❛ 𝅄 ׁ 𝗉𝖺𝗉𝖺𝗋𝖺𝗓𝗓𝗂, 𝘀𝗮𝗻𝘇𝘂 ͜❟⠀ׁ

o. ✧ confess

͟Sábado, delegacia de polícia.

Existem momentos na vida que paramos para refletir sobre certas situações que poderiam ter sido evitadas se houvessem contradições de decisão própia. Mas quanto a isso, já era tarde demais. A decisão foi tomada, o tempo passou, e as consequências acabaram pesando demais.

Eu não sabia como vim parar nessa situação.

Mas na verdade, eu sei bem.

Há dois anos, quando contratei meu novo segurança particular, tudo pareceu andar perfeitamente bem, para depois desandar na metade do caminho, e eu sendo a principal culpada disso tudo.

Eu ainda não montei todas as peças do quebra-cabeça, mas eu sei que ainda faltam muitas vírgulas para o fim, não vão ser esses policiais que colocarão um ponto final nessa história de terror em que eu sou a verdadeira vítima.

Eu não sou a culpada.

Mas o anjinho no meu ombro me diz que convencer a sociedade ou esses policiais, não vai ser tão fácil assim.

Mexo minhas mãos presas pelas algemas de maneira inquieta. Já fazia alguns minutos que me trouxeram a força do show da turnê em que eu estava. Acho que meus fãs ficaram mais surpresos que eu, ao verem várias viaturas com policiais dispostos a me enfiarem atrás das grades pelo resto dos meus dias.

A essa altura minha imagem já deve ter caído ladeira abaixo, várias fotos de mim sendo apreendida devem estar circulando pelas redes sociais, a minha gravadora já deve estar desmoronando em ódio, os haters com certeza devem estar repostando em como estavam felizes e, principalmente, aquele maldito deve estar apreciando um cigarro enquanto bebe o vinho mais caro da minha adega.

A porta daquela sala completamente branca, contendo apenas uma mesa no centro e duas cadeiras, é aberta, revelando a estratura do delegado responsável pelo caso.

— Que bom revê-la. — Ele diz, enquanto depositava na minha frente uma xícara de café, a qual não conseguiria alcançar por conta das algemas. Ele é estúpido propositalmente. — Finalmente vai confessar?

O olho com desdém.

— Não confesso o que não fiz.

— Por quanto tempo vai dizer a mesma mentira?

Revirei os olhos, enquanto o observava endireitar seu estúpido distintivo no seu ridículo uniforme. Ele se sentia superior a todos nessa fantasia, mas na realidade não passava de um estúpido cujo o ego é maior que seu senso de justiça.

— Até quando vocês acreditarem. — Dei de ombros, passando firmeza. Vi aquele sorriso ladino desprezível nos seus lábios secos acompanhado de uma risada filha da puta sair da sua garganta e quis dar um belo soco em sua cara.

— Todas as provas apontam para você, então duvide disso. — Eric soltou, por fim sentado-se a minha frente, me encarando com objetividade. — O que eu ainda não entendo é porquê você ainda acha que vai se livrar da cadeia.

— Porque eu não matei o meu melhor amigo.

— E por que a música do seu novo álbum prova justamente o contrário?

Fiquei em silêncio. Eric ficou intrigado pela falta misteriosa de argumentos da minha parte.

— Não respondo mais nada sem o meu advogado.

— Naoto está a caminho. Mas me diga, se você não fosse a assasina, então quem seria? — Sua pergunta me causou arrepios. O olhei, e minha boca se entreabriu, pronta para abrir o jogo.

Mas optei pelo silêncio.

Eric arqueou as sombrancelhas, curioso, ainda me esperando falar um suspeito, mas tudo o que consegui soltar, foi um suspiro.

Não sabia se realmente devia o entregar, porque afinal de contas, eu ainda não sei se era o certo, tudo não passa de uma suspeita, pois tudo foi muito bem planejado para arruinar minha vida.

Por isso o principal suspeito é ele, Sanzu Haruchiyo, o maldito filha da puta que acabei entregando a chave da minha destruição em uma bandeja de prata. Fui burra o bastante para o ajudar a me arruinar de uma maneira que não há escapatória.

Estou entre a cruz e a espada, e tudo o que consigo fazer, é me sentir estúpida por confiar em um criminoso que ainda não consegiu o que quis.

Isso foi só o primeiro ato. Sanzu ainda quer me arruinar mais, ainda não foi o suficiente para seu ego ferido.

Ele não irá descansar até me ver na lama.

Onde um dia, eu o deixei.