Capítulo 4

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"Compartilhando meu coração
Isso está acabando comigo
Mas sei que sentiria sua falta, amor, se eu partisse agora mesmo
Fazendo o que posso, tentando ser um homem
E toda vez que te beijo, amor
Posso ouvir o som de algo se quebrando"
The Neighbourhood-sofcore.

P.O.V Loren~

Ele partiu. Nem se quer deu o luxo de olhar para trás, ou voltar e pedir perdão... Claro, estamos errados, mas se ele voltasse eu teria pedido desculpas! Bom, eu tentaria deixar meu orgulho de lado pelo menos uma vez, por ele.
Nunca fui de me arrepender por meus atos sendo eles radicais ou não. Akira me conheceu quando eu estava no meu pior momento... Nunca fui de ter muitos amigos e nem boas notas. Sempre fui gorduchinha por viver com pais totalmente problemáticos. Então, imagina comigo... Uma garota de 10 anos comer de monte por conta das brigas e pressão que eles puseram em cima dela. É difícil de imaginar? Não, né?

Meus pais eram dois adultos problemáticos que só estavam juntos porque na adolescência não tiveram a droga da responsabilidade de usar uma simples camisinha ou um anticoncepcional.
Quando minha mãe descobriu que estava grávida de mim, a suposta vida maravilhosa que ela tinha foi tudo por espaço. As brigas eram frequentes eram insuportáveis de se ouvir, a polícia ia toda vez e de tanto que eles apareciam lá já estavam acostumados com a situação. Todas as vezes eles pediam pra minha mãe se separar ou pedir uma ordem restrita para que ele não se aproximasse ela não queria e dizia que era "normal" casais brigarem. Tsh! Que mentira mais esfarrapada...
      Lembro-me perfeitamente da última vez em que os policiais foram lá. Um deles falou algo a minha mãe que ficou marcado em minha memória:  "Cuidado! Algum dia, essas brigas que vocês chamam de normais, vão acabar em algo mais sério. Com a morte de um dos dois." 
          Para uma garotinha de 10 anos não era tão difícil de se entender o que ele havia dito. Pensar sobre aquilo era assustador, e me fazia ter calafrios sempre que me vinha à mente.

        E foi com meus 12 anos que meus pais tiveram a briga mais feia onde pude ouvir barulhos e gritos vindo do quarto ao lado. Era minha mãe, ela gritava muito e eu não podia fazer nada a não ser me esconder dentro do guarda roupa... Eu estava com tanto medo que tapei meus ouvidos para tentar ao menos não ouvir muito daquela barulheira, até que uma hora ela parou de gritar e tudo ficou silencioso por um bom tempo até ouvir alguém batendo na porta do meu quarto. Eu estava calada e com medo de que fosse algo ruim vindo me pegar até ouvir a voz do meu pai me chamando de "Abelhinha". Esse era o nome que ele me chamava quando pequena.
       Eu sai do armário e o olhei, sua camisa e suas mãos estava sujas de "tinta vermelha", Ele me olhou por alguns segundos e logo esticou os braços continuando em silêncio e veio me abraçar, no começo eu não entendi nada do porquê ele estava fazendo aquilo, então eu só o retribuí...

- Papai... Está tudo bem?

P: Sim, Abelhinha...

- ...O-onde está a mamãe?

P: Ela vai para casa de sua vó. Ultimamente ela não estava se sentindo bem, então, ela foi para lá cuidar da saúde dela e não tem previsão de quando vai voltar.

Por algum motivo, eu tinha um certo pressentimento de que ele estava mentindo, mas preferi acreditar no que ele falava até por que ele era meu pai. Não tem o porque dele mentir para mim, certo?

- E... A gente não vai com ela?

P: Não. Abelhinha... Você não... quer ficar com o papai?

- E-eu quero...

P: Que bom! Porque vamos fazer um monte de coisas. O que você acha de viajarmos juntos?

- Sem a mamãe?

P: Sim, abelhinha. Só eu e você.

- A-acho legal...

P: Que bom! Então, vai se arrumar, papai vai tomar banho, ok? Quer vir comigo?

- Eu vou pegar minha roupa primeiro papai...

P: Está bem, te espero no chuveiro!

Como eu havia dito para o mesmo, eu fiz. Mas eu estava assustada demais para raciocinar alguma coisa, tanto que estava pegando qualquer coisa no guarda-roupa para usar.
Ele estava prestes a sair do quarto, porém, algo fez com que o mesmo voltasse. Ele se abaixou ficando de frente para mim e abriu um sorriso. Eu nunca me esqueci daquele sorriso que ele deu para mim naquela noite...

P: Aliás... Feliz aniversário abelhinha.


Ele acariciou meus cabelos negros, foi em direção a minha bochecha, e depositou um beijo singelo, dali ele se levantou e saiu.
Aquela foi a primeira vez que tive medo do meu pai.
Eu estava paralisada, estava com medo do que viria dali pra frente, mas também estava com raiva de mim mesma por não estar fazendo nada a respeito. Mas, de toda forma, eu não poderia contar a ninguém, até porque viriam consequências cedo ou tarde. Eu amava meu pai em algumas vezes. Mas, em outras, ele era como se fosse um monstro assustador saindo de um filme de terror.
Eu tinha medo de quando ele me tocava. Você deve se perguntar o porquê. Quando ele me tocava não era um simples toque... Era como carícias, beijos com bastante afeto, era como ele tocava na mamãe as vezes quando ele tinha vontade de "brincar". Era como ele dizia pra mim.

Acho que Deus tem seus preferidos....

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⏰ Última atualização: Mar 23, 2023 ⏰

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