CAPÍTULO ÚNICO

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APENAS UM SONHO


Quando Anakin não negou tudo o que tinha feito, Padmé sentiu seu coração frágil estremecer. Uma pequena discussão sobre Obi-Wan logo se estendeu no hangar de Mustafar. A Senadora sentiu a pressão do ar naquele lugar ser mais pesada, tornando cada vez mais difícil respirar. Seus dedos finos alcançaram a nuca de Anakin em um instante, como sempre fazia para o acalmar ─ acariciava a nuca dele ─, mas em questões de segundos o aloirado não dava mais importância para o discurso de Padmé.

A morena notou os olhos de Anakin. Os olhos de lava que misturavam o dourado com o vermelho. As orbes do mais alto estavam vidradas além do ombro da mulher. Vermelho era a cor da paixão, mas também poderia ser a cor do ódio, e naquele caso era totalmente pelo ódio que sentia. Padmé só percebeu a presença de Kenobi quando o ruivo a orientou para sair de perto do Escolhido.

─ Você… ─ Vader murmurou com uma alegria estóica por saber que o momento em que ele mataria Obi-Wan, o traidor da República, estava cada vez mais próximo.

Os lábios de Padmé tremiam enquanto ela protestava vários “Não!” para impedir uma briga. A jovem e esperançosa mulher não entendia como Anakin poderia ter começado a odiar tanto seu mestre! Não fazia sentido ele ter se desvirtuado tão rapidamente. Padmé gostaria de respostas para suas milhares de perguntas. No entanto, os pensamentos embaralhados da mulher foram afastados com o grito de Anakin que acusava sua própria esposa.

─ Palpatine estava certo. Algumas vezes, são os mais próximos que não conseguem ver. Eu te amei demais, Padmé.

Em poucos segundos, Darth Vader estendeu seu braço e formou um punho com sua mão e a morena teve sua respiração rapidamente obstruída pelos poderes do homem.

─ Eu te amava demais para ver você! Para ver o que você é!

Padmé sequer pode implorar ou choramingar por seu amor, protestar sobre como o amava e sobre como ele ainda poderia mudar tudo aquilo matando Palpatine. Mas não tinha chances, não com Anakin rasgando a garganta dela mesmo quando não tinha nada para agarrar. Naquele momento, Padmé soube, de modo entristecido, que o homem que ela amava não estava mais ali, ele era apenas um predador caçando sua presa.

Ele era o herói caído.

“Não, Anakin, eu te amo! Sinto muito, por favor, eu te amo!” tentou falar, mas sua voz saiu tão estrangulada quanto sua garganta. Rapidamente, a visão de Padmé se tornou em um esfumado preto que a cegou por completo. A última coisa que ouviu antes de perder sua consciência foi Obi-Wan lutando com a voz para que Anakin a soltasse e Anakin protestou que nunca a deixaria ir. O corpo da Senadora não tardou para cair no chão como uma marionete que teve suas cordas cortadas.

Uma breve conversação entre o antigo Mestre de Skywalker e ele foi estendida. Segundos depois as únicas coisas a serem ouvidas eram o barulho de lâmina contra lâmina, o grunhido de dor e a árdua batalha entre o bem e o mal. Tudo se passou muito rapidamente, o fogo choveu ao redor deles, e quando Obi-Wan tinha o maior terreno, Anakin estava jogado no chão sem suas pernas. O sabre de luz do aloirado estava jogado no pequeno penhasco em que o mesmo se encontrava descendo lentamente em encontro à lava que nadava, quando Obi-Wan o olhou por uma última vez percebeu que o fogo já carbonizava o corpo de Anakin e o rapaz de apenas 22 anos gritava pela dor de ser queimado.

Seus olhos ardiam pelo fogo dos Sith. Obi-Wan se aproximou e pegou o sabre de seu antigo Padawan, então viu que Anakin gritou por seu nome, e com relutância ele olhou para seu antigo amigo. Kenobi choramingou como Anakin deveria ter sido o herói e não o vilão, e como vacilou em quebrar um dos códigos Jedi pois tinha amado Anakin com todo seu coração. Era a primeira e a última vez que Anakin escutou Obi-Wan proclamar seu amor por ele. Afogado no próprio fracasso, o Skywalker gritou “EU TE ODEIO!” e percebeu as lágrimas vacilarem nos olhos de Kenobi.

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