Capítulo XV

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Eu já não estava aguentando mais ter que reviver a mesma cena todo momento, se não me engano, já era a vigésima vez que eu estava revivendo o dia da morte do meu pai e tudo o que eu conseguia fazer era deixar com que ele morresse novamente. Eu já não aguentava mais ter que olhar para o rosto da minha e ver tristeza nele toda vez que ela me dava a noticia, ou ver o rosto de Himawari me culpando sempre que eu a olhava, eu já não aguentava mais e não sabia o que deveria fazer para mudar de vez essa historia, nada do que eu fizesse para salvar o meu pai era o certo a se fazer. Maldito Mitsuki e seu desejo idiota, porque ele simplesmente não podia ter desejado que meu pai voltasse a vida? Ou que todos nós voltasse ao passado para salvar ele? Não, é claro que ele tinha que dificultar e fazer com que tudo se tornasse um sonho infinito e eu enlouquecesse por aqui, parabéns Mitsuki.

- Boruto, acorda! - Meu pai falou mais uma vez naquela manhã, eu já estava acordado para falar a verdade, mas eu iria esperar que ele me acordasse para que eu pudesse vê-lo mais uma vez. Depois de hoje, eu iria desistir de tudo isso, talvez eu que teria que morrer para salva-lo.
- Oi! - Disse abrindo os olhos, não tinha como ser diferente, todas as vezes que eu o olhava, era como se fosse um reencontro maravilhoso, mas eu sabia que ele logo iria morrer e tudo iria acontecer novamente. Eu só ficava feliz em vê-lo novamente.
- Olá. - Ele falou sorrindo.
- Gostaria de falar sobre a conversa de ontem? - Falei já adiantando tudo aquilo.
- Isso, você não vai comigo na missão, você é uma criança e isso é muito perigoso para você. - Dei de ombros, dessa vez eu iria, mas faria algo completamente diferente das outras vezes, se eu era quem tivesse que morrer nesse dia, então iria fazer o que era esperado por todos.
- Tudo bem! - Falei apenas.
- Serio? - Ele perguntou surpreso. - Sem todo aquele drama? - Apenas afirmei com a cabeça. - Acho que meu filho está virando homem afinal de contas.
- Hoje eu só quero ficar em casa com a minha mãe e irmã. - Respirei fundo. - Aguardando noticias suas e da tal missão.
- Espero que isso não seja um truque seu. - Apenas neguei com a cabeça. - Não me siga, por favor, será algo muito perigoso e não quero vê-lo correndo perigo.
- Tudo bem, eu já disse que vou ficar pela vila hoje. - Ele colocou a mão na minha cabeça.
- Bom garoto. - Ele sorri. - Até o final da noite estou em casa e vamos jantar juntos.
- Assim espero. - Falei sem esperança nenhuma, eu sabia que não iriamos jantar juntos hoje.
- Não fique assim, não é como se eu fosse morrer por lá. - Eu não respondi, apenas fiquei parado no lugar. - Até mais tarde. - Ele saiu do quarto dando um ultimo sorriso.

Se tudo desse errado hoje, eu saberia que iria reencontra-lo novamente nesse quarto e nesse mesmo horário e se tudo desse certo, eu iria sair desse sonho infinito e acordaria, sei lá, no mundo dos mortos. Seria bom, pelo menos iria encontrar meus avôs, meu tio Neji e até mesmo o tio de Sarada, o Itachi. Eu estaria em algum lugar bom e com pessoas boas, tudo daria certo no final de tudo. Levantei da cama e me vesti rapidamente para descer até onde minha mãe e irmã estavam e vê-las pela a ultima vez, se tudo der certo é claro.

- Olá, tudo está pronto, é só se sentar e tomar seu café da manhã. - Dessa vez resolvi tomar café com elas, afinal de contas, aquele poderia ser o meu ultimo momento com elas. 
- Obrigada! - Agradeci, não pelo café da manhã, mas sim por ter essa mãe maravilhosa. Agradeci por ela fazer sempre o melhor dela por mim e Himawari, por ela ser a minha mãe.
- Você está estranho. - Himawari falou me olhando curiosa. - Teve um sonho ruim? . - Dei de ombros. Eu não havia tido apenas um sonho ruim, mais sim vinte deles e todos eram iguais ao que havia acontecido na vida real.
- Sarada passou mais cedo aqui com o pai dela para buscar o seu pai, ela disse que vai está te esperando no lugar de sempre. - Afirmei com a cabeça. Talvez eu passasse por lá para vê-la uma ultima vez também, talvez eu tenha um tempinho para se despedir de todos. 
- Obrigada. - Agradeci mais uma vez e comecei a tomar.

Havia saído de casa sem pegar absolutamente nada, não adiantava eu pegar e arrumar toda a minha bolsa para morrer ou até mesmo para ver o meu pai morrendo novamente e ter que acorda na minha casa e vê-lo novamente, eu já havia desistido de tudo isso. Estava a caminho do local onde sempre encontrava a Sarada, ela também merecia um adeus, mesmo que fosse um adeus de um sonho. Quando a avistei de longe, percebi que ela não estava sozinha, Mitsuki estava com ela. O que aqueles dois estavam planejando?

- Bom dia, Boruto. - Ela disse sorridente.
- Bom dia! - Respondi para ser educado. - O que vocês querem comigo?
- Queremos te chamar para nos ajudar a fazer algo. - Ergui uma sobrancelha. - Vai ser divertido.
- Imagino que possa ser. - Dei de ombros. - Mas tenho algo mais importante para fazer no momento.
- Não vai dizer que você vai atrás do seu pai. - Mitsuki falou e eu dei de ombros mais uma vez. - Se eu fosse você obedeceria o seu pai e ficava na vila, porque você torna seu relacionamento tão difícil com ele?
- Eu tenho um missão além dessa missão, então eu tenho que ir.
- Talvez sua maior missão seja obedecer o seu pai. - Eu tentaria isso amanhã, se tudo desse errado hoje. - Porque você não tenta pelo menos uma vez fazer o certo?
- O que você quer dizer com isso? - Ele não sabia o que estava acontecendo, então logo não saberia o que era o certo a se fazer.
- Não sei, mas acredito que você deveria pelo menos fazer isso uma vez na sua vida. - Ele revira os olhos. - Acho que vamos fazer isso sozinhos Sarada. 
- Você tem certeza que não quer vim com nós? - Sarada perguntou, ignorando o Mitsuki.
- Eu tenho sim, se tudo der errado, amanhã iremos nos ver de toda forma. - Sorri fraco.
- Tudo bem, espero que você esteja certo. - Ela se aproximou e deu um beijo no meu rosto e aquilo fez meu coloração sentir uma dor inexplicável. - Então, até amanhã, Boruto, - Engoli em seco e quis pensar que aquilo não era um adeus, mais era o que estava me parecendo.
- Até mais. - Falei e eles se afastaram de mim.

Estava na hora de concertar as coisas, eu estava cansado de tudo isso e agora eu tinha certeza que iria dar certo. Tinha que dar certo...

A morte de Naruto / REVISÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora