De Vante Para Jungkook

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Playlist: https://open.spotify.com/playlist/4N5OMwo1RnAQvfNvpLEUgl

O estudante de arte não puxou mais assunto com Jungkook depois daquela conversa, apenas elogiando as fotos que recebeu. Jungkook também não tentou, ainda incerto de que não tinha imaginado aquela interação amigável. Mas parecia que o mural realmente era algo especial. A edição nova com o trabalho dos dois saiu na sexta-feira, rendendo uma série de elogios pelos corredores. Jungkook, entretanto, mal teve tempo de aproveitar. A visita de sua mãe martelava sua cabeça e ele foi mais cedo para casa, planejando deixar suas coisas impecáveis antes que ela chegasse.

"Eu trouxe kimchi!" Foi a primeira coisa que ela disse quando Jungkook abriu a porta da casa compartilhada as 9 da manhã no sábado.

"Mãe!" Gritaram os outros meninos vindo ajudar a mulher a carregar o excesso de compras. Ela insistia que todos usassem o termo, o que Jungkook considerava bem representativo de quem ela era, a maternidade comendo o que quer que estivesse lá antes.

Ela abraçou o filho o puxando para uma série de beijos e checagens em busca de machucados, tatuagens ou piercings.

"Mãe, tudo está igual a última vez que nos vimos," ele suspirou, segurando os ombros da criatura minúscula.

"Que bom, já faz quase um mês da última vez, nem acredito."

"Nem eu."

"Como você tem estado, Kookoo?" Ele escutava o risinho dos meninos que saqueavam as sacolas do supermercado, "Está se alimentando bem? Se agasalhando? Como está seu sono? E sua prisão de ventre?"

"Mãe, vamos conversar no meu quarto por favor."

"Primeiro preciso cuidar da comida," ela sorriu, marchando em direção à cozinha para alimentar aquele batalhão de universitários. Geralmente lhe tomava boa parte do dia fazer uma infinidade de pratos para congelar, mas ela não se importava, esquentando a barriga no fogo e cantarolando músicas dos anos 90. A oportunidade de mimar os garotos que viviam à base de ramen lhe era satisfatória demais. Ser mãe era sua vida. Jungkook sabia que ela seria quem mais sofreria quando ele saísse de Busan.  E mesmo assim ele foi.

"E o pai?" Ele perguntou em algum ponto enquanto ela cozinhava de forma automática o mesmo ensopado de Kimchi de todas as visitas.

"Você sabe."

Diferentemente da maioria dos seus colegas de sala, Jungkook não tinha um pai médico. Não eram as delicadas estruturas de uma cirurgia que o ocupavam, mas sim as pesadas máquinas da fábrica onde trabalhava. Era um operário, que dera cada gota de si para sustentar os estudos de Jungkook para que o filho um dia retribuísse todo aquele esforço. Estavam os dois fazendo seus sacrifícios e contando que ele seria seu investimento bem sucedido. E Jungkook não sabia quando tinha assinado aquele contrato.

"Sei."

"E como vai a escola?"

"Bem," ele mentiu para não preocupá-la.

"Não está difícil?"

"Nada que eu não dê conta."

"Muito bem. Esse é o meu Jungkook." Ela lhe deu uma colherada do ensopado para provar. "Viu como foi bom você ter nos ouvido e desistido do time de futebol?"

Jungkook encarava as chamas que esquentavam a panela, engolindo o que queria dizer junto com o molho sem sabor.

"Sim."

"E o jornal? Não estão te ocupando muito, não é?"

"Não. Tudo sob controle," ele disse, arrependendo-se de ter contado a ela sobre a atividade extra.