O lago encantado

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— Por que você está organizando uma bolsa mesmo? — Taehyung perguntou mais uma vez.

Jimin tinha chamado o amigo para passar o dia com ele, em uma tentativa falha de colocar um fim em suas mãos trêmulas e ao seu coração que batia tão acelerado que mais parecia querer fugir para fora de seu peito do que enfrentar uma viagem de cinco dias ao lado de Jeon Jungkook.

— Não sei do que você está falando.

— Pelo amor dos deuses, de burro já basta do Hoseok.

— Ah não — sorriu inocentemente, encontrando a oportunidade perfeita para fazê-lo esquecer a mala que o amigo arrumava descaradamente — Me conta tudo.

— Eu o chamei para sair e... — Taehyung começou, mas parou assim que notou a felicidade excessiva e suspeita de Jimin —Não! Isso é traição!

— Não custa tentar, né?

Sem saídas, ele contou para Taehyung sobre a revelação que tivera quando se encontrou com Aracne, e sua conversa com o bruxo da aldeia.

— Então a gente vai até o vilarejo dessa bruxa para quebrar o laço de pareceria.

— Isso é... brilhante — disse Taehyung, olhando para Jimin de olhos arregalados — Suicida, maluco, inconsequente e brilhante. Simplesmente sem noção.

— Eu sinceramente não sei o que isso significa.

— Que ou vocês vão se matar depois de passar cinco minutos sozinhos, ou vão morrer por algum ladrão no meio da floresta.

— Isso não é muito motivador.

— A verdade nem sempre é o que a gente quer ouvir, pintinho — disse ele, com um sorriso enigmático que provavelmente pegara emprestado de algum ator barato — Mas fica tranquilo, vocês vão se apaixonar antes mesmo de chegarem muito longe.

Jimin, que naquele momento estava colocando um frasco de baba de bruxa na bolsa, se engasgou com um fiapo de sua própria saliva. Com a boca retorcida e uma voz furiosa, ele disse:

— Repete, Kim Taehyung! Quero ouvir você repetir.

— Vocês vão estar apaixona...

Ele não pode terminar, porque no instante seguinte Jimin estava enfiando uma meia grossa e embolada em sua boca, ao mesmo tempo em que agarrou seu precioso travesseiro para agredi-lo.

— Para! Eu retiro o que eu disse!

Depois do que foram os três minutos mais prazerosos de sua vida, ele jogou o travesseiro para o lado, afastando os cabelos loiros da testa suada.

— Nunca mais se atreva a dizer isso — ordenou ofegante, o dedo indicador apontado para o amigo.

— Tudo bem, me desculpe — murmurou o outro, levantando-se para ajeitar a roupa amarrotada — Não sei o que foi que deu em mim. É óbvio que o ódio muito bem fundamentado de vocês é mais forte que o laço de parceria.

Jimin tinha uma leve impressão de que ele estava sendo irônico, mas não achou que valia a pena aquela discussão. De qualquer forma, seus braços já estavam cansados e não aguentariam outra sessão de espancamento.

Os dois se encontraram na madrugada daquele dia, ambos ofegantes depois de fugir escondido de suas casas e correr por todo o reino até a Floresta da Noite, que delimitava o limite entre Belt Nagaro e Três Irmãs, o reino vizinho.

— Você chegou, finalmente — resmungou Jungkook, as mãos na cintura em um sinal de repreensão — Te esperei por um tempão.

— Mentiroso, safado e trapaceiro — acusou Jimin, tão irado de raiva que nem notou que seu Feitiço de Rima tinha perdido o efeito — Como você chegou faz tempo se está até ofegante?

Ódio e juras de amor.Onde histórias criam vida. Descubra agora