I feel cold

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- De quem eu gosto? Añ... - Bakugou corou e coçou a cabeça.

"Fala o meu nome"

- Eu gosto do...

"Por favor diz o meu nome"

- ....Deku.

Essas foram as palavras mais cortantes, vindo da boca de alguém que você ama.

[...]

Eijiro e Katsuki são amigos desde o fundamental, o ruivo sempre nutriu sentimentos pelo o de loiro dos olhos vermelhos. Mesmo nunca deixando isso claro, e bom, nesta mesma noite, nessa fatídica noite, na qual o grupo de amigos decidiram jogar verdade ou desafio, Bakugou por fim declarou o nome de quem ele tanto gostava.

Eijiro tentou, tentou mesmo, acabar não chorando na frente de todos. E até colocar um sorriso no rosto, mas...

- Se me derem licença, eu vou usar o banheiro.

...ele não conseguiu.

[...]

Perdido em seu quarto, no qual estava uma verdadeira bagunça, o ruivo se via perdido, sem rumo, sem sentido, sem forças ou muito menos motivos para continuar. Havia ficado trancado no quarto desde aquela noite, não falava com ninguém, nem comia ou bebia direito. O que começou a preocupar seus pais.

Seus amigos? Bom, enviaram mensagens e ligaram diversas vezes, mas ele não atendeu. Ele esperava a ligação de alguém, a mensagem daquele alguém, que por fim ele sabia que nunca iria chegar.

Pouco minutos depois, Eijiro continuava perdido em seus pensamentos, no meio daquele casulo de cobertores que ele fez sobre si, estava frio, ele estava com muito frio. O mesmo avistou seu telemóvel tocando em cima da mesa, porém ignorou. O aparelho móvel tocou uma, duas, três e por aí foi, ele tocou diversas vezes, repetidamente diversas vezes.

O ruivo então decidiu ver quem era o ser, que tanto insistia em entrar em contato com si. E lá estava o "Biribinha <3" escrito na tela. Ele pensou se atenderia ou não, ele não queria falar com o loiro, ele queria ficar sozinho. Decidiu por fim não atender e deixar o telemóvel desligar sozinho.

Poucas horas depois a campainha de sua casa tocou, sinalizando que alguém havia chegado, ele não desceria para ver quem era, ele não queria e nem seus pais iriam fazer ele ir. Ouviu passos sobre a casa e algumas conversas, mas ignorou, como fez todos esses últimos dias. E continuou olhando para aquele tal ponto fixo que quase não dava para ver por conta da escuridão que o quarto estava.

Batidas na porta foram ouvidas e ele ignorou, até ouvir a voz de alguém. Um alguém que ele tanto amava... mas que o coração não lhe pertencia.

- Cabelo de merda, abre a porta pra mim vai - Katsuki disse calmo.

Eijiro não iria abrir a porta, certo? Então, porque diabos ele tanto queria abrir? Porque ele queria ver o loiro? Porque ele queria sentir o calor do seu corpo e seus braços lhe envolvendo em um abraço reconfortante?

- J-Já vou - Eijiro levantou e desviou de todas as roupas, jogos e lenços de papel que estavam sobre o chão, e abriu a porta, recebendo na cara a claridade que estava do lado de fora do quarto. Afinal, quantos dias haviam se passado?

- O que aconteceu? - Bakugou encarou o menor com uma tristeza nos olhos e lhe abraçou, sentindo o menor chorar mais ainda novamente, retribuindo o abraço e abafando seu choro em seu blusão.

Bakugou por alguns longos minutos, foi confortando o menos e tentando de alguma forma lhe acalmar. O que demorou mas aconteceu. Bakugou então se escorou na parede do quarto sentado na cama, com Eijiro no meio de suas penas ainda abraçado sobre si.

- O que aconteceu Eijiro, me fala - O loiro disse limpando as lágrimas que escorriam do rosto do menor.

- Eu não quero falar sobre isso - O menor respondeu se prendendo ainda mais no outro.

- Tá bom, vou dormir com você aqui hoje, ok? - Eijiro assentiu com a cabeça - Eu estou aqui cabelo de merda, e sempre vou estar. Prometemos estar um com o outro até o infinito não foi? - O loiro terminou dando um beijo nos cabelos baixos e desarrumados do menor.

[...]

Poucos meses depois.

- Bakugou e Midoriya estão namorando, ele te contou? - Mina dizia alegre para Eijiro e o resto do grupo.

- Mentira, quando eles começaram? - Kaminari perguntou curioso.

-Pelo o que eu entendi ontem, Izuku pediu o biribinha em namoro e ele aceitou.

- Bakugou é fracote mesmo em, nem pediu o menino em namoro. - Sero disse rindo.

Kirishima abaixou a cabeça e continuou quieto no seu canto, como havia feito durante todas essas semanas. Não parecia ele, não parecia o Eijiro que tanto nós conhecemos, o alegre e sorridente Kirishima. Aonde ele estava?

- Baby shark o que aconteceu? Você está estranho de um tempo pra cá - Mina perguntou grudando em Eijiro.

- Eu? Nada, estou bem - O mesmo respondeu forçando um sorriso.

-Hm, sei.

[...]

O tempo se passou, o amor entre Midoriya e Bakugou apenas aumentou, e Eijiro apenas afundou sozinho. Katsuki e nosso ruivo não conversam mais, bom, não com tanta frequência.

Nada disso tudo parecia certo.

Eijiro via como eles tinham química e o quão pareciam felizes, Bakugou nunca havia sorrido daquele jeito para ele, e nunca havia beijado ele desse jeito. Era para ser ele ali, mas... ele não iria intervir na felicidade de Bakugou, ele queria ver seu amado feliz, e faria de tudo para que ele fosse feliz.

Felicidade
Ele esbanjava felicidade
Bakugou estava feliz
Meu amor finalmente estava feliz
Mas eu... eu não estou feliz

[...]

Pouco menos do que 5 anos, Eijiro estava finalmente quase terminando sua faculdade. E ele estava feliz novamente, não do jeito e nem com quem ele queria, mas estava feliz. Bakugou e ele nunca mais trocaram nem sequer uma palavra e muito menos foram para a mesma faculdade. Eijiro estava se formando em pintura e bom, Bakugou estava fazendo sua tão sonhada faculdade de medicina, em outro país, uma das melhores. Afinal... Bakugou sempre foi deverás inteligente. Acabava sempre sendo o número um, em todos os concursos e provas que tinha no colégio. O loiro ainda estava em muitos dos pensamentos de Eijiro, mas... ele não iria ligar muito para isso, afinal ele nunca seria seu.

Eijiro estava na faculdade e pouco tempo depois, ele se despediu de todos os seus novos amigos e seguiu para a casa de seus pais, ele jantaria lá e logo após voltaria para o seu silencioso e frio apartamento. O caminho até lá foi solitário, mas ele estava com um sentimento bom. Um sentimento que ele não tinha há anos.

[...]

Chegando na porta da casa de seus pais, ele ouviu uma risada conhecida, um risada que ele não ouvia há muito, muito, muito tempo, o que fez com que ele gelasse na porta e não conseguisse entrar.

- Eijiro meu filho, você chegou!! - Sua mãe disse com um belo sorriso no rosto atrás de si, segurando uma sacola com refrigerantes dentro -  Vamos! Entre! Katsuki está esperando você.

Continua...

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