Capítulo 1

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Oi de novo

E é nessa parte que ele caminha lentamente em minha direção, com passos largos e pesados, deixando o som de seus pés descalços ecoarem pelo lugar escuro, sendo o único som que ecoa, e sem esforço conseguindo me causar arrepios aterrorizantes por todo meu corpo, enquanto isso sua mente alucinada pelo desejo quase incontrolável, um objetivo, me matar. Mas como sempre a forma que morro é diferente da anterior, me pergunto morbidamente como morrerei dessa vez, sem nem ao menos pensar, sorrio com tal pensamento que já se tornou cotidiano, mas tenho a plena certeza que será dolorosa.
- Vamos logo com isso, me mate, sei que gosta deste tipo de abominação, o senhor e eu sabemos que anseia por isto, por isso não precisa hesitar - dito em um tom monótono, mas ele sempre sabe que estou temendo o que acontecerá.
O homem de rosto tão expressivo em minha frente, sorri diabolicamente, passando um objeto gelado sobre meu pulso que lateja por estar amarrado.
- Sei que ama isso, sei que ama a sensação meu amor - sussurra em uma voz baixa e rouca, deixando seus cabelos compridos e desleixados tocarem minha face coberta por suor - caso o contrário, por que estaria aqui?
- ACABA LOGO COM ISSO - grito com impaciência, e sinto o tranco da cadeira de carvalho caindo abrupta sobre o chão desnivelado - por favor, acaba logo com isso, só quero acabe logo!
Esse som, tão indesejadamente familiar, sua asquerosa risada, alta, grave. Rindo quase aos berros, se curva para olhar meus olhos que estão quase transbordando por lágrimas de desespero, posicionanda o objeto desconhecido em minha clavícula esquerda, que agora reconheço, sendo uma mini faca de caça.
Seu cabo quase todo coberto por suas mãos enrugadas, mas ainda consigo enxergá-lo, preto fosco com detalhes em prata, como se fossem flores espalhadas por toda extensão, e sua lâmina totalmente afiada que ao mero toque já corta minha pele. Mesmo nesta situação, não consigo deixar de notar o belo trabalho que alguém se esforçou em fazer, ficou realmente deslumbrante.
Seus olhos, seu nariz, sua boca, seu rosto, a pessoa que mais odeio está em minha frente, feliz, sorrindo amplamente fazendo seus olhos se fecharem, seria uma cena fofa, um senhor de idade com essa linda expressão com a sua amada filha, se fosse em outro cenário, talvez seria possível existir essa realidade bela, mas nunca saberei, pois esse homem só sabe ser asqueroso e nojento, um velho perturbado e masoquista. Que não se importa com ninguém, além de si mesmo, não, quase me esqueci que ele se importa com outra coisa também, me ver sofrer em conseguencias de suas maos, me tortura-las com elas, me tocarem com elas, me ver aos gritos e gemidos causada por elas, me ver implorar por morrer rapidamente por causa delas. Pelo menos minha mente inútil consegue-se lembrar de algo, mas isso é útil? Temo que não, mas quem irá se importa além dessas vozes que pairam minha mente e eu? Exato, ninguém.
- Seus olhos são lindos, tão lindos, são iguais aos do dela, deveria agradecê-la por lhe dar a coisa mais bonita dela, o resto dela era... -diz enquanto vira a cabeça para o lado, como se estivesse visualizando-a minuciosamente - comum. Mas o corpo até que prestava para alguma coisa - de novo esse rosto, nojento - mesmo não sendo a melhor mulher que já tive o prazer de degustar, foi uma hummm... por assim dizer, aceitável. E vossa mercê, seu corpo, tão lindo, tão delicado, tão desejável -fala com enfase essa ultima palavra, sua face totalmente tomada pelo desejo impuro, carnal, em seus orbes cor de mel mostrando a sua vontade mais suja e doentia; sua mente tão inadequadamente cheia de criatividade, sonhos e mais sonhos, tão perto de serem tornados realidade, toques, sons, movimentos, desejava cada vez com mais afinco, e quanto mais a vontade contaminando seu cérebro podre, mais chegava perto de romper seu limite - suas curvas delicadas, com suas pernas belas, tu por inteiro, totalmente bela, só consigo pensar neste tipo de coisas quando te vejo ou quando te vejo em pensamentos, em como sua boca tão simples pode ser tão tentadora, isto até me recorda um livro bem em específico mas não estou a fim de falar de um dos meus ídolos em frente de uma pessoa que não entende o que é se apaixonar loucamente e infelizmente essa pessoa ser de sua família, ser sangue do seu sangue, mesmo que antigamente os nobres acasalavam com pessoas de suas próprias famílias para não perder seu sangue nobre. Então, gostaria de fingir ser da nobreza?
Com um ar de desprezo, nojo, cuspo em tua face tão asquerosa.
