Capítulo 1

15 3 2
                                    

      Acordei assustada, ouvindo gritos. Me Sentia suja e sonolenta – Sinto que devia ter tomado banho ontem à noite – Sinto fome. Olho pela janela para saber o que me acordara. Sinto um frio descer pela espinha.

Bomba.

A última coisa que vejo é o teto desabando.

      De repente, um zumbido ecoa na minha mente – não sei quanto tempo fiquei aqui, imóvel – aos poucos minha visão clareia, mesmo assim não vejo nada. O ar me parece úmido e sujo. Tento me lembrar do que aconteceu, mas só consigo pensar em minha mãe, no andar de baixo assistindo um programa de culinária em sua Telefunken de 14 polegadas.

     Minha casa era linda, com paredes pintadas e uma decoração modesta. Agora... destruída. Desço as escadas com bastante cuidado, mas então percebo algo. Chegando ao final dos degraus, vejo que a casa está intacta. É como se mágica tivesse impedido a bomba de atingir a casa – mas eu não acredito em magia, seria uma ideia absurda – Olho para frente e vejo minha mãe, sorrindo, com seus lindos olhos verdes e seu cabelo castanho preso para trás, como sempre fazia. Mas há algo errado. Seu rosto... Está faltando uma parte de seu rosto! Caminho para mais perto dela, quando a toco, ela se despedaça, e voa como areia ao vento. Olho em volta, toda a cidade está desaparecendo, me deixando em um lugar nunca visto pelos olhos de nenhum ser humano.

                                                                                                        -

      Tenho a impressão de que o tempo não passa. Não há nada, talvez esteja apenas sonhando. Até que então me ocorre a ideia: "E se nada disso é real?" "E se eu puder controlar este lugar?" De repente vejo uma coisa: à minha esquerda, uma porta branca e à direita uma porta vermelha.

      Involuntariamente, acredito que tenha escolhido a porta vermelha, pois é a cor que mais me atrai – acabo de perceber que tudo que penso, ou o que parece mais "confortável" é o que controla tudo isso - porém gostaria de ter escolhido a branca, já que sua cor representa pureza. Já é tarde demais, a porta branca desaparecera. Reflito comigo mesma sobre o porquê de eu querer a porta branca. Talvez por pensar que seria mais fácil? Agora não tenho escolha, flutuo até a porta, adentrando este curioso novo mundo.

                                                                                                       - 

Lana Davis - O relógio perdidoOnde histórias criam vida. Descubra agora