[03] ATELOFOBIA ;

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ATELOFOBIA: ''o medo de nunca ser bom o suficiente''

[🌃]

Quando nada de interessante costuma acontecer em sua vida monótona, é comum que acabe se criando uma ansiedade quando algo de fato acontece. E eu estava experienciando essa fase ansiosa infernal desde o momento que botei os pés para fora da cafeteria.

Nos momentos em que meus pensamentos não estavam completamente ocupados pelas matérias que eu necessitava decorar, minha mente vagava, e dava um belo de um passeio por tudo que havia acontecido nos últimos dias.

A simples decisão de assistir ao show no meio daquela feira de comidas de rua, me fez viver um momento extremamente constrangedor enquanto uma garota cantava de fundo. Estava tudo bem, eu pensava que jamais se expandiria para além daquele local. Até que a vida me provou que quando quer, te coloca no lugar certo para reencontrar quem certamente não esperava rever.

Bem, não fui eu que decidi pedir o telefone de um total estranho, no meio de um show gratuito. A culpa de todo aquele inconveniente não era minha... Mas é claro que o espaço vazio em minha mente não aceitaria aquele fato, e começou a criar motivos para me deixar com dúvidas sobre de quem era a culpa.

Eu poderia não ter aceitado dar meu telefone para ele. Mas ainda seria constrangedor reencontrá-lo...

Eu poderia ter pedido o número dele. Mas não tinha coragem para algo assim, e não deixaria de ser desconfortável descobrir que poderíamos acabar trabalhando juntos.

Eu poderia... Eu deveria ter jantado em outro lugar. Se aventurar em lugares diferentes não era uma boa ideia. Pedir um delivery que entregasse no meu dormitório seria ainda menos arriscado.

Era por isso que eu nunca ousava fazer nada diferente. Essas bagunças criadas pela vida pareciam seguir minhas pegadas deixadas para trás, e mesmo que eu tomasse cuidado, eu era encontrado, e algo desconfortável acontecia.

Ao invés de fugir das consequências de erros, eu preferiria não cometer tais erros. Preferiria não criar espaço para que eles se proliferassem.

A zona de conforto nunca foi um problema para mim. Tinha tudo que eu precisava para garantir minha sobrevivência e sanidade.

Mas depois de perceber que minha cabeça estava doendo de tanto pensar sobre isso, eu voltei minha atenção para o anime que passava na tela do meu computador. Não era a primeira vez que eu perdia o foco no que eu estava fazendo, por pensar demais em problemas externos.

Já faziam alguns dias desde que eu havia passado na cafeteria, e já estava começando a cogitar tentar um emprego em outro lugar, já que ainda não havia obtido resposta, nem positiva e nem negativa.

Ou talvez, Jimin apenas havia esquecido de ligar. Não seria a primeira vez, e eu definitivamente não me surpreenderia.

Mas o meu medo de rejeição, sempre tão presente, não durou muito dessa vez. Em certo momento, finalmente recebi uma ligação.

Quando meu celular tocou, eu obviamente me assustei. O aparelho velho, já com a tela trincada, vivia em silêncio por eu quase não ter de quem receber mensagens. Quando tocou, eu sabia sobre o que se tratava.

Quase derrubei-o no chão, dando-lhe mais um risco na tela, tamanho o susto. Atendi com pressa, sem nem checar o nome na tela, e assim que soltei um "Alô?" assustado, ouvi a outra voz dizer:

―Jeon Jungkook?

Eu já tinha reparado em como meu nome soava diferente na voz dele, e soava diferente agora também. Eu decifrei que era Jimin.

MIDNIGHT CITY | jikookOnde histórias criam vida. Descubra agora