Abacaxi com caramelo {l.s} ONE SHOT

Uno

Harry estava chegando na empresa com seu carro e pensando em quantos calouros promissores chegariam para iniciar os seus estágios hoje. Estacinou o carro em sua vaga de costume e se dirigiu à portaria da empresa. Para passar pela portaria da empresa utilizou seu crachá de identificação no identificador magnético, passou pelo detector de metais e se caminhou a passos lentos, porém firmes, para o setor de manutenção.
Na metade do trajeto, esbarrou em alguém que corria no mesmo sentido que ele. O rapaz caiu, Harry olhou em sua direção e o ajudou a se levantar.
— Qual o seu nome, rapaz?
— Louis, senhor. Me perdoe, é que hoje é meu primeiro dia e não queria chegar atrasado.
— Louis? Bem, Louis, não é permitido correr na empresa, ainda mais a noite que a visibilidade é baixa, mas o trânsito de empilhadeiras continua sendo alto.
— Me perdoe, senhor, não irá se repetir.
— Tudo bem, meu nome é Harry, a propósito, pare de me chamar de senhor, o Senhor está no céu.
— Sim, senh... Harry. — Então, Louis sorriu para Harry que possuía um olhar verde penetrante, poderia jurar que eram os olhos mais bonitos que já vira em toda sua vida. Harry assentiu discretamente, com seu semblante rígido de costume e se encaminhou para seu destino, afinal ele também não poderia se atrasar, tinha que apresentar o plano de estágio e conhecer os novos 'recrutas'.
Harry, ao entrar no seu escritório imprimiu a lista dos novos integrantes de sua equipe, juntamente com onde cada um iria trabalhar, depois imprimiu o diálogo diário de segurança e foi para a área onde deveria encontrar todos seus subordinados. Uma surpresa o atingiu quando viu o garoto apressadinho de mais cedo entre os que trajavam a faixa de estagiário em treinamento. Coçou sua garganta para chamar a atenção de todos e iniciou seu discurso:
— Boa noite a todos, imagino que tenham descansado bastante no dia, pois o turno de hoje será cansativo. Hoje começa o programa de estágio de alguns de vocês e pros veteranos, sejam bonzinhos e educativos com os mais novos. — Ouviu-se algumas risadas nervosas. — Então, primeiro iniciarei com nosso DDS para liberar os mais velhos aos seus afazeres, depois lidarei com o resto de vocês.
Então ele começou a ler e discursar sobre o tema daquele dia, segurança com as mãos, e quando encerrou entregou os planos de manutenções para as equipes de veteranos. Sentou-se em uma cadeira virada ao inverso, encarou aqueles rostos, uns nervosos, uns tímidos, outros desafiadores ou confiantes. Esperava que não houvesse problemas nesse trimestre e que colhesse bons frutos.
— Bem, como muitos de vocês devem estar cientes, o programa de estágio da nossa empresa pode ser um ótimo caminho para galgar um plano de carreira aqui, alguns já trabalham aqui e começaram o curso de mecânica por incentivos de seus supervisores. Para os que são totalmente novos e desconhecem nossa empresa, acredito que os dois dias de integração tenham sido um ótimo começo para se situarem. Dentro do nosso setor de Mecânica, existem equipes que ficam responsáveis por diferentes setores das fábricas e vocês terão alguém responsável por avaliar, oferecer suporte e ensinar vocês, claro todos os membros de suas equipes podem lhes ajudar, mas acredito que alguém específico seja uma forma interessante de conduzir as coisas. Eu, como supervisor, não deveria costumar aparecer nos trabalhos rotineiros, pois tem muita burocracia para ser resolvida, mas gosto muito do que faço por isso tenho uma equipe exclusiva minha para poder realizar serviços de manutenção periódica. Não se preocupem, independente da equipe que vocês ficarem, terão um excelente aprendizado. — Deu uma pausa, pegou o papel com as divisões de equipe. — Shepherd e Scott vocês vão pra equipe C1, seus responsáveis serão, respectivamente, Joshua e Cristopher... — mais 16 duplas foram designadas para suas respectivas equipes até que sobraram apenas mais dois garotos. — Dylan e Louis, vocês dois ficam comigo, temos alguns outros companheiros em nossa equipe, e vocês podem tirar dúvidas com eles, é claro, mas estarei treinando vocês dois pessoalmente, então qualquer dúvida, problema e questão, podem tratar diretamente comigo, sejam sensatos.
— Sim, senhor! — Dylan falou em confirmação, com um leve jeito militar que fez Louis suprimir falhamente uma gargalhada. — Eu falei alguma coisa errada? — Perguntou Dylan confuso.
— Não, soldado, nada foi dito. — Louis respondeu da forma mais séria que conseguia naquele momento.
