capítulo único

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Os toques ousados e indecentes aos poucos se tornavam mais intensos e incontroláveis. As mãos passeavam sem pudor pelos corpos ainda cobertos pelas vestimentas. 

Os lábios buscavam-se afoitos naquele mar de sensações, procurando afogar-se cada vez mais naquela imensidão oceânica que era a boca alheia. 

Os estalos molhados preenchiam a sala junto ao som da televisão. Um episódio qualquer de uma série ordinária de comédia duvidosa rodava como pano de fundo para os amassos trocados no sofá. Junto ao som da TV se mesclava a chuva por se iniciar, mas que não incomodava nenhum dos dois rapazes, mais entretidos em se tocarem do que em ouvir os sons ao redor.

Os corpos estavam colados, esfregando-se naquele calor abafado que aumentava a cada beijo trocado, a cada toque mais ousado. As mãos crisparam a barra da camisa, hesitando em tocar a pele quente. 

Lentamente os dedos delgados do menor adentraram a peça, deslizando suavemente pela epiderme macia da barriga, conhecendo a região vagarosamente. 

As línguas se tocavam por dentro das bocas em uma dança sensual e que ambos os envolvidos ansiavam por não se findar. O de madeixas platinadas envolveu seus dedos pelos fios negros e ondulados, puxando-os e ouvindo o menor soltar um gemido delicioso de tesão. 

A boca do moreno se desgrudou da alheia, descendo lentamente com beijos e lambidas até alcançar o pescoço, onde lambeu, beijou e mordiscou, sentindo o corpo do outro estremecer entre seus braços. 

Estava tudo correndo bem naquele dia, tudo havia sido pensado para aquele momento: a primeira vez juntos daquele jovem casal. 

Ambos estavam eufóricos, haviam ficado sozinhos na casa há pouco e, claro, não perderam tempo em iniciar aquela troca de contato e carícias. Os dois ansiavam por aquilo, desejavam com todos os àtomos de seus corpos se entregarem ao outro, permitirem sentir o calor alheio contra si, mesclando-se em puro prazer e desejo. 

As mãos do moreno sardento subiram para os seios fartos, pressionando e massageando a carne entre seus dedos, apreciando aquela textura macia contra sua palma. Era extremamente reconfortante tocar no corpo do namorado, senti-lo por inteiro, cada toque o fazia desejar por mais.

Ace queria se embrenhar e se aventurar no corpo do namorado, queria amá-lo através de seus toques, não só com suas palavras. Queria que de alguma forma seus sentimentos fossem transmitidos para o outro através de cada carícia dada, de cada olhar trocado.

O moreno era apaixonado por Yamato há tanto tempo que nem mais se lembrava quando começou a se sentir daquela forma, só conseguia lembrar-se do dia em que soube que seus sentimentos eram correspondidos, aquele dia que jurou que poderia morrer ou explodir de felicidade. 

Depois disso, decidiram ir devagar em seu relacionamento, passo a passo, aproveitando cada etapa deliciosa de um namoro, se demorando em passar das mãos dadas e selinhos para beijos mais intensos, seguindo para as mãos bobas até que finalmente chegassem ali: aos amassos despudorados quando estavam a sós na casa do moreno.

O som da porta se abrindo brutalmente fez os dois amantes pararem, se separando rápido e ajeitando suas roupas levemente amarrotadas. Os rostos em chamas e os lábios sutilmente inchados delatavam o que acabaram de fazer, mas o recém chegado nem ao menos notara. 

— Que chuva forte e repentina — comentou o rapaz moreno de cicatriz abaixo do olho, tirando seu chapéu de palha de sua cabeça, balançando-o para tirar o excesso de água — Ace, Yamao, o que estão vendo? Oh eu amo essa série, ela é muito engraçada. 

Após dizer isso, o recém-chegado se adiantou até o sofá, sentando ao lado do irmão, tão atento a TV que nem ao menos notara o estado de Ace. 

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