Sleepwalking

Prólogo.

A pequena garota se encontrava sentada em sua cama enquanto vestia apenas uma blusa larga um tanto surrada para ficar em casa, com os olhos fixos no sol que fazia no lado de fora através da janela. Era férias, mas fazia dias que a mesma não saia de casa, até por que sair? Só de pisar na rua a pequena garota que se chamava Sky já recebia insultos na qual a machucava e por isso, preferia ficar em casa.

Nossa, mas a Sky não tem amigos? Apenas uma, mas ela não mora na mesma cidade que a mesma agora, ela ficou em Londres, que era onde a garota de cabelos longos em um tom castanho escuro morava anteriormente. Por que ela se mudou? Sua mãe quis tentar ajudar a apagar o momento que estragou sua vida para sempre, sim, ela tinha boas intenções, mas tudo continuava o mesmo para Sky. Os boatos, as tirações de sarro, as risadinhas e até mesmo a violência. Sim, ela já havia sido espancada. Pelo o que? Pelo simples fato de ter Aids, na qual é causada pelo vírus da HIV em que interfere no organismo em sua capacidade de combater infecções, podendo ser contraída de várias formas, como sexualmente, contato com o sangue infectado, agulhas infectadas e ferimentos abertos. A Aids não tem cura, mas com a utilização de antirretrovirais pode retardar o progresso da doença, podendo prevenir infecções secundárias e complicações.

Flashback

Tinha dias que a pequena Sky estava mal. Falta de apetite, desanimo, dor abdominal, falta de ar entre os outros sintomas na qual é muito estranho uma criança de oito anos ter. Seus pais decidiram a levar em um hospital com isso uma nova vez.

- Mamãe, minha barriga dói. - resmungou com um biquinho nos lábios, olhando para sua mãe que a encara com pena. Estavam novamente aguardando na sala de hospital, haviam ido antes, até porque ficou internada por um pequeno período, mas nada adiantou.

Com um peso no olhar, a mãe de Sky a observa tentando lhe passar conforto, mas era difícil ver a própria filha naquela situação. Poucos segundos após, o pai de Sky se aproximou alertando que a garota teria que fazer uma transfusão de sangue pois tudo indicava que era anemia e isso significa redução da concentração de hemoglobina nos eritrócitos que são as células vermelhas do sangue. Como já estava em um nível avançado, teria que fazer tal transfusão.

Fez a transfusão de sangue segurando a mão de sua mãe enquanto seu pai dizia que iria comprar brinquedos e doces para a filha por ter sido uma menina forte. Aquilo já animava Sky.

Melhorou na primeira semana, mas depois passou a emagrecer conforme os dias iam passando. Em alguns dias tinha febre, assim tendo que faltar na escola. Um dia Sky caiu e fez uma ferida em meu joelho, sua mãe disse que logo passaria. Mas não passou, se passou dias e a ferida não fechou direito, então levaram a garota ao hospital novamente. Isso já estava deixando a pequena menina atordoada.

Pediram que Sky fizesse um exame de sangue para ver o que estava acontecendo e assim o fizeram, enquanto a garota aguardava com a mãe e o pai na sala de espera, as enfermeiras falaram que não iria demorar. Depois de um tempo, um médico pediu sério, que apenas a mãe e o pai da menor fossem até sua sala, que ele já tinha o resultado, deixando uma enfermeira de olho na menina.

- Eu vou morrer? - perguntou com medo nos olhos e com a voz baixa, olhando para a moça loira com uma feição amorosa no rosto, que ri.

- Claro que não, querida, logo você já está bem, você é uma criança! Tem muitos anos pela frente. - Ela diz, passando a mão por seu rosto.

Demorou alguns minutos e se escutou um choro alto da sala do médico, deixando a mais nova atenta e logo sua mãe e seu pai saem da sala. Sky olhava os pais com um uma expressão confusa no rosto já que não sabia o que estava acontecendo

- Mamãe, não chora. - diz indo em sua direção e a abraçando pela cintura, que a abraça de volta, chorando ainda mais. - Desculpa. - fala, pensando que havia feito alguma coisa.

- Você não fez nada, docinho. - sua mãe diz com a voz embargada, acariciando seu rosto.

- Sky, você terá que tomar um remedinho todos os dias e terá que comer muito bem, viu? - seu pai falou, passando os dedos por seus cabelos, deixando a menina mais confusa.

- Só isso?

- Tentar evitar ao máximo se machucar e se cuidar muito bem para não ficar doente.

Flashback off.

No começo a garota ficava confusa, mas conforme o tempo foi entendendo aos poucos. A aids te deixa frágil. Frágil como uma pequena flor. Você teria que ter cuidado com tudo, até sua própria sombra. Hoje em dia Sky tomava antirretrovirais para que sua qualidade de vida fique melhor.

- Sky, filha? - a mãe da garota bate na porta, a tirando de seus devaneios.

- Pode falar, mãe. - diz forçando um sorriso, assim desviando seu olhar da janela para a mulher dos olhos de cores esverdeada, igual aos seus.

- Eu fiz seu café da manhã...e está um dia tão bonito lá fora, por que você não sai um pouco? - sua mãe diz, tentando lhe passar conforto se sentando ao seu lado, colocando uma de suas mãos nas coxas magricelas que Sky continha.

- Pra que? Para ser zoada e perder minha paz? Não, muito obrigada. - resmungou bufando, toda vez que alguém dessa vizinhança lhe via eles começavam a falar de dela, como se a mesma não escutasse. Hoje em dia moravam em uma cidade dos Estados Unidos chamada Iowa City, e por mais que estivessem no século 21 as pessoas continuam sendo ignorantes quando se tratava da Aids.

Sky não precisava do ódio de ninguém. Sky não precisava da pena de ninguém.

- Vamos lá, você está de férias e já está acabando, aproveite esse tempo. - sua mãe diz insistindo, dando uma leve cotovelada nas costelas da filha, lhe fazendo suspirar.

Sky sabia que não era uma boa ideia, mas sua mãe só queria ajudar, não queria que a filha ficasse pior do que já estava. Na qual achava que era difícil de acontecer, então acabou concordando, enquanto via sua mãe dando um sorriso vitorioso.