- Tu és um ser totalmente deplorável. Deveria se envergonhar de dizer essas balbúrdias para qualquer pessoa, ainda mais para sua própria filha! Seus desejos impuros são tão detestáveis que nem consigo expressar o que sinto por meio de meras palavras, elas não fazem jus ao que realmente sinto por ti, mas existem algumas que se aproximam então falarei poucas, se envergonhe disto, seu porco imundo, se mate, eu te odeio!
Então num ato de pura diversão e vingança por vomitar essas sinceras palavras, ele pega a faca e enfia várias vezes em meus braços, as gotas de sangue jorrando pelos ares, infestado o ar com um cheiro metálico e agridoce, o seu vermelho escuro, mas de cor viva, como se fosse reluzente no meio da escuridão, refletindo no espaço escuro uma luz brilhante, iluminando os arredores, e seus olhos refletindo cada vez mais emoção desprezíveis, como se amasse ver isso.
Sei que ama.
- Sabe, eu estava refletindo esses dias, todos somos diferentes, uns têm linhagem corrompidas, sujas e miseráveis, outros têm linhagens puras, lindas e infelizmente minha filha, tevês o miserável azar de cair em uma linhagem bem corrompida, mas eu poderia resolver isso, é só me dar a permissão, você teria tudo, e sabes bem disso. Resolveria todos os seus problemas e seu sangue tão nojento, seria normal, não essa aberração.
Não aguentando mais ouvir essas coisas, chuto-o com meus pés no seu rosto precário, e ele devolve sua raiva por meio de mais cortes, mais facadas, mais vermelho saindo de mim, cada vez mais rápido, e cada vez mais jorrando para fora um belo vermelho.
- Deveria me agradecer por querer terminar disto rapidamente, olha para minha roupa, toda suja do seu sangue imundo, EU DISSE PARA OLHAR PARA MIM - suas duas mãos pesadas entram em contato com minha pele, causando um atrito pesado, virando-me em sua direção - isso, boa menina, poderia ser assim sempre, amaria ver seu corpo e mente devoto as minhas incubenças, garanto-lhe que seria bastante prazeroso e uma vez que permitisse não iria querer parar mais, seria como um viciada, ansiando por sua droga, se desprendendo de tudo e todos, focando em seu material de vício e desejo, que não te deixaria em paz, a cada momento apenas pensando nisso, cada vez mais, cada vez mais impossível não pensar nisso. E quando der por si, estará em meus pés implorando para poder receber sua recompensa.
Mesmo sabendo de todos os desejos e "necessidades" dele, ainda me causa náuseas e ânsia ouvir essas palavras saírem com tanta naturalidade da pessoa que supostamente deveria me proteger, cuidar e amar de forma paternal não desse jeito que ele ama e devota com tanta fervorosidade.
Sua mão leva a faca até a bainha de sua calça, colocando-a em sua cintura, e com suas mãos agora desocupadas encontram novos objetivos, indo de baixo de meu vestido curto que antes estava tocando meus joelhos, e que agora tocam minha barriga, sinto os toques de sua pele áspera passear por minhas pernas até chegarem ao lugar desejado, o encontro delas, o meio e o lugar mais desprotegido, com medo do que irá fazer, junto-as num impulso, afastando-o por um tempo, mantenho minhas coxas grudadas, como se tivessem sido costuradas.
Gritando, implorando, me debatendo, chorando, fazendo de tudo para que não aconteça isso mais uma vez, ele não desiste e parece desejar ainda mais, que a cada emoção minha aflora, quando demonstro que tenho medo do que ele irá fazer, parece que é incentivo a mais, mesmo sendo um senhor de idade, és forte, segurando cada uma de minhas coxas com suas mãos e afastando-as com todo o impulso e força, dando até para se ouvir o choque de minhas pernas tocarem os braços da cadeira com força, me fazendo gemer de dor, a única coisa que consigo fazer.
Meu estômago sofrendo consequências imaginárias, como se levasse socos e apertos, não consigo mais controlar a vontade de despejar tudo para fora, sinto minha boca se abrir involuntariamente e jorrar o que deveria ficar dentro de mim. Com um som bem audível que percorre a sala tão inerte, e levando um gosto repugnante a minha língua.
Atordoado devido ao acontecimento repentino, cambaleia para trás à procura de um pano para um motivo óbvio, se limpar.
- Quando finalmente acho que estamos começando a nos entender, tu faz isso, oh minha filha ando preocupado contigo, não falas mais comigo e sempre que estamos em um momento de compartilhar desejos faz algo do tipo, por isso mereces uma lição por um comportamento tão inadequado, de seu bondoso pai.
Depois se suas palavras tão cheias de falsidade, sinto uma dor aguda em meu peito e quando percebo, ele apunhalou em meu coração, me fazendo urrar e gemer de dor, quando retira a faca, sinto meu líquido primordial para viver, saindo rápido do meu corpo, quente, quase fervendo, como se o ódio que sentisse esquentasse-o, queimando minha pele exposta por falta de roupas, espalhando um rastro de dolorosas queimaduras. Quando toda pele se vai, vejo meu próprio osso se derretendo e me arrependo de ter olhos nesse momento.
