ela ficava lembrando de tudo, tanto que eu sempre tive vontade de conhecê-los. Eram nessas horas que podíamos ser nós mesmos, sem inseguranças e amarras, eu podia sorrir de verdade, eu podia ser eu mesmo, eu conseguia me sentir bem e livre mesmo que só por alguns instantes. Infelizmente, é como aquele velho ditado: “Tudo que é bom dura pouco”. Lucius sempre aparecia pra estragar tudo e nessas vezes eu precisava me esconder e ouvir os gritos da minha mãe, eu nunca entendia o porquê disso tudo até ser passado pra mim e agora os gritos e lágrimas eram minhas. Mas eu aguentava porque sabia que ela estaria segura

Mamãe no início procurava desculpas para essas atitudes, ela sempre me dizia que os negócios e bebidas causavam um efeito ruim nele mas que ele nos amava independente de tudo. Narcisa me contava como o amor deles foi intenso no início e que ele era o homem mais gentil e amoroso com ela, ela me contava também que quando eu era um bebe “meu pai” era vidrado por mim, sempre gostava de estar perto e brincar. Mas como eu poderia acreditar nisso depois de tudo que ele fez? Como um pai te ama e faz tudo por você quando nasce e depois te bate e despreza? Eu queria saber em que momento ele deixou de me amar porque é impossível associar esse pai amoroso com o homem de agora e em que momento esse relacionamento deles esfriou tanto para minha mãe sofrer tanto e acabar com aquelas desculpas, restando a aceitação e proteção por mim.

Minha família é bem conhecida e rica, então naturalmente eu precisava mostrar que nossa vida é perfeita, porém qualquer um que tentasse chegar perto poderia ver a destruição. Eu posso tentar esconder essa violência mas eu nunca me permiti mostrar uma personalidade diferente. Nunca me deixei abrir para outras pessoas, só tive 2 amigas de verdade durante minha vida:
Minha antiga amiga Pansy que era minha vizinha e sempre me acolhia quando eu fugia. Seus pais mentiam para os meus e eu conseguia passar algumas noites com eles, tendo um pouco da sensação de estar em um lar. Infelizmente eu não pude mais ter ela comigo pois sua mãe recebeu uma ótima proposta e precisaram se mudar para outro estado,mantemos o contato de longe mas eu sinto falta.
E Luna que era uma das poucas pessoas que eu podia ter perto por um tempo , mesmo com Lucius não gostando. Ela nunca desistiu de mim, é a única que eu posso realmente agir do jeito que eu quero quando está perto e é quem me conhece de todos os jeitos possíveis. É a única com quem eu posso me refugiar.

E eu pensava que eu sempre estaria preso nesse vazio, com pequenas felicidades momentâneas sozinho, com Luna e minha mãe. Eu nunca imaginei que perderia minha mãe logo agora. Eu percebia que ela se afundava cada vez mais quando as brigas entre mim e Lucius pioravam.

Eu amava minha mãe, sei que tinha feito tudo por mim, tudo que estava ao seu alcance pelo menos, no entanto ela não poderia aguentar isso para sempre. Ela lutou muito, mas agora que ela partiu, o que eu tinha de família se foi. A única pessoa que me prendia nessa casa era ela e eu faria de tudo para ir embora desse inferno o mais rápido possível

E foi na pior semana da minha vida que eu encontrei a esperança em forma de um garoto com uma beleza semelhante a das flores, com uma energia e vibração tão forte que parecia carregar o verão e primavera todo dentro de seu sorriso e olhar. É tão diferente pois enquanto eu carregava o inverno com uma enorme tempestade saindo de mim que ele me trouxe sentimentos fortes e eu me afundei naquela imensidão tão serena quanto o céu em um dia de verão.

Ali embaixo do grande salgueiro da nossa escola, ele sentou do meu lado e me ajudou. Não tinha discussão, não tinha pena, não tinha um sobrenome e fama, eram só dois garotos passando por um temporal e se abrigando juntos.

Foi naquele começo de manhã com uma nova amizade que eu percebi que Harry Potter estava me tirando do inverno e trazendo a primavera para a minha vida.

Minhas quatro estaçõesOnde histórias criam vida. Descubra agora