Capítulo 29

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Após parar sua crise de choro – que provavelmente, durou quase que uma hora – Natasha se acalmou em meus braços e agora estávamos sentadas ao chão, com algumas almofadas sobre nossas pernas.

Em um completo silêncio.

- Ivo disse que você precisa se alimentar.- Ela disse após fungar algumas vezes.- Passou muito tempo sem se alimentar corretamente.

- E você também.- Brinquei com o zíper da fronha colocada no travesseiro.

- Por que você insiste em querer cuidar de mim?- Ela balançou a cabeça em negação.

Suspirei antes de encará-la.

- Não quer ter essa conversa agora.- Respondi e ela finalmente, desde o momento em que cheguei nesse quarto, olhou para mim.- Eu amo você. Aceite isso e aceite que outras pessoas sentem o mesmo.

A relembrei de Yelena, com certeza indignada e com a paciência esgotada do lado de fora.

- Me pergunto se um dia vou conseguir me perdoar.- Um sorriso envergonhado surgiu em seu rosto.

- Você vai.- Assenti e seguimos em silêncio por mais uns dez segundos.- Obrigada por me proteger.- A assustei com o assunto.- Você me protegeu quando eu era somente um bebê, retiraram sua memória, mas ainda sim, conseguiu de alguma forma cuidar de mim. Me tirar das ruas daquela vez.. você sabia o que fazia, no fundo sempre soube.

Seus olhos voltaram a ficar marejados, assim como os meus.

Um aperto surgiu em meu peito e Tasha se aproximou de mim, colocando suas mãos, uma de cada lado de meu rosto, o acariciando levemente.

- Você é a minha criança.- Ela sorriu em meio as lágrimas.- Sempre foi.

- E você a mãe que eu sempre tive.- Coloquei minhas mãos sobre a sua.- Então, por favor, não diga que não entende a minha necessidade de cuidar de você.- Sorri.- Você cuidou de mim a minha vida inteira.

Natasha não demorou muito para me puxar para um abraço, apertado e demorado. Ela sabia que eu me sentia bem ali.

E ela sentia o mesmo.

Após esperarmos um tempo para que a vermelhidão do nosso rosto diminuísse um pouco para que pudéssemos sair, ao irmos para sala, encontramos somente Barnes na cozinha, com certeza a procura do que comer e beber. Natasha o liberou para isso e foi atrás de sua irmã do lado de fora da cabana, me deixando com meu pai biológico.

Me sentei na cadeira da mesa de jantar, colocando minha cabeça entre as mãos, escutando somente a respiração e a movimentação de Barnes à frente.

- Desculpa não ser aquilo que você esperava.- Sua voz invadiu meus pensamentos silenciosos.- Como pai.- Ele disse a palavra de modo diferente.

- Não seja bobo..- Levantei minha visão.- Não tem nada disso e não quero que pense dessa forma, por favor!- Implorei.

Ele aproveitou para se virar para mim.

- Certo, acho que Sam já vai fazer isso por mim diariamente.- Ele levantou e abaixou os ombros, sorrindo logo em seguida.- Desculpa, ainda é algo que me deixa nervoso.

- Está tudo bem.- Sorri de volta.- Mas não se cobre tanto, eu sei que você nunca na sua vida planejou algo assim, então não precisa se sentir nervoso com tudo isso. Eu não vou colocar expectativa alguma nisso, é o melhor.

Brinquei com os meus dedos.

E um longo suspiro saiu de Bucky.

- Talvez eu tenha pensado, no passado, muito tempo atrás.- Ele encarava a sala atrás de mim.-A vida como sempre arrumou um jeito de mudar tudo, mas se por acaso, precisar de mim.-Não havia percebido que ele estava com os braços apoiados sobre o balcão e que me encarava.- Saiba que pode contar comigo.

What If..?|The Avengers| Vol.2 Onde histórias criam vida. Descubra agora