[5] SELCOUTH;

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SELCOUTH: (inglês antigo) ''quando tudo parece muito diferente e estranho, mas você ainda assim acha maravilhoso''

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Péssima decisão. Péssima decisão. A pior decisão já tomada por mim antes.

Eu estava me olhando no espelho, vendo algo que não me agradava muito. A roupa escolhida por mim para conhecer um bar com meus colegas de trabalho não parecia boa o suficiente para impressionar.

Impressionar era uma expectativa alta demais para uma reação que eu queria causar. Era melhor aceitar que nunca causaria isso em alguém, que o máximo que eu podia esperar era não estar desagradável.

A calça jeans preta era a que eu mais usava, sendo assim estava claramente desgastada. Eu tinha certo apego com a calça, e fez sentido quando pensei que, ir com uma roupa que me deixa confortável, ia deixar a situação toda menos pior.

Seguindo essa lógica, coloquei uma blusa de manga longa preta, para evitar o frio, e uma camiseta bem maior que eu por cima, para não ficar parecendo uma sombra, usando apenas preto.

Se bem que fazia sentido usar apenas preto. Eu estava de luto. Pela minha dignidade.

Eu ainda não acreditava que tinha chegado ao ponto de aceitar um convite como aquele. Eu não fazia ideia do tipo de pessoa que frequentava o bar Boo, mas esperava que não fosse um fim de mundo. Meus colegas de trabalho o frequentavam, e eles eram legais, então tentei não criar expectativas tão ruins sobre o local.

Tentei deixar meu cabelo no lugar e vesti meu sapato surrado. Recebi uma mensagem de Jimin, dizendo que já estava indo me buscar.

Yoongi não fazia faculdade, e Yeonhwa estudava na K-ARTS, pelo que eu havia entendido, então isso fazia com que eu e Jimin fôssemos os únicos a estudar na SNU.

Ele também morava nos dormitórios, pelo que tinha me contado, então muito em breve chegaria. Fiquei uns segundos encarando a porta, no maior silêncio, sentindo o coração bater forte contra a minha caixa torácica.

Me senti extremamente esquisito por ficar de pé, parado, olhando para a porta, então me sentei, e continuei fazendo a mesma coisa, só que sentado.

Assim como seguia o protocolo de toda vez que eu ficava nervoso, levei uma mão até a outra e estralei cada dedo, minuciosamente e aproveitando bem a sensação satisfatória.

Quando percebi que Jimin não estava tão perto assim, já que o dormitório tinha muitos andares e era quilométrico, eu comecei a girar em minha cadeira, para ocupar a mente.

Deixei-me focar mais na sensação de tontura por girar, do que no nervosismo que eu sentia.

Ouvi batidas na porta.

Elas foram altas, me dando um susto, bem no momento em que eu estava tonto de tanto girar. Caí da cadeira, fazendo um barulho alto. Bati meu braço na mesa, fazendo um barulho ainda maior.

Levei uma mão até a área afetada, sentindo a dor, e me sentindo um tremendo idiota.

―Jungkook? ―Ouvi a voz de Jimin preocupada do outro lado ―Tá Tudo bem?

Me levantei no desespero, me apoiando na cadeira rotatória que se afastou e aumentou meu tombo, pois no momento em que a usei de suporte, ela escorregou para longe.

Me deu vontade de rir de desespero. E eu riria, se não estivesse tão tenso.

―Tá sim! Já vou!

Me levantei, recuperei o fôlego, arrumei minha roupa e meu cabelo no espelho. Respirei fundo. Repensei, em um segundo, um trilhão de vezes se eu deveria mesmo ir. Ouvi minha intuição, e abri a porta.

MIDNIGHT CITY | jikookOnde histórias criam vida. Descubra agora