Meu tórax e pernas completamente diferentes, onde não tem o branco à mostra, existe o mais puro vermelho sangue, e a cada segundo eles dilacerando meus músculos, cada vez mais, revelando meu interior. Não sabendo mais o significado de dor e angústia tudo some, vejo nada, meus olhos não me obedecem, permanecendo-se fechados, não consigo controlar sequer minhas pernas que estavam grudadas, caem num impulso, se chocando mais uma vez com a madeira dura, sinto meu corpo perder o peso, como se me fundisse ao espaço.
Levanto-me num pulo, com o desespero em minha mente, vasculho todo meu corpo com minhas mãos mesmo estando tremendo, a procura de algum ferimento, acho alguns hematomas novos e outros pré existentes, mas devem ter sido causados por me debater enquanto dormia. Mesmo tendo esses ferimentos, isso me acalma, pois sei que nada daquilo era realidade, apenas mais uma pegadinha de minha imaginação fértil e doentia.
Em vez de estar naquele lugar escuro sentada em uma cadeira e olhando para seus olhos sobressaltados, estou na minha cama, finalmente em minha casa, mesmo não sendo o lugar que me atrevo a chamar de "lar"é melhor do qual acabei de sair . Em vez de me castigar pelos meus problemas, decido levantar-me e sair para espairecer.
Após ir ao banheiro para poder saciar minhas necessidades básicas, me visto adequadamente para poder caminhar, desço as escadas lentamente com o medo de cair, devido ao meu corpo ainda estar trêmulo; chegando perto da porta, ouço sons em minha cozinha. Panelas se chocando, fogo sendo aceso, cheiro de comida sendo feita.
Avisto a escrivaninha ao lado da porta e em cima um atiçador de lareira, agarro-o com força, e vou em direção a cozinha que no momento se encontra tão silenciosa, como se o intruso parasse tudo de repente. Pode ser apenas uma pessoa passando fome, pelo que saiba nenhum animal sabe cozinhar, mas não importa, quem comete crime deverá ser punido.
Sigo silenciosamente para a cozinha, passando pela sala e vendo um terno sobre a mesinha de centro, mas não qualquer um. Um feito de tecido bordô, com detalhes minúsculos espalhados ao seu todo formando pequenos dragões de diferentes tonalidades de vermelho escuro, deixando-o delicado mas ao mesmo tempo demonstrando um poder elegante, nem todos têm ternos tão elegantes, só os de classe alta ou militares. Um terno familiar.
Mas nele tem um detalhe muito importante, em seu bolso direto existe o brasão da Hireaje, o primeiro escalão, como muitos camponeses dizem, "os famosos da forças militares".
Mesmo reconhecendo o terno, sabendo de quem pode pertencer, ainda pode ser mais uma enganação deles, ou minha mente me pregando peças, quando estou prestes a adentrar a cozinha, uma forma alta e de pele escura pula em minha frente e agarra-me pela cintura. Em um movimento por puro instinto empurro o atiçador para dentro de seu ombro, e em vez de ouvir gemidos ou gritos de dor ouço risadas.
- Está pretendendo me matar agora? - Seus braços desleixam um pouco, e pulo para fora deles, mas nunca deixando de rir - Bom dia para vossa mercê também.
Ainda assustada dou três passos para trás e ergo minha cabeça, quando percebo o que fiz, com quem fiz, a vergonha e culpa me tomam, mas ao mesmo tempo a alergia também e uma risada contamina minhas cordas vocais.
- A culpa não é minha que me assustou, sabes muito bem que é falta de respeito adentrar a casa dos outros sem um convite, muito menos quando o anfitrião está dormindo, isso se chama invasão de propriedade - não aguentando mais manter minha expressão séria, dou-lhe um sorriso.
- Então quer me mandar para a prisão e perder a melhor pessoa que já teve o prazer de conhecer? Isso me magoa tanto que acho que meu coração não irá suportar tal sentimento negativo - diz exageradamente colocando as duas mãos em seu coração enquanto se curvava para ficar na mesma linha de meus olhos. Mostrando um olhar de puro fingimento de tristeza.
- Francamente Jingo, tenha a mínima decência de tirar esse atiçador de seu ombro, mas faça isso na pia, não quero meu chão todo sujo por sua causa. E para vossa mercê saber, não és a melhor pessoa que já conheci.

♤♡♤

Olá, tudo bom?
Então, minha primeira vez fazendo isso, espero que tenham no mínimo se entretido com isso. E se não conseguiu isso, sinto muito por não conseguir te entreter.
Não sei se irei continuar essa história, apenas se tiver pessoas curtindo, muito obrigado por terem lido, agradeço de coração
Foi isso
Até uma próxima vez?

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⏰ Última atualização: Sep 02, 2022 ⏰

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