— Bem, se estamos entendidos, vou mostrar-lhe a documentação de segurança de nossas atividades de praxe. - Falou Harry, deixando passar a brincadeira.
Logo, todos fizeram uma fila e assinaram as documentações, mas não sem antes ouvirem instruções sobre os riscos de cada atividade, afinal a norma daquela empresa é segurança em primeiro lugar, qualidade em segundo. Quando chegou a vez de Louis assinar ele pegou a caneta e tentou ser rápido, mas nunca conseguia evitar tentar caprichar em sua assinatura, pensava que assinar era uma arte, e nenhuma tinta deveria ser desperdiçada. Ao findar sua escrita, entregou a caneta nas mãos do seu chefe, que com suas mãos ásperas dos anos de serviço, sentiu um suave toque ao recebe-la. Com um breve chamado no walkie-talkie, o supervisor pediu um represenrante de cada equipe para comparecer na sala de reuniões para levar seus novos colegas para os seus respectivos postos, dando um leve tour pela fábrica. Restando apenas seus dois protegidos.
— Temos um tempo até a parada da linha a qual iremos realizar nosso pequeno primeiro serviço, então espero poder ouvir um pouco sobre vocês, claro se não for pedir muito.
— Bem, eu me chamo Dylan, iniciei o curso tem um ano, mas confesso que fui obrigado pela minha mãe, eu não esperava acabar gostando tanto e aqui estou eu. Tenho 18 anos e um gato chamado Scott, ele é bem sapeca. Uma irmã chamada Julia também, mas ela não é tão linda como eu.
— Uau! Isso foi específico por tantos ângulos... Confesso que poderia fazer um mapa desse seu labirinto verbal. — Louis falou e sorriu, causando ruguinhas em seus olhos, marcas que provavam seu costume àquela expressão. — Poderia me mostrar seu gato? Amo gatos.
— Anh... Claro, claro.
Um silêncio gritante se instalou, Dylan possuía uma cara estranha, colorida levemente de um vermelho cobre. Harry observava os dois na esperança de que Louis iniciasse sua apresentação ou Dylan mostrasse a foto. Até que Louis falou.
— E então, cadê a foto
— Ah, sim. Quer ver agora? — Louis assente. — Bem, deixe-me pegar meu celular. — Sacou o celular e logo na foto de entrada podiam ser vistos dois jovens, o primeiro podia ser reconhecido como ele mesmo e então o seu gato o abraçava. — E‐Esse é o meu gato. — Riu baixinho e nervoso.
— Aw, que fofo! Depois a gente conversa mais. — Louis cortou a conversa e empurrou a mão dele pois havia percebido o seu constrangimento. Dylan sorriu em agradecimento ao passo que Harry tinha um rosto questionador. — Bem, eu me chamo Louis e também tenho 18 anos, sou de D. , tenho umas irmãs bem menos bonitas e muito mais inteligentes do que eu — ninguém se conteve e riram, até o Harry. — Gosto de chá e livros, graxa e glicerina, sol e lua, animes e séries... Pares e não-Binários.
— Contém ironia ou você tá sendo polissêmico? — Perguntou Dylan, obviamente intrigado pra saber se Louis era do país rainbow flag.
— Sim e sim?
— Okay, eu me perdi, mas acho que consegui absorver o essencial. — Falou Harry com uma cara digna de ator de filme Hollywoodiano em preto e branco. — Imagino, que seja minha vez?
— É! — Falaram os dois aprendizes juntos.
— Bem, então, por onde começo? Não, não respondam pelo começo, ficaria decepecionado. — Riu um pouco, sem graça. — Eu me chamo Harry, tenho 26 anos e sou supervisor há 2 anos e meio, trilhei basicamente o mesmo caminho que vocês, aos 17 iniciei no curso, fiz estágio aqui aos 18, consegui uma vaga na manutenção, comecei a faculdade, terminei a faculdade e subi de cargo. Mas sobre a minha pessoa, eu sou... bastante peculiar, ou monótono. Gosto de ouvir pessoas, amo chocolate meio amargo, café e livros, gosto bastante de livros, de todos os tipos, meu gosto não é bem definido. Eu também adoro manutenção, graxa e ferramentas, mas gosto de lidar com pessoas, então acho que estou no cargo perfeito. É, acho que falei demais, tenho essa mania.
Louis se sentiu confortável, Harry parecia ser habilidoso realmente com as pessoas, aquela pose de seriedade era apenas uma casca, uma ínfima parte dele, ele era mais profundo, tinha camadas, tangentes e apenas por aquelas simples palavras ele podia perceber isso, pois Harry se expôs, ele escolheu se conectar, ou o Louis que era bom em enxergar as pessoas.
— Uau! Isso foi intenso. — Dylan resolveu se pronunciar enquanto que Louis apenas sorriu e assentiu. Harry se levantou e voltou a falar.
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