Encaro o envelope a minha frente como venho fazendo há pelo menos duas semanas. Mordo meu lábio inferior suspirando em seguida. O coloco em cima da minha cama mas, inquieta, o pego mais uma vez, dessa vez alcançando o abridor de cartas.
— Se você não abrir isso agora eu vou te estrangular! – ouço Riley dizer enquanto meus olhos se direcionam até a tela do notebook aberta e sua feição impaciente me analisando, como se estivesse me fuzilando.
Todos os meus amigos já sabiam em quais universidades já haviam sido aceitos e junto com isso, a decisão de qual frequentariam já havia sido tomada.
Por um instante me perco em meus devaneios quando meus pensamentos se voltam para o dia em que eu dei a notícia a Josh sobre sua admissão na universidade de Nova York. Suspiro pesadamente fechando meus olhos com força.
Me acomodo na cama mais uma vez quando enfim corto o envelope e meus olhos praticamente devoram cada letra, palavra, frase, linha escrita no papel.
— Senhorita Maya Hunter – meu tom de voz muda, um pequeno sorriso surgindo em meus lábios. – temos o prazer de informar…
Riley nem ao menos espera que eu termine de ler antes de surtar e gritar enquanto pula de um lado para o outro.
— VOCÊ PASSOU, PEACHES! – ela grita afobada e vibrando em animação.
A garota murcha tão rapidamente quanto ficara animada.
— O que houve, Riles? – indago preocupada.
— Queria estar aí para poder te abraçar e então nós duas iríamos ao Topanga's tomar um milkshake.
Eu realmente também gostaria disso, mas aquela era a primeira vez que Riley viajava com a família e não estávamos juntas.
— Eu sei disso, lindinha. Mas quando você voltar, nós vamos grudar uma na outra e nada vai separar a gente.
— Você jura?
— Pelo nosso anel e por todos os nossos anos de amizade.
— Juramento bem sério! Eu acredito.
— O que foi que você ainda tá com essa carinha aí, hein?
— Só estou pensando – ela suspira.
— Em que?
— No que meu tio Josh fez… Eu poderia jurar que as coisas entre vocês dariam certo.
Sinto algo em meu peito quebrar no mesmo instante que o ar escapa dos meus pulmões.
Dou de ombros, tentando fingir indiferença, mesmo sabendo que com Riley aquilo não iria funcionar, talvez ela deixasse passar, mas ela me conhecia bem demais para saber quando eu estava sendo sincera e quando não.
— Ah… tá tudo bem, amorzinho. Imprevistos acontecem, nem sempre as coisas ocorrem como queremos, essa é uma dessas coisas.
— É, acho que você está certa! Mas eu só queria entender o que aconteceu pra tudo mudar assim tão de repente.
— Acho que não tem o que entender, amiga. E se você reparar, nem foi tão de repente. Nós só nos falávamos umas duas ou três vezes ao ano, isso já era de se esperar – Não. Não era. – Fora essas vezes, éramos como completos estranhos – Mentira deslavada.
— Talvez você tenha razão – Ouço uma voz atrás dela, provavelmente Auggie. – Tenho que desligar, docinho. Vamos sair para jantar. Amanhã estou de volta e então colocamos nossos papos em dia. Amo você.
— Amo você também. Vai lá. Amanhã nos vemos.
E então meu quarto submerge-se no mais completo silêncio.
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Revival - Joshaya
FanfictionUma semana após meu aniversário de dezesseis anos foi quando nossos lábios se tocaram pela primeira vez em um selinho desajeitado, afinal por aquele breve período ele era apenas dois anos mais velho do que eu. No verão dos dezessete eu finalmente o...