셋 ( 𝑡𝑟𝑒̂𝑠 )

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Na manhã seguinte, Jee Hye deixou Eun Ji na escola e seguiu para o hospital

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Na manhã seguinte, Jee Hye deixou Eun Ji na escola e seguiu para o hospital. Depois de passar a noite na casa do Ceifador, a Goblin decidiu não se importar com o que não era um problema - pelo menos por enquanto. O Ceifador foi bem enfático ao dizer que ela se preocupava demais com coisas que não tinham importância.

Ela adoraria dizer que ele estava errado - por que, se ele estivesse errado, ela estaria certa -, mas, daquela vez, ele tinha toda a razão. Jee Hye realmente se preocupava demais.

A Goblin suspirou, aceitando a derrota para o Ceifador e admitindo que ele estava certo. Estacionou o carro em uma das vagas do estacionamento do hospital, e deu uma última olhada no retrovisor. Ela tinha mais de mil anos. Já enfrentou guerras, doenças e o tempo. Por que estava tão assustada com meia dúzia de vampiros? Revirou os olhos para si mesma e saiu do carro, ajeitando a bolsa nos ombros.

— O tempo não te fez menos burra, Jee Hye. — Sussurrou para si mesma, equilibrando-se nos saltos e indo para a entrada do hospital.

O dia passou tediosamente devagar. Por ser uma cidade pequena, o hospital não estava cheio e eram poucas as pessoas que precisam de atendimento. Jee Hye respirou fundo, sentindo o tédio da imortalidade correr por suas veias. Olhou para a mesa, vendo as coisas milimetricamente organizadas e, concentrando-se ali, fez três barras idênticas de ouro aparecerem e logo depois fez com que elas sumissem.

Ouro. Sorriu para si mesma, lembrando do quanto ela gostava de ouro quando ainda era uma mera humana. Gananciosa. Uma rainha jovem, que subiu ao trono muito cedo e não havia aprendido o que tinha que fazer para ser uma boa governante.

Devia ser por isso que foi morta em seus aposentos, sem chance para luta.

— Atrapalho? — Uma voz suave a tirou de seus pensamentos, fazendo a Goblin levantar os olhos para a porta.

Era o médico vampiro, com seu cabelo loiro e bonito demais e seu rosto pálido e bonito demais. Jee Hye suspirou, acenando que não enquanto se empertigava na cadeira.

— Entre, Dr. Cullen. No que posso ser útil?

Carlisle fechou a porta atrás de si, encarando com cautela a mulher à sua frente. Jee Hye não parecia ser uma criatura perigosa – para falar a verdade, havia algo nela que exalava poder. Mas não perigo. Porém, ele sabia o quanto Goblins eram perigosos e poderosos. Quando estava com os Volturi, Aro dizia sobre o Goblin que cruzou seu caminho nos primeiros anos de sua imortalidade. Dizia, com estranha inveja, o quanto aquele ser era poderoso e tão... comum aos olhos.

Aro era curioso sobre aquela espécie, e Carlisle sabia que, se Aro pudesse, teria um Goblin só para si. Um pequeno deus de estimação.

— Preciso que olhe esses exames do Sr. Adams. Suspeito que ele precise de uma cirurgia com urgência, mas a opinião de uma médica da área é necessária. — Carlisle diz, estendendo os papéis para a mulher. — Se for o caso, preciso pedir uma transferência dele para Seattle, já que não temos o necessário para uma cirurgia desse calibre aqui.

Jee Hye asseniu, abrindo a pasta do paciente. Seus olhos correram pelas informações, prestando atenção em tudo o que estava escrito ali. Por fim, a única coisa que a Goblin fez foi suspirar. Mesmo com uma cirurgia, não havia certeza de sobrevivência. Viver com o problema era difícil, mas passar pela cirurgia poderia ser ainda mais.

— Não recomendo a cirurgia... — Jee Hye apoiou uma mão no rosto, apertando a ponte do nariz enquanto pensava. — É perigoso.

— Eu sei, mas tem uma chance de sucesso que...

— O homem pode viver mais apenas tratando do problema, Carlisle. A porcentagem de sucesso da cirurgia é baixa. — Jee Hye o cortou, fechando o prontuário. — Apenas um milagre poderia salvar esse homem, deixe-o viver a vida dele pelos últimos meses que ainda tem. Meses esses que seriam, provavelmente, roubados dele com a cirurgia.

Carlisle a olhou atentamente. Milagre. Sr. Adams era um homem realmente bom, dono da livraria mais antiga de Forks e vivia há anos com esse problema no coração. Consultas frequentes, exames e tudo o que era necessário para controlar a frequência cardíaca dele. Mas no fim, não havia o que fazer. Apenas um milagre. Seria irônico da parte dele, ingênuo até, se esperasse um milagre sabendo que eles não caiam do céu.

Mas Kim Jee Hye era uma deusa. Uma deusa menor, que seja, mas tinha poder o suficiente para interferir na vida e na morte. Ou no vácuo existencial entre eles. Se ela pudesse...

— Não. — A voz da Goblin ecoou pela sala. Curiosamente, o tempo lá fora fechou ainda mais, as nuvens antes cinzas tomando uma cor mais escura enquanto um raio cortava o céu.

— Não? — A surpresa pegou Carlisle de jeito, a boca entreaberta enquanto as sobrancelhas claras se juntavam uma à outra.

A Goblin se levanta, arrastando a cadeira para trás e ficando firme em seus saltos. Os olhos antes escuros agora brilhavam numa cor verde azulada, e pareciam queimar na direção do vampiro.

— A vida deste homem não está nas minhas mãos. Não sou eu quem decide se ele vai viver ou não. — A chuva torrencial começou a cair do lado de fora do hospital, as gotas pesadas indo de encontro com a janela e se arrastando no vidro. — Muitas coisas estão sob o meu controle. Mas essa não.

Carlisle recuou um passo, mantendo a postura firme e defensiva. Seu corpo todo estava tenso, o instinto do vampiro fazendo ele se tornar quase como uma estátua esculpida em uma cena de pavor. Os olhos dourados arregalados e as mãos fechadas em punho.

— Sabe que sei quem você é. — Não foi uma pergunta. O tom baixo fez eco pela sala, chegando até a Goblin.

— Não sou burra, vampiro. Já vivi mais anos nessa Terra do que todo o seu clã junto, sei reconhecer sua raça de longe. Da mesma forma que também sei reconhecer de longe quando querem que eu use meus poderes. — Jee Hye foi grossa.

Estava cansada. Um milênio de vida, e sempre, sempre, havia alguém querendo tirar proveito de suas habilidades. Era cansativo. Era doloroso saber que tinha o poder e ter de escolher o destino de alguém, mas essa não era sua tarefa. Durante muitos anos agiu como juíza, decidindo o destino das pessoas. Durante muitos anos ajudou e puniu na mesma medida.

Mas ela não fazia mais isso.

Não era sua tarefa.

— Fique fora do meu caminho, vampiro, e eu ficarei fora do seu.

Com um gesto de mão a porta do consultório se abriu, mostrando o corredor vazio do hospital. Carlisle assentiu, se curvando na mesa para pegar o prontuário do paciente e recuou, saindo da sala a passos lentos.

— Não está nos meus planos ficar no caminho de uma Goblin, acredite.

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⏰ Última atualização: Sep 25, 2021 ⏰

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도깨비 - 𝐆𝐎𝐁𝐋𝐈𝐍, 𝑡𝑤𝑖𝑙𝑖𝑔𝘩𝑡Onde histórias criam vida. Descubra agora