O Antony é um querido colega de profissão, contudo não dá pra ignorar o fato de que ele é um cara gato e atraente. Já estivemos juntos em cena algumas vezes, mas o trabalho que simplesmente é inesquecível é aquele episódio do, se não me engano, Você Decide em que eu fazia uma viúva milionária e ele, um ex-presidiário. Faz muito tempo, mas eu lembro que na narrativa, vivíamos um relacionamento tórrido. Na época, eu era casada e apaixonada pelo meu marido, mas os instintos desconhecem regras morais, então muitas vezes eu saía louca de tesão das gravações. Várias noites cheguei molhada em casa depois do set e transei com o Ig. Era uma delícia.
Muita gente lembra daquela cena do capô do carro e não é sem razão, não. Ainda bem que rolava chuva, viu?!, porque se eu dissesse que foi fácil manter a concentração, estaria mentindo descaradamente. Pelo menos, a água esfriou um pouco a situação. Mas faltava fôlego e nossa troca de olhares cheia de tesão não era nada técnica.
Falávamos muito nos bastidores sobre as cenas e acabou que nasceu uma certa intimidade que nos permitia fazer brincadeiras mais quentes, tudo, claro, com respeito. Mas a gente sabia do fundo de verdade. A energia sexual caótica entre nós não nos permitia ignorar a clara atração. Infelizmente ou não, mantivemo-nos fiéis aos nossos respectivos cônjuges da época, Mônica e Ig, e tudo não passou de brincadeiras de bastidores um pouco mais picantes. Nada aconteceu.
Em seguida, nos reencontramos em Torre de Babel. Eram papeis nada fáceis, então a fantasia sexual não teve lugar. Também fomos cunhados em Mulheres Apaixonadas, só que o enredo era tão cansativo, sempre em torno das loucuras da Heloísa, que também não havia espaço pra fantasiar. Mas sempre existiu um climinha entre a gente desde o Você Decide, embora isso nunca tenha sido verbalizado, concretizado ou assumido.
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Mas o universo prega peças e calhou que recentemente fomos convidados para o mesmo festival português de cinema sustentável, que acontecia de 23 a 26 de setembro de 2021. O filme que dirigi junto com Miguel estava na programação do dia 24 e Marcelo participava da grade do dia 25. Como vim sozinha pra Portugal e estava de bobeira, montei o famigerado look Chrisinha camuflada e fui prestigiar meu querido colega.
Após a participação do Marcelo no evento, decidimos esticar um pouco. O clima entre amigos estava uma delícia e ofereci meu apartamento, afinal nunca faltam bons rótulos na adega e pra mim seria muito mais prático estar em casa. O grupinho de amigos se animou, acertamos os carros e seguimos pro estacionamento.
Desde o primeiro momento, Carolina, esposa do Marcelo, se queixava de enxaqueca, mas, diante de tanta insistência ela aceitou ir também. Só que no percurso até os carros ela falou que de fato não se sentia bem e que preferia ir pra casa. Pediu pra que não insistíssemos, lamentou o fato de estar indisposta e fez questão de que Marcelo fosse conosco, afinal era sábado e uma noite especial de reencontros. Merecia ser celebrada. Ela pediu um veículo no aplicativo e nós seguimos pra minha casa.
Sou péssima na cozinha, mas improvisei uns aperitivos, enquanto a comida que pedimos não chegava. Éramos eu, Marcelo, um casal de amigos dele e outro casal de amigos meus. O papo era rico e divertido. Vinho pra cá, vinho pra lá... gargalhávamos na mesma proporção em que filosofávamos. Estava bárbaro. Adooooro essa espécie de petit comité improvisado com gente querida e inteligente, boa comida, bons vinhos e boa música.
