Já nos aproximávamos de dezembro. Estava muito quente na cidade do rio. Meu ar-condicionado está com defeito a pelo menos 1 semana. está se tornando insuportável viver no centro da cidade. E por um momento me esqueço de minha hospede. ainda de toalha entro no antigo quarto de tralhas para procurar minha farda. ela está na cama. A imagem me paralisa. A canela em sua boca, o caderno sobre a cama. Iluminada pela luz da tela de seu notebook enquanto estuda para provas finais. Seu semblante de descrença me faz cair em si. ainda estou molhado e de toalha. E agora ainda mais atrasado. demorei para entender que ela olhava fixamente para mim. e com um salto para trás percebo que minha falta de roupas pode ter paralisado totalmente qualquer coisa que pudesse passar pela cabeça dela. e com um passo rápido para trás, eu puxo de volta a porta. e por um segundo com ela fechada, ainda não sei bem como reagir além de...
-ah, desculpe! eu esqueci que estava ai.
-Bem, tudo bem. eu não vi nada. desculpe.
-Poderia pegar minha gandola? É parte da minha farda, como um casaco. está pendurada nos cabides.
a porta se abre brevemente, e vejo que olha apenas para baixo, desviando o olhar com um pouco envergonhada.
-Sua gan... gan... essa coisa aqui.
-É gandola. e obrigado.
A porta bate novamente. e ouço alguns ruídos, grunhidos como de raiva. espero que não tenha magoado ela. não queria que se sentisse ameaçada depois de tudo o que passou.
Aproximadamente a 1 mês que ela está aqui. Não tem causado problemas. É uma boa menina. Na maior parte do tempo está estudando ou conversando com alguns amigos em chamadas. Depois de uma breve conversa com o promotor, e é explicando que ela não teria para onde ir, e por ter idade mais avançada e ter interagindo diretamente com ela no incide te, fui designado como tutor. Já havia feito isso antes com uma criança, mas definitivamente isto é bem diferente. Ela está se preparando para faculdade. Já é mais velha, o que demanda certos cuidados da minha parte, como por exemplo não ficar andando pela casa sem roupas. Coisa que acabo fazendo quase por instinto. Estive sozinho a vida inteira, e é difícil criar novos hábitos. Vão ser dias difíceis daqui praia frente. Ainda não sabemos quanto tempo ela vai ficar. Parece que não tem parentes próximos, então até completar maior idade, precisará de um tutor devido ao ocorrido, também de ajuda psicológica para tratamento de quaisquer traumas decorrente a tudo que passou. Ela não falou, muito desde que chegou aqui, apenas o mínimo para se comunicar. Escuto ela em chamadas durante toda noite enquanto estou de folga, e já percebi um certo nível de insónia. Sei que deveria adicionar isso ao relatório, mas a garota já tem coisas demais pra se preocupar. Melhor deixá-la descansar como bem entender.
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escolhas difíceis.
Actionesta historia estava perdida em um de meus hds. ainda não ha um rumo. nem começo, nem fim. é apenas um manuscrito perdido. aceito todo tipo de opinião. texto totalmente sem edição