História feita para o projeto @mikrokosmosfest , plot #54
Ninguém sabia em que momento da história daquele reino a família Park e a família Jeon haviam começado a se odiar, assim como jamais houve um habitante – jovem, criança e até mesmo um animal de estimação – que não conhecesse sua rivalidade. Não havia muito como esconder o ódio, no entanto, já que era impossível que qualquer maluco com aqueles sobrenomes não estivesse trabalhando constantemente para atrapalhar um ao outro.
Naquele dia, Park Jimin estava se arrumando para o Equinócio de Primavera quando sentiu.
Seria uma noite especial: todos os habitantes que estivessem completando 20 anos deveriam enxergar a própria vida ser tecida nos fios de Aracne, reconhecer a própria morte e conviver com ela, enxergar sua alma da maneira mais crua e verdadeira. Era um sinal de coragem, de lealdade e uma chance de honrar sua ancestralidade. E Jimin não podia estar mais ansioso.
Tudo começou com uma coceira irritante nas pernas enquanto o alfaiate ajeitava suas calças.
— Você precisa parar de se mexer — avisou o senhor, olhando para ele através de seus óculos meia-lua com um ar de acusação nos olhos escuros.
— Estou tentando — Jimin bufou, controlando-se para não xingar. A sensação começou a se tornar insuportável, a pele formigando e se arrepiando todo segundo, uma coceira insuportável que o fazia se revirar e gemer em desespero; ele tentou levar sua mente para qualquer lugar que não fosse a sala clara e cheia de panos, que não fosse a maldita sensação que se alastrava por toda a sua perna. Tentou coçar a palma da mão para enganar seu cérebro e até mesmo pensou em se jogar de um lugar bem alto para acabar com a tortura.
Nada funcionou.
Depois de espetá-lo mais três vezes com a agulha, o homem jogou as mãos para o alto em uma desistência frustrada, a boca contraída em sua fúria mal contida:
— Francamente, garoto, nem as crianças do Sr. Kim são tão inquietas!
E aquilo realmente era uma ofensa. Os filhos de Kim Seokjin e Kim Namjoon eram conhecidos como os pentelhos mais bagunceiros de Belt Nagaro, sempre arrumando confusão ou quebrando alguns ossos pelas ruas. Mas naquele momento o jovem não poderia se importar menos com aquilo. Não quando ele finalmente foi capaz de arrancar a calça com um puxão violento e coçar as pernas com tanto fervor quando fosse possível.
Mas ele não fez. Não foi capaz de esfregar as unhas com força em sua carne para buscar algum alívio.
Porque quando olhou para a sua pele tudo o que viu foram as bolhas verdes e nojentas que estavam nascendo. Suas pernas estavam repletas de machucados cheios de pus e furúnculos babentos, fedidos e amarelos esverdeados.
E coçava como o inferno.
— Deuses... — sussurrou o alfaiate, olhando com espanto para Jimin — É Pó de Trasgo.
O jovem conhecia bem aquele feitiço. Assim como sabia perfeitamente quem tinha feito aquilo a ele.
Do lado de fora da sala, alguém ria descontroladamente, respirando com dificuldade antes de uma voz bastante conhecida dizer:
— Olhe a minha obra-prima — Jeon Jungkook gritou — Isso é pelo Feitiço de Rima.
— Ora, seu..!
Antes que Jimin pudesse sair correndo atrás do garoto que àquela altura já estava muito longe dali – ele podia ser muito rápido quando o assunto era fugir de suas garras furiosas –, o alfaiate o segurou pelo colarinho, o rosto contorcido conforme ele tentava não rir de sua desgraça.
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Ódio e juras de amor.
Fanfiction"A imagem no riacho escureceu e se contorceu até que estivesse mostrando a plateia entediada da qual Jimin fazia parte alguns minutos antes. E então focou em um rosto específico. Jimin olhou com clareza para as orbes pretas e o cabelo longo que cai...