𝐶𝑜𝑛𝑡𝑖𝑛𝑢𝑜𝑠 𝐷𝑒𝑣𝑖𝑙 [𝘿𝙤𝙪𝙢𝙖]

𝙲𝚊𝚙-𝟶𝟷

1-

Você estava dolorida dos pés a cabeça com apenas uma parte de baixo e um pano cobrindo seus seios, seu corpo cheio de hematomas variando dos grandes até os pequenos, cortes fazendo escorrer sangue pela sua pele que estava totalmente pálida, quase branca por completa. Você se remexia contra seu pai que afundava sua cabeça puxando pelos cabelos para de baixo da água de um balde em uma tentativa de te afogar. Suas mãos doíam de tentar ir contra. Ele te xingava de inúmeras coisas. De baixo da água era abafado para ouvir mas mesmo assim você conseguia ouvir palavras de baixo calão. Sua mãe observava da porta seu estado sem ligar ou dar a mínima para você com uma feição tranquila e neutra, seu irmão estava deitado nos braços dela mesmo tendo 11 anos, estava em um sono profundo de um verdadeiro Deus. Sua mãe claramente fazia esforço para carregá-lo pois 11 anos já é uma idade em que ele poderia deixar de ser apegado ao colinho de mamãe.

Seu pai a puxou te volta pelos cabelos ainda com um olhar não muito bom, você puxou todo ar que conseguia, tentou não fazer barulho para não acordar seu irmão pois seria punida por isso também.

—Você sabe o porque disso não é mesmo!? - tentou tirar satisfações de você puxando seu cabelo de um lado para o outro sacudindo sua cabeça. Você estava deplorável se matando de dor tanto do lado de fora quanto de dentro - você deveria estar morta... seu verme! - gargalhou de você te jogando na neve - durma aí... - foi seco se direcionando para dentro da pequena casa no meio da floresta. Sua mãe te deu um último olhar murmurando algo que você identificou ser "patético" logo fechando a porta.

Você deixou cair algumas lágrimas se lamentando por não conseguir fazer nada. Se levantou aos custos tentando se apoiar em algo para andar, falhando. Seu estado estava pior que o dos outros dias, geralmente era só alguns tapas ou cortes bem leves, mas dessa vez você estava realmente machucada e precisava de ajuda. Sua relação com sua família nunca foi das melhores chegando até talvez ser das piores. O motivo disso era que você não era menino, eles queriam um menino para liderar a família e você odiava essa hierarquia. Tiveram você a custo e quando seu irmão chegou eles te trataram totalmente diferente, sentia inveja do seu irmão sendo tratado como um real príncipe digno da mais bela princesa dos contos de fada. Já você passou seus 15 anos desde seus 4 anos aturando a dor, pios desde que seu irmão nasceu quando você tinha 4 anos sua vida foi um inferno. E mesmo sendo de maior eles não te deixavam sair nunca oque te irritava. Talvez sua vida fosse mesmo servir essa família que tinha nojo de chamar de sua.

Se arrastou até um rio próximo que não estava congelado pelo frio, limpou seus machucados gemendo de dor lavando seu cabelo também o sacudindo para não sentir tanto frio. Tinha consciência que dormiria do lado de fora da casa mas queria dormir por perto para não ir longe a ponto de achar animais selvagens. Acabou de se limpar sentiu seus olhos pesarem e seu corpo ficar mais pesado. Se xingou internamente murmurando por fim um "merda..." até não ver mais nada e tudo ao seu redor ser escuro e preto.

Seus olhos abriam involuntariamente e bem lentamente como se você fosse outra pessoa. Finalmente tomou controle sobre si mesma se levantando não entendendo nada, seu corpo doía mais que antes mas você não era você, tudo estava diferente, você estava com seu único kimono todo rasgado na frente de sua casa. Suas mãos estavam com sangue e você segurava uma faca muito afiada que pingava sangue pela neve.

Tocou em seus cabelos para ver se ainda estavam molhados e percebeu no instante que você tocou que era você mesma, os cabelos estavam úmidos e com certeza eram seus cabelos. Segurou mais forte a faca andando para mais perto da casa, seus olhos pararam na porta vendo sangue, escorria sangue para fora na casa deixando a neve vermelha. Ao contrário doque muitos estariam você estava calma, abriu devagar a porta se deparando com sua mãe pai e seu irmão mortos cheios de facadas no peito. Não conseguia sentir nada e sua expressão estava totalmente em branco. Não sentia pena, euforia, raiva, prazer. Não sentia nada. Respirou fundo, parecia que havia tirado um peso de suas costas. Sentiu sua garganta arranhar, se ajoelhou com a mão na garganta. Alguma coisa queria sair, algo grudento e que parecia vômito. Forçou para sair vomitando algo estranho, algo preto muito diferente de sangue ou comida. Ele era preto e bem pastoso.